Antônio Agenor de Melo Barbosa: Primeiramente, gostaria que o senhor falasse a respeito da sua formação e da sua trajetória política.
Alfredo Sirkis: Sou escritor, autor de 8 livros, jornalista, ambientalista. Faço política desde o movimento estudantil de 1967, participei da resistência à ditadura, fui exilado nove anos. Fui fundador do PV (Partido Verde), vereador por três mandatos pelo PV, vice-presidente da Fundação Onda Azul (www.ondazul.org.br), secretário municipal de meio ambiente e hoje estou secretário municipal de urbanismo da cidade do Rio de Janeiro.
AAMB: O senhor é conhecido nacionalmente, sobretudo pelo seu engajamento nas questões relativas à proteção do meio ambiente. Como foi despertada esta sua consciência social e política em relação aos problemas ambientais brasileiros, já que até hoje o Brasil ainda não está na vanguarda destas ações e iniciativas.
AS: A social, no movimento estudantil do final dos anos 60. A ambientalista, no exílio, na Europa, no final dos anos 70.
AAMB: O senhor é autor do livro Os carbonários, que é um dos livros mais célebres que foram escritos sobre os anos da Ditadura Militar no Brasil. Da mesma forma que o livro O que é isso companheiro de Fernando Gabeira, ambos têm o fato em comum de terem sido escritos por dois ex-exilados políticos. Fale um pouco sobre o livro e também a respeito dos seus anos de exílio na Europa e de que forma a sua visão e compreensão do Brasil foram modificadas em razão destes acontecimentos.
AS: Os carbonários conta uma história de aventuras verídicas que pretende ser, no gênero, a mais completa. O exílio me permitiu conhecer parte do mundo e politicamente evoluir de uma posição de esquerda extremista, sectária e de corte totalitário para uma esquerda democrática e ecológica. Foi um aprendizado existencial, político e profissional.
AAMB: Comente como consegue exercer múltiplas atividades e ainda dedicar-se ao exercício da vida pública.
AS: Nos períodos em que exerço funções governamentais me afasto das outras. Não dá tempo para mais nada, mesmo escrever fica difícil, só artigos.