Isabella Silva de Serro Azul: Como foi a experiência de projetar o ambulatório Várzea do Carmo?
Sidney de Oliveira: Estávamos em plena Revolução e fomos chamados para fazer o posto de saúde. Eles foram ambiciosos, queriam juntar todas as especialidades lá. Foi o maior projeto que já fizemos: a planta possui 200 por 50 metros.
Nessa época, já tínhamos a firma que fazia pré-fabricados. Fomos na Prefeitura, pegamos os recuos e delimitamos o retângulo que seria o edifício.
O terreno inundava muito, é na várzea do Tamanduateí, tinha até a marca de água das enchentes nas paredes dos vizinhos [...] O prédio é estanque por causa das inundações, é como um navio.
Fizemos o prédio com várias alas e iluminação natural pelas claraboias. Na época, a empresa Sobraf já possuía um catálogo das peças pré-fabricadas.
Com componentes moldados in loco, fizemos as bocas para marcar os acessos ao prédio. Apelidamos de “papa-filas” porque eram onde as pessoas podiam esperar abrigadas se chovesse.
O edifício possui as áreas de serviço e as partes do público. Fizemos no projeto linhas coloridas com epóxi para guiar os pacientes [...], mas isso não foi executado.
Não tem elevadores, só rampas. Rampas principais, de emergência e de serviços. Todas elas com inclinações suaves para permitir a acessibilidade.
Veja como evoluímos na fachada! Eram peças que podiam ser abertas para fora ou para dentro. Isso possibilitava a colocação de bancos, armários e outros mobiliários em função das necessidades.
Propusemos o paisagismo com coqueiros para quebrar a horizontalidade do prédio. Nós sempre fazíamos isso.
Eram três pavimentos com 7000 m² em cada. As caixas d’água eram individuais, assim era mais barato e da rua não dava para enxergá-las.
A parte hidráulica vinha junto com o painel. O forro era de alumínio dourado com lã de vidro, o que melhora o desempenho acústico [...] chama-se Luxalon e tem fácil manutenção.
Eram dezessete clínicas, o que permitia a centralização de todo o sistema de atendimento em um prédio. Fizemos visitas, clínica por clínica, para saber qual era a necessidade do programa e se precisávamos aumentar a área. Antes, estas clínicas estavam em prédios alugados onde não eram permitidas reformas para melhorar o atendimento.