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interview ISSN 2175-6708

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O enviado especial do portal Vitruvius na Bienal de Veneza, Adalberto da Silva Retto Júnior, entrevista o curador da exposição brasileira André Corrêa do Lago.

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RETTO JR., Adalberto. Entrevista com André Corrêa do Lago. Curador do Pavilhão Brasileiro comenta a XIV Bienal de Arquitetura de Veneza. Entrevista, São Paulo, ano 15, n. 058.02, Vitruvius, jun. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/15.058/5210>.


Palácio do Itamaraty, Brasília, 1962/67. Arquiteto Oscar Niemeyer
Foto Arquivo Gabriel Gondim

Adalberto da Silva Retto Júnior: A segunda seção do percurso assume claramente um viés evolutivo: “Colonial e Monarquia”; “Construções Vernaculares”, onde aparecem casarões coloniais e favelas; “Ecletismo Brasileiro – 1914”; “Depois de 1914”; “Em Busca de um Estilo Brasileiro: Antropofagia com valor”; “Nasce o Modernismo – 1928”, ilustrado pela Casa Modernista de Gregori Warchavchik; “1943-1956 Autonomia e Maturidade” e “Rumo à Modernidade como Tradição: 1956 a 2014”. Emerge aqui, de forma isolada, o ano de 1914 proposto pela curadoria geral. Como o senhor explica e ilustra esse suposto “início” denominado por vocês como “Ecletismo Brasileiro”?

André Corrêa do Lago: 1914 não é o início do ecletismo no Brasil. Como digo no texto da exposição, o ecletismo é de certa forma o 'estilo' da República, numa ruptura com o neo-clássico da Monarquia. No painel 1914 procuro mostrar o que se fazia no Brasil naquele momento. Dessa maneira, procuro mostrar o contexto arquitetônico no qual surge o modernismo no país.

Conjunto residencial de Pedregulho, 1947. Arquiteto Affonso Eduardo Reidy
Foto Marcel Gautherot / IMS

ASRJ:O final do percurso arquitetônico proposto pela curadoria intitula-se: “Rumo à Modernidade como Tradição: 1956 a 2014”, que seleciona projetos de São Paulo e do Rio de Janeiro, em sua maioria, objetivando ilustrar essa “continuidade”. Por que o ano de 1956 – ano do concurso de Brasília – foi o marco temporal escolhido pela curadoria para desenvolver a hipótese de uma “Modernidade como Tradição”?

ACL: Como comentei anteriormente, os dois marcos temporais – 1943 e 1956 – correspondem, respectivamente, à publicação do "Brazil Builds" e do "Arquitetura Moderna no Brasil" do Henrique Mindlin, os dois livros que mais divulgaram a arquitetura brasileira no mundo.

Museu de Arte de São Paulo – Masp, São Paulo, 1957. Arquiteta Lina Bo Bardi
Foto Hans Gunter Flieg / IMS

ASRJ: A relação dos Projetos que ilustram essa seção foi construída em cima daquilo que a historiografia clássica da arquitetura denomina de Escola Carioca e Escola Paulista?

ACL: Sim, de certa forma, mas acho que a arquitetura carioca e a arquitetura paulista se complementam. Nos textos procuro mostrar o quanto a paulista, mais introspectiva e brutalista, se desenvolveu muito no período militar, quando não havia ambiente para uma arquitetura mais alegre e extrovertida como a da escola carioca. Os arquitetos paulistas foram coerentes com os anos difíceis, e responderam melhor ao estado de espírito do momento. Os cariocas tiveram se auge em momento diferente.

ASRJ: No âmbito nacional, constata-se essa “continuidade”?

ACL: Acredito que sim. A arquitetura de qualidade no Brasil tem uma trajetória que é pouco marcada por 'regionalismos'. Como disse anteriormente, e procuro acentuar nos textos, a questão política é fundamental. Nossa arquitetura acompanha a evolução da nossa política.

Edifício Jaraguá, São Paulo, 1984. Arquiteto Paulo Mendes da Rocha
Foto Nelson Kon

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