O crítico diz: “ah, esses desfiles são pura alienação, só pra esquecer os problemas do país e...”
Enquanto isso, nos desfiles:
“Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém
Você respeita meu axé”
(Grande Rio)
“Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem messias de arma na mão”
(Mangueira)
“A gente tem que acordar
Da 'lama' nasce o amor
Quebrar as agulhas
Que vestem a dor.
Brasil
Enfrente o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar”
(Mocidade Independente)
“Nossa aldeia é sem partido ou facção
Não tem bispo, nem se curva a capitão”.
(Portela)
“Aqui o negro não sai de cartaz
Se entregar, jamais!”
(Salgueiro)
“Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu!
E o país inteiro assim sambou
Caiu na fake news!”
(São Clemente)
“O chumbo trocado, o lenço na mão
Nessa terra de Deus dará...
Eu sei o seu discurso oportunista
É a ganância, hipocrisia”
(União da Ilha)
“A minha felicidade mora nesse lugar
Eu sou favela
O samba no compasso é mutirão de amor
Dignidade não é luxo, nem favor”
(Unidos da Tijuca)
“A coragem vem da alma de quem ergueu o parlamento
Do castigo na senzala à miséria da favela
O povo não se cala, oh
Tereza de Benguela...”
(Barroca Zona Sul)
“É preciso lutar, exaltando Penhas e Marias
Que clamam por direitos, igualdade
Essa é a tua vontade”
(Mancha Verde)
“Brasil, não vim pra ser escravo nem servil
Sou filho dessa pátria mãe gentil
Que traz a esperança no olhar
Oh, meu país… que tanto sustentei em meus braços
Espelha tua grandeza num abraço
Revela o meu dom de encantar
Não é esmola teu reconhecimento”
(Tom Maior)
sobre o autor
Edison Ribeiro é arquiteto (Universidade Guarulhos, 1992), mestre e doutor em arquitetura (FAU Mackenzie, 2013 e 2018), professor da FAU Mackenzie, da Uninove e da Universidade Bandeirantes (Anhanguera). Atua como professor convidado do curso de pós-graduação na Universidade Estácio e na Universidade Municipal de São Caetano do Sul.