[os entrevistados responderam conjuntamente as seguintes questões]
Francesco Perrotta-Bosch: Para além do meio acadêmico no qual se formaram e desse espaço compartilhado por diferentes escritórios de arquitetura, como vocês observam o meio arquitetônico de Porto Alegre e a qualidade dos edifícios e de cidade que estão sendo construídos?
Todos: Porto Alegre, assim como a maioria das metrópoles brasileiras, vem sofrendo um período de crescimento desordenado, gerado principalmente pela especulação imobiliária. A qualidade dos projetos e da construção, em sua maioria, é muito baixa, acarretando em uma desvalorização da arquitetura como disciplina e gerando na cidade uma produção desvinculada do contexto urbano.
Apesar disso, e mesmo tendo uma produção arquitetônica muito menor do que a de centros urbanos como São Paulo, Porto Alegre tem mostrado, nos últimos anos, uma geração de jovens arquitetos preocupados com o desafio de intervir na cidade existente e com a relação e uso dos espaços públicos, buscando também soluções construtivas alternativas e inovadoras, a fim de reaver a qualidade construtiva e eficiência das edificações que foram deixadas de lado pelo mercado imobiliário.
FPB: Analisando mais amplamente a realidade da profissão no Brasil, como vocês enxergam as perspectivas para um escritório de arquitetura novo e fundado por arquitetos recém-formados?
Todos: A falta de empregos formais em arquitetura no mercado e o relativo crescimento econômico possibilitam que surja um maior número de escritórios novos, formados por profissionais jovens. A realidade profissional, porém, é bastante difícil para quem está começando. A falta de reconhecimento da profissão e a dificuldade de executar os projetos tornam a tarefa de manter um novo escritório ainda mais complicada. Mas, acreditamos que há espaço e oportunidades, principalmente através do trabalho colaborativo entre escritórios e uma visão multidisciplinar da profissão.