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drops ISSN 2175-6716

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Carlos Martins, professor do IAU São Carlos USP, comenta a promulgação da Medida Provisória pelo presidente da República, uma anistia prévia que mais parece uma confissão.

how to quote

MARTINS, Carlos A. Ferreira. Fogos de artifício e confissão de culpa. Drops, São Paulo, ano 20, n. 152.05, Vitruvius, maio 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/20.152/7749>.


O presidente Jair Bolsonaro observa, da rampa do Palácio do Planalto, manifestação de apoiadores do governo fascista
Foto Marcelo Casal Jr [Agência Brasil]


A marca de dez mil mortos seria comemorada com um churrasco mas acabou sendo motivo apenas para um passeio de jet-ski. Coisa simples, tipo uma tarde no Broa (1).

Já para os quinze mil a comemoração teve mais impacto. O segundo ministro da saúde foi demitido em menos de um mês. Também ficamos sabendo que quando o presidente fala em PF ele não está falando da Polícia Federal. Afinal, todo mundo nesse brasilzão sabe que PF é Prato Feito. Gente implicante.

Quem gosta de filme policial já viu vários em que o bandido espera os fogos de artifício para que ninguém ouça o tiro. E quando são vários tiros ao mesmo tempo são precisos muitos fogos de artifício.

Podem faltar máscaras, testes, leitos, UTIs, respiradores, cemitérios, coveiros, caixões, vergonha na cara. Só não podem faltar os fogos de artifícios. Senão alguém vai acabar escutando os tiros.

Alguém vai perceber que o mundo inteiro financiou a pesquisa e produção de uma vacina coordenada pela Organização Mundial da Saúde. Quando ela estiver pronta, será distribuída gratuitamente a todos a financiaram. Brasil e Estados Unidos decidiram ficar de fora. Trump porque já comprou uma fábrica francesa para produzir vacinas exclusivamente para os norte-americanos. E o “Brazil”?

Sem fogos de artifício alguém prestaria atenção ao fato de que o genocida à frente da presidência publicou uma medida provisória definindo que ninguém poderá ser criminalmente julgado por eventuais irregularidades ou crimes cometidos “no contexto da pandemia”.

Não deu pra entender? É simples: se houve corrupção na compra de equipamentos, não será crime. Se o auxílio a um Estado ou município foi desviado, não será crime. Se houve conivência ou responsabilidade em fatos que levaram pessoas à morte, não será crime.

Isso já é um pouquinho mais sério que uma tarde no Broa, né? Quando o chefe do executivo define que o que ele está fazendo não poderá ser considerado crime, ele está fazendo uma confissão pública.

Sem fogos de artifício o pessoal ia acabar até ouvindo o Guedes bradar na tal reunião do ministério que é preciso vender logo a ”porra” do Banco do Brasil.

Claro que, no contexto da pandemia, independente da comissão, isso também não será crime.

notas

NE – Publicado originalmente em Jornal Primeira Página, São Carlos, 17 mai. 2020.

1
Para os não habitués da paroquia: Broa é uma represa nos arredores da cidade de São Carlos, onde rola de churrasquinho a jetsky.

sobre o autor

Carlos A. Ferreira Martins é Professor Titular do IAU USP São Carlos.

 

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