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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Esta entrevista com o arquiteto e urbanista Daniel Mangabeira, um dos fundadores do Bloco Arquitetos, aborda os processos sistêmicos operados pelo escritório e as eventuais transformações que vem ocorrendo nos últimos projetos.

english
This interview with architect and urban planner Daniel Mangabeira, one of the founders of Bloco Arquitetos, addresses the systemic processes operated by the office and the possible transformations that have occurred in recent projects.

español
Esta entrevista con el arquitecto y urbanista Daniel Mangabeira, uno de los fundadores de Bloco Arquitetos, aborda los procesos sistémicos operados por la oficina y las posibles transformaciones que se han producido en proyectos recientes.

how to quote

PORTAL VITRUVIUS. Mirando al sur. Um bloco de transformações. Entrevista, São Paulo, ano 24, n. 097.03, Vitruvius, dez. 2025 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/24.097/9029>.


Livros da biblioteca da sede dos Bloco Arquitetos
Foto Raul Penteado Neto, 2022

Raul Penteado: …resposta a um contexto financeiro do cliente, do promotor da obra. Exato. Tangencialmente a isso, quais arquitetos portugueses e japoneses que vocês admiravam na época que vocês produziram essas casas brancas? De onde que eles vieram? Foi através de pesquisa?

Daniel Mangabeira: Carrilho da Graça, Gonçalo Byrne, Souto de Moura, Álvaro Siza, Fernando Tavora, Sanaa, obviamente, Ry?e Nishizawa, Tadao Ando, Kenzo Tange etc. No caso da Casa Morrone é engraçado, eu vejo muito o Nishizawa nesses vazios, não sei por quê.

RP: E sobre a Casa Aresta?

DM: Na Aresta eu não vejo tanto arquitetura japonesa não. Aparece mais a arquitetura portuguesa.

RP: Eu vejo uma cara de casa do Siza (risos).

Casa Aresta, Bloco Arquitetos
Foto Raul Penteado Neto, 2022

DM: Tem uma casa do Souto de Moura também, que é aquela bem inclinada, que é uma caixa. Você já viu?

RP: Sim, aquela que parece caída no terreno.

DM: Isso. Aquela que é caída, guarda uma relação formal.

RP: Lembra também uma casa do Oscar Niemeyer, uma das primeiras casas dele em frente à Lagoa.

DM: Quando a projetamos, lembramos daquele museu de Bogotá. Aí a gente olhou assim: “Meu Deus do céu, a gente está reinventando o museu de Bogotá aqui.” Mas não, pelo amor de Deus, não tem nem como comparar com essa obra do Niemeyer. Mas foi engraçado, por que brincamos com isso aqui dentro, com essa forma invertida, da parede inclinada. E é engraçado que ela é uma casa pequena, mas por causa dessa perspectiva, pela proximidade, ela ganha uma monumentalidade que não foi intencional. E é um aspecto que eu particularmente não gosto tanto.

RP: Por causa do terceiro pavimento, ela ganhou um tamanho.

DM: Isso. E é muito interessante porque no percurso da casa, você entra por uma porta bem pequenina, bem pequena mesmo, por um corredor estreito, para depois sair na sala. Então, há uma coisa meio Catedral também, sabe?

Acesso da Catedral Metropolitana de Brasília, Oscar Niemeyer, 1959
Foto Raul Penteado Neto, 2022

Interior da Catedral Metropolitana de Brasília, Oscar Niemeyer, 1959
Foto Raul Penteado Neto, 2022

RP: Tem um mise en scène aí…

DM: É… tem um percurso. Mas não… Sei lá, é óbvio que é intencional, mas não de maneira comparativa com os arquitetos. Era mais para um percurso mesmo. E é uma casa que tem características muito fortes, né? Tem gente que não gosta tanto.

RP: Ela tem uma formação ali muito marcante, né?

DM: Ela tem uma presença muito grande na paisagem. Principalmente por causa do entorno. Então, como são casas todas quadradinhas…

RP: Ela está no começo do loteamento ali?

DM: Ela está no meio da APP [área de preservação permanente]. É longe. Mas é engraçado que tem um momento em que você está descendo a rua que dá acesso ao condomínio e você a vê no alto.

RP: E essa inclinação não foi também impulsionada por essa vista desimpedida que tem em frente?

DM: Não, a inclinação foi pura e simplesmente por causa do sol. A ideia era usar a arquitetura para proteger o andar de baixo. Então esse escalonamento da arquitetura dos andares, era para evitar o sol. A ideia é que até às 16h30 você não pegue sol dentro. A partir de 16h30, você já pega sol bem mais ameno.

RP: Daniel, muito obrigado.

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097.03
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097

097.02

Oficina: do teatro à cidade — parte 3

Felipe Ribeiro Pires and Vera Santana Luz

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