Até o final do séc. XIX, o arquiteto se via, de certo modo, obrigado a considerar as condições climáticas para o projeto das edificações. Era preciso reconhecer com certa precisão os efeitos positivos e negativos do clima a fim de desenvolver estratégias projetuais para uma harmoniosa relação com o edifício.
A rápida evolução tecnológica pós-industrial mudou drasticamente essa relação e o arquiteto foi liberado para buscar outros paradigmas que não os resultantes da consideração dos elementos naturais.
O arquiteto espanhol Luís de Garrido há mais de 20 anos vem se dedicando ao estudo de uma arquitetura holística, voltada aos conceitos e pesquisa de estratégias bioclimáticas.
Tem como suas principais referências arquitetos como o japonês Eisaku Oshida, o holandês Henk Doll, os finlandeses Heikkinen e Komonen, o suíço Peter Zumthor, o argentino Emilio Ambasz e os escritórios Future Systems e MVRDV.
Sempre polêmico nas suas apresentações, de Garrido é criador de alguns conceitos que o acompanham nos seus diversos trabalhos e são responsáveis por fomentar o papel do arquiteto na busca pela sustentabilidade dos projetos.
Uma das características mais representativas do arquiteto Luis de Garrido é a conceitualização do que ele mesmo denominou “Naturezas Artificiais”, um sistema projetual capaz de utilizar um conjunto de elementos arquitetônicos industrializados, capaz de criar edifícios que tenham um ciclo de vida infinito. (1)
Nesta entrevista, de Garrido cita, em algumas ocasiões, o fato de estarmos vivendo em uma “tirania visual”, apontando para a necessidade do arquiteto de se esforçar para conceber uma solução holística, em todos os âmbitos da arquitetura, não se esquecendo em nenhum momento que o aspecto visual e escultórico da sua obra é tão somente uma componente mínima do que é compreendido na esfera do projeto. Ele entende que os arquitetos recuperarão o papel que acreditam ter na sociedade somente depois de compreender isso, deixando de lado seu caráter egocêntrico e midiático para se converter em indivíduos respeitados.
Para o arquiteto de Garrido, o futuro dos arquitetos está no Brasil e adiantou que já está com as suas malas prontas para em breve atuar em território brasileiro.
nota
1
O conceito “Naturezas Artificiais” pode ser melhor compreendido a partir da leitura do artigo na revista Drops, publicado em abril 2011.