A atenção da semana esteve concentrada na viagem presidencial ao Japão para participar da cúpula do G20, reunião dos chefes de estado e ministros das finanças das dezenove economias mais ricas do mundo e da União Europeia.
Começou sob o impacto de duas notícias profundamente negativas: a inclusão de Bolsonaro na primeira colocação da lista de presidente “fracassados” do relator especial da ONU para direitos humanos e pobreza extrema e a descoberta de 39 quilos de cocaína no avião reserva da comitiva presidencial.
Mas terminou com a imprensa brasileira saudando a assinatura de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que vinha sendo negociado há vinte anos. As condições e impactos desse acordo na economia do Brasil e do bloco sul-americano ainda necessitam uma avaliação mais precisa.
Mas a reação oficial ao episódio dos 39 quilos de cocaína é esclarecedora do desgoverno que nos preside.
O presidente não pode ser responsabilizado diretamente por um crime cometido no âmbito de uma viagem presidencial. Mas teria a obrigação de exigir explicações e eventualmente demitir os responsáveis por sua segurança.
Tráfico de drogas é crime e não “azar” como caracterizou, com rara infelicidade, o general Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, responsável direto pela segurança do presidente. Basta pensar que em lugar de drogas poderia ser uma bomba.
Sua declaração só não foi pior do que o da nefasta figura que comanda a destruição da educação brasileira. Weintraub buscou utilizar o ódio a Dilma e Lula para minimizar o escândalo do avião da segurança do presidente carregar vários milhões de dólares em cocaína.
Até para quem odeia o PT esses argumentos são belos exemplos da expressão popular “enfiar o pé na jaca”. Na medida em que “avança” (para onde?) o governo, ficará cada vez mais difícil jogar todas as culpas num governo que já acabou há quase três anos.
sobre o autor
Carlos A. Ferreira Martins é professor titular do IAU USP São Carlos.