Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Sergio Rodrigues, um dos maiores designers brasileiros, concedeu em 2003 entrevista a Marcelo Bezerra onde comenta sua atuação profissional, processo de projeto, a descoberta do design, inspiração, local e contexto.

english
Interview of 2003 with the architect and designer Sergio Rodrigues for a master's research on his projects and projects components and ways to design. It also includes his opinions on design and architecture and the beginning of his career on the field.

español
Entrevista realizada en 2003 con el arquitecto y diseñador Sergio Rodrigues para la investigación de la Maestría sobre su forma de proyectar, los componentes del proyecto, su inicio en la profesión y sus opiniones sobre el Diseño y la Arquitectura.

how to quote

BEZERRA, Marcelo. Entrevista com o designer Sergio Rodrigues. Entrevista, São Paulo, ano 16, n. 063.05, Vitruvius, set. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/16.063/5661>.


Estudos do Arquiteto para Interior [Acervo Instituto Sergio Rodrigues]

 

Marcelo Bezerra: Quais os motivos pelos quais você escolheu sua profissão?

Sergio Rodrigues: Eu chamaria isso vocação. Desde pequeno eu sou ligado a essa parte de madeira e trabalho em madeira. Eu tinha um tio avô que era alucinado por trabalhos em madeira, ele não era designer. Era uma pessoa que não precisava disso para viver, mas por hobby tinha uma pequena oficina com dois carpinteiros, dois mestres portugueses que trabalhavam maravilhosamente. Ele entregava rabiscos feitos em papel almaço [...] para os portugueses que interpretavam aquilo e produziam. Isso me impressionou muito, como que uma pessoa entrega um papel com um desenho e o oficial pega aquilo e desenvolve? Aquilo foi me chamando a atenção. Eu passei a fazer desenhos para os meus próprios brinquedos. Então quando eu fazia um avião, alguma coisa que parecia um avião. Depois eu percebi que desenhando eu chegava ao que os americanos chamam de “shape”, o que eu queira. Que o carrinho fosse assim, então eu comecei a fazer rusticamente e a seguir aquela coisa.

Quando eu entrei para a faculdade de arquitetura, eu não sabia o que era design, mas continuava gostando de mobiliário. Meu tio avô fazia coisas engraçadas, fazia cadeiras, a cadeira era ruim de se sentar, porém era muito bem acabada, então eu via a parte técnica de execução, e comecei a ter contato com todos esses instrumentos, não tinha nada elétrico, era tudo manual. Via o produto pronto. O produto às vezes era bom, às vezes era ruim, porque que era bom, porque que era ruim.

Quando eu cheguei ao terceiro ano da faculdade eu já estava muito interessado na parte de interiores. Porque eu via aqueles projetos todos que eram estudados, do mundo inteiro, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque produzia livros sobre arquitetura brasileira e eu vi que interiores não tinha nada a ver com aquilo, com aquela beleza, aqueles espaços, não estavam devidamente equipados no mesmo nível da arquitetura. Eu achava isso errado, completamente, e então meti a cara nesse sentido. Procurei encontrar bibliografia sobre isso e não encontrei nada. Tive uma chance de encontrar um camarada que estava chegando dos Estados Unidos e estava dando um curso chamado “Decoração do Lar” e eu fui lá ver o que era. Esse nome, para a gente, era uma coisa meio duvidosa. Encontrei um camarada que tinha dado diversos cursos em uma universidade americana e tinha um cabedal maravilhoso sobre interiores. Então eu o procurei e me interessei por aquele negócio. Ele me achou tão interessado que começou a me dar uma atenção assim um pouco maior e eu acabei como assistente dele. Mas, ao mesmo tempo, no terceiro ano da faculdade estava entrando um novo professor, que era o David Azambuja, e ele se interessou porque eu me interessava pelo assunto, talvez dois ou três se interessassem por aquela matéria – Composição Decorativa – e que anteriormente, antes dele entrar, o pessoal fazia faixas gregas, fazia coisas que não tinham nada a ver ou, talvez, fosse só composição decorativa, mas não era interior, não era coisa nenhuma. E o interior interessaria mais a arquitetura.

Mais tarde eu perguntei ao Lucio (Lucio Costa): “Professor, eu acho que a arquitetura sem o complemento interno, sem o acabamento interno, sem a ambientação interna, sem o mobiliário adequado, a arquitetura não é arquitetura”. Ele achou “é isso mesmo”, uma casa vazia é um arcabouço, não é arquitetura, eu digo arquitetura completa, porque é mostrar aquilo funcionando, funcionando seria com mesas, cadeiras. Quando eu falo isso em faculdades o pessoal pergunta: “E uma estação de estrada de ferro, como é que tem?”, aí eu digo que não se não tiver os bancos para o pessoal sentar, os guichês, o equipamento interno, não funciona. Tem que ter o equipamento para funcionar.

Aí, voltando, quando chegou no terceiro ano, o Azambuja me chamou para ser o monitor na época. E eu tinha certeza que se eu não sabia tanto quanto ele, estava muito próximo do que ele estava ensinando. Porque eu estava pesquisando, estava bem por dentro daquela história. Ele estava com um negócio mais completo porque tinha slides, aos milhares, e eu conversava e dizia as experiências que eu estava tendo com o professor vindo dos Estados Unidos com ideias novíssimas e uma bibliografia muito importante, dizendo o porquê disso e daquilo.

MB: Qual era o conteúdo desta pesquisa, o que estava sendo feito na época?

SR: Em princípio, os materiais novos e os estilos. Era muito importante, a mesma coisa que você tem na faculdade de arquitetura, você tem o que no meu tempo era arquitetura analítica, você analisava procedimentos antigos, clássicos, para poder perceber como era o passado, aquilo foi feito de um jeito por causa disso.

Então no caso de arquitetura de interiores, existia a mesma coisa, já ligada aos equipamentos de interiores da época. Então eu sabia muito mais o porquê colocar um mobiliário numa determinada posição. Realmente ele tinha uma linguagem americana – lareiras e outros –, mas eu percebia que o centro de interesse no caso do Brasil não era a lareira. Coisas que eram faladas assim pelo professor Azambuja. Então eu comecei a trabalhar, não só como monitor, mas como auxiliar em um trabalho de arquitetura que surgiu para ele em Curitiba, onde ele foi convidado pelo governador para fazer um centro cívico. E ele disse que “você querendo você vai comigo lá porque eu vou fazer o trabalho”. Eu fui, mas na realidade eu tomei um susto, ele me entregou uma parte do Centro Cívico – que eram o Palácio do Governo, as Secretarias de Estado, a Assembleia e a parte jurídica, que eram partes independentes – ele me passou a Secretaria de Estado. E eu pensei que fosse para desenvolver o que ele estivesse produzindo, mas não, era do zero. Foi uma surpresa muito agradável, fiquei grato a ele.

MB: A conexão entre a arquitetura e o design traz grande satisfação?

SR: Claro, estou muito satisfeito e depois, quando eu vi a parte de arquitetura de madeira, arquitetura que eu considero um pouco design, tipo de arquitetura industrializada, porque é arquitetura e é indústria, você tem que estudar material adequadamente. Então eu consegui fazer isso muito bem, felizmente. Fiz umas quase 250 casas baseadas nisso. Todas as casas totalmente diferentes umas das outras, porque permitia por causa do sistema que usava, que eu chamo de SR2, e permitia essa possibilidade de fazer umas coisas personalizadas.

MB: Você testa o objeto projetado uma vez em funcionamento?

SR: É claro que testo, mas da seguinte maneira: eu faço o desenho, faço o estudo preliminar e, em princípio, posso fazer, eu tenho inclusive documentação disso, faço de isopor uma cadeira que tenha determinado volume, para perceber o volume, para saber se a cadeira vai ser agradável para sentar, eu quero ver o aspecto geral. Então eu fiz em isopor, tem umas cadeiras que eu fiz assim, e depois tem o protótipo, e adapta-se no protótipo as diversas coisas. Talvez alguma coisa que no desenho eu tenha exagerado para obter uma certa forma, na realidade aquela forma não coincidiu com a parte confortável. Então faço pequenas adaptações.

Casa Sistema SR2 [Acervo Instituto Sergio Rodrigues]

comments

063.05
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

063

063.01

Entrevista com Maria Madalena Pinto da Silva

Júlia Coelho Kotchetkoff

063.02

Entrevista com o arquiteto Peter Mehrtens

Gabriela Celani, Wilson Barbosa Neto and Juarez Moara Santos Franco

063.03

Entrevista com Eduardo Souto de Moura

Isa Clara Neves

063.04

Entrevista com a arquiteta paisagista Rosa Kliass

Antônio Agenor Barbosa, Rachel Paterman and Stella Rodriguez

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided