Haruyoshi Ono é hoje um dos mais importantes arquitetos paisagistas em atuação no Brasil. Não obstante esta constatação, trata-se de um paisagista que, dentre outras tantas características marcantes da sua personalidade, foi o mais importante e constante discípulo de Roberto Burle Marx, com quem trabalhou de 1965 até 1994, ano em que faleceu o grande mestre. Durante três décadas Haru, como é carinhosamente chamado pelos mais próximos, foi o principal e mais próximo interlocutor e colaborador de Roberto Burle Marx em diversos projetos paisagísticos no Brasil e no exterior. Após a morte de Burle Marx (em 1994), Haru não só passou a comandar o escritório, com diversas decisões de natureza empresarial a serem tomadas, como também teve que lidar, cotidianamente, com o legado deste renomado artista que foi Burle Marx.
Durante cerca de três horas de boa conversa, realizada no seu escritório no Bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro, Haru foi, aos poucos, revelando aspectos preciosos da sua formação e também da sua personalidade bastante peculiar que, nitidamente, revela ao interlocutor muitas características da cultura japonesa, da qual fazia parte seus antepassados.
De forma muito tranquila e sem nenhuma afetação, vaidade ou pedantismo Haruyoshi Ono fala de seu trabalho que considera, de alguma forma, inserido num processo de continuidade do que já vinha fazendo nos muitos anos em que colaborou com Burle Marx.
Para o leitor interessado nas metodologias e nos processos de elaboração dos projetos de paisagismo, a entrevista abaixo é reveladora pois, ao mesmo tempo em que fala de “conceitos”, “programas” e “técnicas”, o nosso entrevistado também menciona aspectos ditos “qualitativos” do espaço que será objeto de suas intervenções. Em um dos muitos pontos altos desta sua entrevista, chamamos atenção para quando ele assim nos fala da sua relação com a vegetação:
“São elementos vivos que são indispensáveis à minha pessoa, ao meu trabalho. Então, são coisas indispensáveis para mim, que tanto esses elementos (os vegetais) me usam, como eu os uso também. Os elementos me usam e me fazem trabalhar para eles, criando as plantas, tratando bem delas, aguando, podando, essas coisas. Isso elas estão me usando e aí a gente as usa também. O retorno disso aí, dessa relação, é a beleza que elas te dão, visualmente, tocando no nosso sentimento”.
Ao leitor agora caberá a tarefa de apreciar esta entrevista com o arquiteto paisagista Haruyoshi Ono.