José Mateus: Falando um pouco do modo como a casa se vê do exterior: qual era a sua intenção com este ripado virado para sudoeste.
João Mendes Ribeiro: O que existia era um plano de madeira onde aparentemente não havia portas nem janelas (estavam dissimuladas na fachada). Foi essa imagem um pouco abstrata que me agradou e que quis reter no projeto: um plano onde não se tem uma idéia exata da dimensão dos vãos. Por outro lado era necessário filtrar a luz nesta face fortemente exposta ao sol. A casa deveria funcionar como uma espécie de casa-de-fresco – espaço interior com uma forte comunicação com o exterior –, com um ripado fixo semelhante ao dos espigueiros através do qual passam linhas de luz. As janelas atrás do ripado abrem-se permitindo ventilar a sala que assim funciona como um espaço exterior.
JM: Como foram pensados os espaços exteriores em volta da casa?
JMR: Foi um trabalho conjunto com a arquiteta paisagista Teresa Alfaiate. O limite da propriedade será reconstruído sob a forma de muros de xisto, criando uma plataforma de assentamento da casa que hoje se encontra demasiado exposta. No lado Sul serão plantadas árvores de grande porte para criar sombra. Nesse lado existia um antigo pátio em lajedo de pedra que queremos recuperar como prolongamento exterior da sala de jantar. Esse pátio era protegido da rua por uma plantação de milho que queremos repor, para funcionar como peça de fechamento daquele espaço.