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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Antônio Agenor Barbosa entrevista Jô Vasconcellos, arquiteta responsável por projetos institucionais como o Museu da Cachaça e o Espaço de Conhecimento UFMG.

english
Antônio Agenor Barbosa interviews Jô Vasconcellos, architect responsible for institutional projects such as the Cachaça Museum and the UFMG Knowledge Space.

español
Antônio Agenor Barbosa entrevista a Jô Vasconcellos, arquitecta responsable de proyectos institucionales como el Museo de la Cachaça y el Espacio del Conocimiento de la UFMG.

how to quote

BARBOSA, Antônio Agenor. Entrevista com a arquiteta Jô Vasconcellos. Entrevista, São Paulo, ano 23, n. 089.01, Vitruvius, jan. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/23.089/8424>.


Capela de Santana do pé do Morro, Ouro Branco MG
Foto Fernando Ziviani

Antônio Agenor Barbosa — O Éolo Maia morreu em 2002?

Jô Vasconcellos — Ele morreu quando tinha acabado de fazer sessenta anos. Ele ficou doente com 58, viveu dois anos. Ele morreu muito novo. Hoje, acho que a pessoa vive quantos anos? A idade média hoje acho que é 75 anos.

AAB — Vinte anos já que o Éolo faleceu e que você toca a sua carreira sem a parceria com ele.

JV — Toco minha carreira solo [risos].

AAB — Eu queria que você fizesse uma reflexão desses momentos. Primeiro, logo após o falecimento do Éolo, como é que você sente o baque naquele momento, não só como parceira profissional, esposa e com três filhas. Depois, passado algum tempo, como é que você se reposiciona como arquiteta numa carreiro solo.

JV — Na verdade eu já me sentia bastante insegura durante o período que ele estava doente, porque o escritório ficou um pouco acéfalo. Eu estava acompanhando ele nos tratamentos médicos, eu só passava no escritório correndo, muita correria. Mas a gente estava com trabalho e, quando ele faleceu, eu ainda continuei um pouco lá no escritório, porque o nosso escritório era lá no Office Center.

AAB — Era no Marmitão?

JV — Era no Marmitão, sim. Aí o escritório era muito grande, tinha quatro salas interligadas, tinha ainda pranchetas e já tinha computador, já estava tudo informatizado. Eu fiquei com dificuldades de ir, ficar lá no escritório o dia inteiro, não ter ninguém em casa cuidando da Isadora. Foram momentos difíceis. Era a hora da provação, né? Provação, não só porque eu sozinha, como mulher, mãe de família, arrimo de família, porque, na verdade, a gente não se preocupava com dinheiro, nunca nos preocupamos em fazer uma aposentadoria, nunca nos preocupamos. A gente achava que não ia morrer, eu acho que a gente achava que não ia morrer, então, a gente não se preparou para o futuro, para uma estabilidade no futuro, nem o Éolo e nem eu. Eu sou muito desligada de dinheiro e ele era pior que eu. Aí eu me preocupei como que eu ia fazer para segurar toda aquela estrutura, aquela onda. Então, a primeira coisa que eu fiz, foi entrar num concurso sozinha. E eu tinha que ganhar esse concurso. Se eu ganhasse o concurso, acabou já estou garantida na minha capacidade. E eu ganhei, eu fiz o concurso do CRM. Era um concurso fechado. Foram convidadas cinco equipes. Chamei o Sérgio Palhares, que é muito meu amigo, para me ajudar. Mas quando eu o chamei já estava com o conceito pronto e ele me ajudou a desenvolver. Trabalhamos juntos rapidamente, porque o prazo era curto, era um concurso de duas etapas e nós ganhamos. E aí ganhamos o concurso. Não precisava mais ficar provando minha capacidade. “Vou continuar trabalhando, fazendo os meus projetos, quem quiser, quer; quem não quiser tudo bem, foda-se” [risos]. Porque quando o Éolo morreu, nós estávamos com bastante trabalho e eu terminei todos. Então, os clientes que ficaram com medo de que eu talvez não desse conta viram que finalizei. E depois resolvi fechar o escritório e vender as salas. E eu moro num apartamento grande com quase 500 metros quadrados. Sendo de três andares, eu tinha um terraço aqui para fazer o meu home office [risos]. Aí eu construí 90 metros quadrados lá em cima, trouxe o escritório e todo o acervo. Então, agora eu sou a guardiã do acervo do Éolo e do meu.

AAB — Essa relação de vocês era muito simétrica no que se referia a captação de clientes para o escritório? Como é que funcionava isso?

JV — Num período inicial era o Éolo que trazia mais projetos para o escritório. Depois, teve uma fase que fui eu. Eu comecei a trabalhar com restauro, comecei a fazer muitas fazendas e recebíamos muitas encomendas. Enfim, através delas, eu trouxe vários projetos para o escritório. Fizemos muitos projetos para o Banco Rural também. Eu fiz para a Júnia Rabelo, do Banco Rural, muitas restaurações. Ela comprava fazendas antigas que restaurávamos, ela criava cavalo árabe no haras que projetamos. Tinha fábrica de leite, tinha fazenda do século 17, do século 18, do século 19, nossa! E nós trabalhamos muito para ela. Eu fazia esses projetos com a Lúcia Candiotto, que foi colega do Éolo e nos convidou para trabalhar.

AAB — E isso foi um momento bom? Até financeiramente para o escritório?

JV — Nossa, ela era dona do Banco Rural, e a Lúcia Candiotto que fazia as agências. Através da Lucia que veio esse contato com a Júnia Rabelo. Então, ela gostou porque eu sou uma pessoa que, modéstia à parte, tenho certa criatividade. Tenho uma facilidade de pegar os lances rapidamente e tal. Eu também não deixo furo, dou conta e não deixo nada pela metade. Ela gostou muito e me chamou para trabalhar com a Lúcia nas agências do Banco. Nós fizemos duzentas agências do Banco Rural pelo Brasil inteiro.

AAB — Tinham projetos em todo o país?

JV- Sim, por todo o país

AAB — O Éolo fez muitos projetos de residências, certo?

JV — Sim. Muitos. Porque ele tinha muitos amigos da Geologia de Ouro Preto. Eu fiz poucas casas na minha vida. Eu acho que eu não fiz nem dez casas. Eu fiz muitos prédios, eu fiz muita restauração, fiz muito paisagismo, mas casas não muitas. Então assim, às vezes as casas que eu colaborava, eram projetom dele. Trabalhava muito aqui em casa também, trabalhávamos sábado, domingo, feriado. Sempre trabalhamos demais.

Capela de Santana do pé do Morro, Ouro Branco MG
Foto Fernando Ziviani

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