Entrevista com José Tabacow
Abilio Guerra
Quando, ainda nos anos 60, os jovens estudantes de arquitetura José Tabacow e Haruyoshi Ono pediram estágio para o paisagista Roberto Burle Marx certamente não tinham idéia que este seria um fato determinante na vida dos dois. Além de ocuparem lugar de destaque como colaboradores e, posteriormente, como co-autores de projetos do mais famoso paisagista brasileiro de todos os tempos, tornaram-se eles próprios também protagonistas dessa área específica de atuação do arquiteto e testemunhas oculares de um dos momentos mais preciosos da arquitetura brasileira. Viram de perto arquitetos de primeira linha e a gênese de projetos que tornaram-se, depois de desenvolvidos e construídos, obras de referência de nossa arquitetura.
Se Haruyoshi Ono continuou ao lado do mestre até seu falecimento e tornou-se o herdeiro do seu legado, José Tabacow partiu para uma carreira solo, após 17 anos de muitos projetos e aprendizado prático. Depois de montar escritório próprio, foi inesperadamente convidado, em 1986, para dirigir o Museu de Biologia Professor Mello Leitão, logo após o falecimento de seu fundador, o famoso naturalista Augusto Ruschi.
Ficou 9 anos em Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo, dirigindo o museu, pertencente à rede de museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Após sair da direção do museu e de fazer uma especialização em ecologia e recursos naturais, mudou-se para Florianópolis, aonde se encontra há quase uma década. Nesse novo ciclo de sua vida profissional, passou a dedicar-se à docência e à consultoria ambiental, além de manter-se atuante como arquiteto paisagista.
Autor de livros para crianças e adultos, sempre dentro de suas áreas de especialidade, José Tabacow é hoje um dos mais sólidos pensadores brasileiros sobre a relação entre os ecossistemas e sua ocupação pelos estabelecimentos humanos, o que fica patente em suas reflexões na entrevista a seguir.