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interview ISSN 2175-6708

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português
"Por debaixo do pano, os paulistas estavam disputando o museu, mas não assumidamente. Depois, quando ficou claro que era o Rio que ia ficar com o museu, aí, pau!" Este e outros comentários contundente poderão ser lidos na entrevista exclusiva de Sirkis

english
"Underneath the cloth, Sao Paulo was disputing the museum, but not openly. Then, when it became clear that Rio de Janeiro was going to keep the museum, then, bang!" This and other comments can be read in an exclusive interview with Sirkis

español
"Por debajo de la mesa, los paulistas estaban disputando el museo, pero sin asumirlo. Después, cuando quedó claro que Río iba a quedar con el museo, ahí, ¡pa!" Este y otros comentarios contundentes podrán ser leídos en la entrevista exclusiva de Sirkis

how to quote

BARBOSA, Antônio Agenor. Alfredo Sirkis. Entrevista, São Paulo, ano 04, n. 013.02, Vitruvius, jan. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/04.013/3338>.


Museu Guggenheim no Rio de Janeiro, arquiteto Jean Nouvel

Antônio Agenor de Melo Barbosa: Qual a sua opinião pessoal sobre a construção do Museu Guggenheim na Praça Mauá? Por que este assunto não está submetido à sua pasta no Urbanismo e sim, à Secretaria das Culturas do Município? Por que, ao contrário do que foi noticiado no início da administração, o Projeto do Museu não foi delegado ao Frank Gehry e sim ao Jean Nouvel?

Alfredo Sirkis: A questão do Museu Guggenheim está afeita diretamente ao Prefeito. Sendo um museu é normal que haja uma participação ativa da Cultura. Tenho tido um contato positivo com Jean Nouvel para a compatibilização do sítio do museu com seu entorno. Ele tem boas idéias para a base do elevado, para o cais. Penso que um projeto de Gehry seria calcado no de Bilbao (Nova York foi assim, e o que chegou a esboçar para Salvador, idem) e ninguém é genial duas vezes seguidas. O daqui tem que ser totalmente diferente. Nouvel é um grande arquiteto. Meu favorito é Santiago Calatrava, mas não estava disponível. Se eu fizesse uma lista de cinco grandes, ambos estariam junto com Richard Meier, Norman Foster e Frank Gehry.

AAMB: Várias personalidades importantes do meio cultural carioca – políticos, artistas, arquitetos, professores, produtores culturais e empresários – e órgãos de classe, como o IAB e o CREA, já se manifestaram contrários à construção do Museu Guggenheim no Rio de Janeiro. Os argumentos são os mais diversos indo desde a desconfiança com relação à forma pouco transparente com que a Prefeitura está negociando os contratos, até críticas mais diretas ao projeto arquitetônico de Jean Nouvel. Qual a sua avaliação sobre estas manifestações?

AS: Não conheço nenhum grande empreendimento desse tipo, em nenhuma cidade do mundo que não tenha gerado esse tipo de polêmica. Quando a Torre Eiffel foi construída disseram que Paris estava sendo destruída. Um cronista chamou-a de supositório gigante. O Guggenheim de Bilbao provocou exatamente a mesma discussão. Pouca gente conhece o projeto do Jean Nouvel neste momento. Devemos ser uns cinco ou seis. Conhecem fotos de jornal. Não é suficiente para julgar um projeto. Tem muito “não vi e não gostei”.

Quanto ao corporativismo xenófobo (porque um arquiteto estrangeiro e não um daqui?) acho sinceramente desprezível. Imagine se tivessem feito a mesma coisa com o Oscar Niemeyer nos países onde projetou? A última construção no Rio com alguma participação de um arquiteto estrangeiro foi o Palácio Gustavo Capanema, o MEC, que o Le Corbusier palpitou. Toda metrópole internacional digna do nome tem projetos de arquitetos internacionais.

AAMB: Pelo que a imprensa vem noticiando, a “Grife Guggenheim” está em crise, para não dizer em decadência financeira. O Guggenheim de Nova York, projetado por Frank Gehry, não será mais construído, o Museu de Las Vegas fechou as portas menos de dois anos após a inauguração... Ainda assim o Prefeito César Maia acredita que o do Rio de Janeiro será sucesso mundial de crítica e de público. O que o senhor pensa sobre isto?

AS: O Museu Guggenheim de Nova York foi inviabilizado pelo atentado de 11 de setembro. O local previsto ficava a menos de um quilômetro das torres gêmeas do World Trade Center. Está numa área a ser toda repensada urbanisticamente, ia custar um bilhão de dólares e com a crise, dançou. O de Las Vegas sempre me pareceu uma babaquice. Quem vai a Las Vegas não se interessa por museu, quer roleta e caça níqueis.

O de Bilbao foi projetado considerando um afluxo de 300 mil turistas por ano, mas o resultado foi de 1.5 milhão, pagando-se em pouco tempo. Transformou uma cidade industrial decadente e com péssima imagem por causa do terrorismo do “ETA”, num ponto de passagem para quem vai à Europa ou para turistas que descem do norte para a Costa do Sol. Não garanto que vai ser o mesmo sucesso aqui, mas vejo sobretudo os paulistas muito críticos.

Por debaixo do pano, os paulistas estavam disputando o museu, mas não assumidamente. Depois, quando ficou claro que era o Rio que ia ficar com o museu, aí, pau! A revista Bravo! dedicou uma edição inteira a esculhambá-lo. O ex-governador Jaime Lerner fez de tudo para levar o Gugg para Curitiba, mas como não deu pra ele, pegou um prédio velho e pediu para o Oscar Niemeyer fazer uma escultura de um olho, um troço criativo, tá certo, mas resolveu dizer que era o Museu “anti-Guggenheim”. Vejo ai uma paulistada do “mercado cultural” com medo de uma atração a quarenta e cinco minutos de Congonhas. Quarenta minutos de ponte aérea e cinco de táxi...

Mas aqui no Rio temos essa fraqueza de não lutar pelos nossos interesses. Falam de cinema paulista, alguém alguma vez falou “cinema carioca”? Não. Falávamos de cinema brasileiro. Os jornais de lá se chamam Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Os daqui se chamam O Globo e Jornal do Brasil... Os paulistas não suportam a idéia de perder uma suposta hegemonia cultural e de entretenimento para o nosso “balneário decadente”. Que a atual direção do IAB-RJ entre nessa, organize um debate onde todos eram contra, isso depois de eu ter feito dois grandes concursos – Circo Voador e o Centro de Convenções – com eles, se faz rir. Dá vontade de mandá-los para Pindamonhangaba.

AAMB: Fora o assunto do Guggenheim, em que pé está a tão propagada revitalização da área portuária da cidade do Rio de Janeiro?

AS: As obras começam até o fim do primeiro semestre, intervenções em áreas públicas que qualificam diversos trechos da área portuária. Rua Sacadura Cabral, Rua do Livramento, os Morros da Conceição, Gamboa e Saúde. A Vila Olímpica junto ao Morro da Providência, Cidade do Carnaval, ciclovia MAM-Mauá, etc...Quem viver, verá.

AAMB: E o “Rio-Cidade”? Quais os bairros que estão sendo (ou serão) beneficiados pelo programa?

AS: Penso que já mencionei vários. Sugiro uma olhada em Bangu, onde um acaba de ficar pronto.

AAMB: Quais as críticas ou mudanças de rumo que foram operadas na gestão do programa “Favela-Bairro” nos últimos dois anos?

AS: O projeto “Favela-Bairro” não pode ser apenas obras. Tem que ter um componente de geração de renda, autolimitação do crescimento, criação de uma legislação específica para favela, eco-limites para o crescimento. Não pode ser só “hardware”, tem que ter “software”. Dito isso, é uma referência internacional.

AAMB: Os problemas gerados pela histórica ocupação desordenada e informal na cidade do Rio de Janeiro são, talvez, os mais graves que um administrador municipal pode enfrentar. Qual a sua avaliação sobre esta questão e de que forma o Poder Local pode agir para impedir este aumento da cidade informal como também garantir a continuidade de políticas públicas que tratem desta matéria?

AS: O fato de termos 40% das edificações na informalidade e um milhão de pessoas morando em favelas é um problema imenso. A regularização da cidade informal é algo importantíssimo e, ao mesmo tempo, delicadíssimo. Em princípio sou favorável a legalizar o construído no passado – aqui no Rio, 40% das edificações, pelo menos, são informais – salvo as que estão em área de risco, proteção ambiental, obstruindo logradouro público ou em condição de insalubridade que devem ser demolidas e seus moradores reassentados em local próximo ou compensados de alguma forma.

O risco dessas reportagens de TV e jornal, superficiais, é sinalizar uma mensagem de impunidade e estímulo da construção irregular, pois hoje há uma indústria da construção pirata, não só em favelas e loteamentos como em áreas formais também. Então tem que haver simultaneamente um incremento eficaz da repressão.

A absorção da cidade informal depende de uma série de ações complementares entre si e coordenadas numa sintonia fina dentro de um emaranhado burocrático kafkiano num país cartorialista e com uma burocracia pombalina. Envolvem temas como a regularização urbanística, regularização fundiária, projetos de geração de renda que facilitem a autolimitação do crescimento, criação e aplicação de regulamentações ambientais e urbanísticas especiais para áreas de favela, capacidade de reprimir aquela informalidade nascedoura, uma legislação urbanística mais realista.

AAMB: Quais foram os melhores prefeitos do Rio de Janeiro?

AS: Pedro Ernesto, Marcello Alencar e César Maia.

 

[fonte: Censo do IBGE in Cadernos de Urbanismo, ano3,p.4. Secretaria Municipal de Urbanismo RJ.]

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