Raul Penteado: É possível notar essas transformações na produção. O primeiro momento, das obras brancas, parece misturar arquitetura portuguesa com a arquitetura de Brasília, com o branco do Oscar Niemeyer, ou vice-versa.
Daniel Mangabeira: Também, sem dúvida.
RP: E agora, parece que vocês foram para um outro caminho mais preocupado com a técnica de construir, a materialidade, a estrutura, que exponencia um pouco as referências e traz outros personagens, como o João Filgueiras Lima, Lelé, como o Marcílio Mendes Ferreira, misturado com arquitetos da América Latina, como você acabou de mencionar. Houve algum evento que motivou vocês a promover essa virada? Ou foi talvez uma aproximação maior ao canteiro e uma confiança maior depositada na mão de obra que talvez tenha dado mais coragem para vocês?
DM: Existiu um evento. Inclusive, eu não estava aqui. Você ouviu falar no FJAL? O FJAL [Fórum de Jovens Arquitetos Latino-Americanos] foi um encontro que houve em Fortaleza, de arquitetos latino-americanos. E, naquele encontro, estivemos nós daqui do Brasil, os Triptyque, os FGMF, com outros arquitetos latino-americanos. Fomos premiados, depois fomos selecionados para a Bienal de Arquitetura de Pamplona. Fomos nós e os AR arquitetos, com alguns latino-americanos para a Espanha. Então é meio esquisito isso, mas… houve um encontro de vários arquitetos latino-americanos em Pamplona, na Espanha. Então, repensamos. E isso foi atiçando a nossa curiosidade para arquitetos latino-americanos, porque a gente começou a ver como a arquitetura latino-americana é muito inteligente. A arquitetura paraguaia, argentina, chilena… O Chile é Suíça da América do Sul… E há a peruana, colombiana, equatoriana, a uruguaia. Você tem grandes arquitetos produzindo arquitetura de ponta na América do sul. E tem muita arquitetura no México, que beira a perfeição. Se você pegar grandes arquitetos contemporâneos mexicanos, então temos Macias Peredo, Alberto Kalach. Você tem grandes arquitetos mexicanos, mas o que é engraçado é que você vê uma latinidade ali, um pouco diferente. Eu não sei explicar como. Talvez esses sejam alguns eventos que tenham direcionado o nosso olhar. Não sei, nunca tinha pensado nisso. Legal pensar.