Adalberto da Silva Retto Júnior: O urbanismo “de projeto” existiu entre as duas guerras até à reconstrução. A nova questão não era mais expandir as cidades, mas de dirigir seu crescimento, de requalificar as áreas abandonadas, os grandes ensembles, espaços peri-urbanos e também os centros antigos. A demanda do “projeto urbano” resulta em uma falência do Urbanismo?
Jean-Louis Cohen: Não há dúvida que a França conseguiu depois de 1945 realizar muitas operações de reconstrução e de extensão urbana. Essas operações eram relativamente simples e foram conduzidas pelo desenvolvimento de grandes investimentos públicos sob o controle dos engenheiros da Ponts & Chaussées. O problema não é, somente o do fracasso do urbanismo como disciplina mas de todo o dispositivo público de “aménagement” que havia sido constituído para responder aos problemas de maneira quase puramente quantitativa como se tratasse do prolongamento direto do desenvolvimento dos tempos de guerra visando construir as obras de fortificações do Atlântico.
A demanda de projeto urbano resulta, portanto, da constatação da inadequação dos processos jurídicos, dos métodos de composição, das técnicas de direção de projetos, das formas de consulta das populações e, sobretudo, da evidência que uma espécie de revolução cultural era necessária para compreender esta cidade que não era mais a das grandes periferias abertas, mas a das interações complexas entre usos e percepções. Uma cidade também, na qual um urbanismo privilegiando a intervenção pública devia encontrar novas formas de negociação entre a coletividade e os investidores. Uma cidade enfim, e também um pensamento urbanístico, capazes de permanecer mais tempo do que o das campanhas rápidas de “aménagement” do pós-guerra.