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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Mário Hermes Stanziona Viggiano escreve sobre a agrofloresta e sua grande produção de alimentos, contrária à recente autorização do uso de venenos condenados em outras terras.

english
Mário Hermes Stanziona Viggiano writes about the agroforest and its great food production, contrary to the recent authorization of the use of condemned poisons in other lands.

español
Mário Hermes Stanziona Viggiano escribe sobre la agrofloresta y su gran producción de alimentos, contraria a la reciente autorización del uso de venenos condenados en otras tierras.

how to quote

VIGGIANO, Mario Hermes Stanziona. Sobre mordaças e antolhos. A necessidade de compatibilizar sistema agroflorestal e monocultura. Drops, São Paulo, ano 19, n. 141.03, Vitruvius, jun. 2019 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/19.141/7373>.


Esquema de agrofloresta
Elaboração Mário Hermes Stanziona Viggiano


A fúria neoliberal dos defensores dos agrotóxicos, que culminou com a recente irresponsabilidade na autorização do uso de venenos condenados em outras terras reflete uma atitude governamental que prejudica, inclusive, o próprio agronegócio.

Ao saturar o solo de venenos, o agricultor elimina a micro fauna responsável pelo auto enriquecimento nutricional, além, é claro, de envenenar todos os outros seres, inclusive nós.

Os agricultores inteligentes, e nessa classe incluo alguns do grande agronegócio – já que burrice não tem a ver com o tamanho da terra – sabem que a compatibilização do sistema agroflorestal com a monocultura é um excelente negócio.

Proteger as nascentes da fazenda e criar corredores verdes nos quais são plantadas árvores nativas, frutíferas, forrações comestíveis e flores, vai gerar um estoque de matéria orgânica que pode ser revertido para o enriquecimento do próprio solo da cultura, além de atrair os pequenos e médios animais que estercam sobre esse húmus, enriquecendo-o mais ainda.

Sem a necessidade dos químicos, a agrofloresta atrai e se encarrega de minimizar os danos dos insetos nocivos às culturas de alimentos, já que a sua biodiversidade oferece um cardápio muito mais atrativo para as pragas se alimentarem. A agrofloresta atrai também os insetos benéficos, como as polinizadoras abelhas.

Não podemos esquecer que o sistema agroflorestal proporciona ainda uma renda extra ao agricultor, mantida pela colheita de diversos alimentos cultivados, muitas vezes, com um manejo muito simples.

Esse debate extrapola o sectarismo radical entre a esquerda e a direta, entre o orgânico e o agronegócio, governo e oposição. Torna-se um assunto de sobrevivência de nossa espécie.

Acredito que podemos encontrar um caminho do centro que viabilize o convívio da diversidade. A floresta produtiva convivendo com a grande produção de alimentos.

Ah, os radicais. Quase me esqueço deles!

Não adianta colocar-lhes mordaças, pois isso seria antidemocrático. Precisamos sim, retirar os antolhos que já vieram modelados, de fábrica.

sobre o autor

Mário Hermes Stanziona Viggiano é arquiteto e urbanista pela Universidade de Brasília (1990) e pós-graduado em Projeto de Arquitetura Assistido por Computador – PAAC (UnB, 2000). Pesquisador na área de arquitetura sustentável com vários projetos e produtos desenvolvidos.

 

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