Beatriz de Abreu e Lima: Nas suas investigações os temas de Arquitetura prevalecem sobre os temas de Arte pura. Como o senhor avalia as possíveis associações entre Arte e Arquitetura?
Andrew Benjamin: Eu acho que a questão importante para se pensar filosoficamente sobre Arquitetura é se concentrar na particularidade do objeto e no fato de que a Arte é importante na medida em que possibilita entender como pensamos o que é especificamente arquitetônico. Por exemplo, por que alguém se preocuparia com a superfície de uma pintura e desenvolveria um entendimento teórico-histórico sobre como ela funciona? A superfície de uma pintura é necessariamente diferente da função de uma superfície na Arquitetura. Por isso, se alguém se interessa pela questão da superfície na Arquitetura, seria importante verificar que uso ou valor poderia ser feito das reflexões sobre Arte para que se possa responder à questão arquitetônica. Grande parte do meu trabalho tem tentado resistir ao rápido movimento entre Arte e Arquitetura, e, em fazendo isso, tentar pensar na especificidade de cada um.
BAL: Qual a sua opinião sobre o atual processo de associação entre Arquitetura e Filosofia em oposição ao par tradicional, Arte e Arquitetura?
AB: Eu acho que a Filosofia e a Teoria da Arquitetura são fundamentais para se pensar a particularidade da Arquitetura. Como eu disse, a Filosofia acrescenta à Arquitetura, fornece os meios teóricos para se pensar aquilo que é específico da Arquitetura. Mas, se você faz o inverso, pode encontrar na Teoria da Arquitetura, por exemplo, em Vitruvio, Alberti, etc, passagens que são explicitamente filosóficas, como se fossem elementos da estética filosófica. Então, acho que sempre houve uma relação próxima entre elas, mas agora acredito que essa associação está se movendo na direção não de uma preocupação com as Artes Visuais, mas com uma particularidade dentro das Artes Visuais.