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drops ISSN 2175-6716

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Carlos A. Ferreira Martins, professor do IAU USP São Carlos, comenta a frase indelicada e infeliz do ministro da economia, acusando os funcionários de parasitismo.

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MARTINS, Carlos A. Ferreira. A culpa não é das chuvas. Parte 4. Drops, São Paulo, ano 20, n. 149.01, Vitruvius, fev. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/20.149/7633>.


Cena do filme Parasita (“Parasite”, Coreia do Sul, 2019), direção de Joon-ho Bong
Foto divulgação


Antes de retomar, como prometido, o tema das chuvas, um comentário de atualidade, breve mas inescapável.

Somente num país que perdeu o senso do ridículo passa impune o escárnio de um banqueiro chamando servidores públicos de parasitas.

Neste Brasil em que há quatro anos se patina na retomada do tal do crescimento, que ninguém vê mas a grande imprensa e seus “especialistas” insistem que está a caminho; em que as estatísticas de desemprego são falsas porque qualquer um que se vira no bico é considerado empregado e em que tudo aumenta mas a inflação é a mais baixa da história recente, os bancos vêm colecionando os maiores lucros de sua história.  E os banqueiros certamente não estão enfrentando perrengues.

Para retomar a duvidosa metáfora do banqueiro-ministro-posto Ipiranga, o hospedeiro (o país) está caminhando para a inanição, mas as sanguessugas bancárias (ele inclusive) estão bem gordinhas.

Volto às chuvas e seu papel no destino de São Carlos.

Como se tem divulgado exaustivamente as cheias no vale do Gregório são anteriores à própria urbanização são-carlense. Lembrando que cheia não é enchente, se elas já estavam lá, errou quem ocupou, por incúria ou ganância, as suas margens.

Esse erro original foi agravado pela construção das marginais dos córregos (Gregório e Monjolinho) no esquema “fundos de vale”. Essa forma de enfrentar o crescimento do número de carros não foi exclusividade são-carlense. A maioria das cidades brasileiras usou e abusou disso que parecia uma boa ideia, sobretudo a partir da década de 1970.

Parecia uma boa ideia porque a ocupação do terreno das cidades se dava historicamente nas áreas mais altas, mais ensolaradas e com menos mosquitos e, quando as cidades precisavam construir novas avenidas sobravam os terrenos próximos aos rios, mais baratos e que evitavam o alto custo das desapropriações. O preço veio depois e está sendo pago até agora.

A avenida ficou lá, grudadinha no córrego, sem nenhum espaço para as famosas “matas ciliares”. Explico o que é isso e para que serve no próximo encontro. Torcendo para a chuva dar uma trégua.

sobre o autor

Carlos A. Ferreira Martins é professor do IAU USP São Carlos, acredita que todo mundo é capaz de entender as coisas, desde que explicadas de maneira honesta. 

 

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149.01 política
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