Introdução
Motivos não faltam para voltarmos os olhos para Brasília: seu criador Lúcio Costa e seu construtor Juscelino Kubistchek completariam 100 anos. A cidade, já nascida monumento e patrimônio, chegou aos 42 anos ainda cercada de discussões e polêmicas.
Ao conceber o Plano Piloto de Brasília, Lúcio Costa estabeleceu para a cidade escalas urbanísticas que, integradas, formariam então a civitas desejada por ele: a escala gregária, a monumental, a bucólica e a residencial. A partir destas escalas, o saudoso arquiteto traz contribuições originais ao urbanismo moderno, como os diálogos entre espaços monumentais ou simbólicos e aqueles do cotidiano, informais, que se cruzam e se integram nas avenidas e eixos da cidade, ou a da concepção de habitat sugerido nas Unidades de Vizinhança.
Na cidade inventada, é necessário distinguir o projeto do real, entre plano e desenvolvimento, para entender seus conflitos. As Superquadras e os Eixões representam a força do traço, são definidos pelo desenho. As cidades-satélites são uma questão de política pública, de desenvolvimento social.
Por sua vez, as vias W3 representam o grande paradoxo de todo o Plano Piloto, onde as escalas urbanas de Lúcio Costa se encontram e se conflituam. É onde o real e o plano se confundem e manifestam-se mais explicitamente: o desenho e os controles urbanos rigorosos, a dinâmica de ocupação da cidade, o cenário de encontro e convívio da população.
Ao longo das décadas vêm se desenvolvendo algumas transformações a partir do surgimento da geração de cidadãos brasilienses, dos nascidos em Brasília, agindo no sentido de alterar as características de transitoriedade da população, formando uma autêntica identidade com a cidade. Este processo se fez mais presente na via W3 Sul, que faz parte da história e da formação dessa identidade, através de seus acontecimentos e fatos, como a concentração de regionalismos e eventos públicos.
Este concurso representa a manifestação, a afirmação de uma geração genuinamente brasiliense, no sentido de resgatar a formação de sua identidade, de preservar a memória e ao mesmo tempo de buscar condições para desenvolvimento futuro. Esse é o desafio proposto para as vias W3.
Uma leitura das Avenidas W3
A abertura da ligação entre as duas vias W3, através da passagem de nível sobre o Eixo Monumental. Essa operação abriu uma comunicação direta entre as vias, numa linha contínua e sem interrupções, afirmando o caráter dinâmico de avenida comercial para as vias, intensificando o tráfego e alterando suas ocupações.
Transformações das atividades
As vias W3, juntamente com as Superquadras e os comércios locais, representam a escala residencial, onde as atividades cotidianas citadinas acontecem.
A W3 Sul já foi o centro nervoso da cidade, um verdadeiro boulevard que atraía as pessoas com suas vitrines e letreiros decorados, onde aconteciam o carnaval de rua, e as pessoas se encontravam em seus bares e restaurantes. Tudo isso hoje é memória lembrada apenas pela geração pioneira.
Não acompanhou a dinâmica urbana e o crescimento da cidade, perdendo sua hegemonia como principal centro comercial de Brasília para os novos shoppings e centros de compras, alterando seus perfis de atividades. Conseqüências mais evidentes: a fuga dos comerciantes e a proliferação de áreas vazias e abandonadas. Algumas das causas: limitações no desenvolvimento das atividades comerciais, como a dificuldade de estacionamentos, falta de áreas de lazer, iluminação pública insuficiente, e a insegurança inerente.
A ocupação comercial nas quadras 700 Sul, originariamente construídas por órgãos de financiamento habitacional (Fundação da Casa Popular).
Na via W3 Norte a apropriação indevida do espaço público é intensa: a presença dos veículos e a sujeira das oficinas são o cartão postal da via.
Degradação das áreas localizadas “atrás” da W3, na pequena via interna paralela, formando um amontoado de blocos e construções desalinhados.
Ocupações irregulares das coberturas dos blocos das quadras 700, comprometendo a estrutura dos prédios: incrementa a demanda por serviços públicos, infra-estrutura e estacionamentos.
Ao longo das últimas duas décadas, as vias W3 vêm sofrendo estas transformações tentando sobreviver à dinâmica de crescimento da cidade e às novas conjunturas sócio-econômicas. Adequar as de atividades às condições morfológicas e estruturais das vias, contemplando ao mesmo tempo diversidade e incremento de investimentos no setor comercial, com oferta de espaços públicos com qualidade de desenho urbano. Integrar comércio e lazer, serviços e cultura, preservando sua escala de tombamento.
A paisagem urbana: as imagens das vias W3
A atividade comercial da avenida W3 Sul tem um significado marcante em sua identidade. Por outro lado, ela traz uma “imagem” de abandono e de pouca diversidade, e percebe-se um desejo inerente de melhor qualificação desta atividade.
A “baixa auto-estima” da via se deve à falta de áreas de lazer, escassez de locais de animação urbana e espaços públicos ou semipúblicos de permanência e convívio.
O desenho da via W3 Sul, numa linha contínua de cerca de 6,2 km, resulta em ambientes uniformes e simétricos. Esta configuração traduz uma apreensão da via como um todo único, fechada em si, onde os limites estão bem definidos e claramente percebidos. Ao se compreender a via em seus fragmentos e particularidades, percebe-se que a atividade comercial sobressalta como elemento referencial, como ponto de identificação local: a imagem da W3 Sul é o comércio.
A seqüência de quadras simultâneas e quase idênticas faz com que poucos elementos se destaquem como referências urbanas ou hierarquias tipológicas monumentais, como a Igreja Dom Bosco, a Escola Parque, o Restaurante do SESC e o Espaço Cultural da 508 Sul.
Na via W3 Norte as atividades de comércio e serviços se estendem às suas duas margens, mantendo assim uma dupla lateralidade de usos e funções, marcada pelo contraponto entre os blocos mistos das quadras 700 e a seqüência de edifícios isolados institucionais e de serviços das quadras 500, com arquiteturas diversificadas.
Circulações
As duas vias W3 mantém as mesmas características de via coletora, segundo a hierarquização viária do Plano Piloto.
A via W3 Sul tem o maior fluxo de tráfego em direção às cidades-satétites da parte sul (Guará, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia etc), principalmente nas faixas à margem oeste, sentido N-S.
A via W3 Norte, com menor intensidade de fluxos de ônibus do transporte coletivo, apresenta um excessivo aumento de velocidade, com trânsito intenso e homogêneo ao longo do dia. A não priorização da circulação de pedestres faz com que a W3 Norte tenha um dos maiores índices de ocorrência de acidentes de trânsito no Plano Piloto.
Espaços de aglomeração e permanência de pedestres: apenas em algumas praças nas entrequadras 700 Sul, com farta arborização mas pouca urbanização. Na via W3 Norte estes espaços inexistem, ou estão tomados por veículos.
Identidade, símbolo e humanização: idéias para as Vias W3
A concepção geral adotada na proposta de requalificação das vias W3 tem como ponto de partida a conjugação do que é Intervenção e do que é Patrimônio, aliando preservação e adequação. As ações e elementos propostos procuram a coerência com a nova realidade das vias, assumindo formas e conceitos (estéticos e funcionais) propositadamente distintos e destacados das formas e conceitos inerentes ao conjunto tombado. São estabelecidos os limites entre o objeto modificador e o objeto preservado.
Reconhece a formação da identidade genuinamente brasiliense, na qual a história das vias está presente neste processo.
Assume como símbolos da revitalização elementos que se destacam na paisagem: as linhas Diagonais e os materiais presentes nos elementos representam a contraposição à ortogonalidade do desenho modernista.
Afirma a via W3 como elemento de integração da Escala Residencial, não mais de fragmentação ou barreira: restabelecer a prevalência e permitir ampla fruição do pedestre no espaço público.
Resgata a força simbólica da configuração morfológica e das escalas das vias. Não sugere “melhoramentos”, “maquiagens”, “realces”, ou ações que disfarcem ou descaracterizem o Patrimônio tombado.
Enfatiza a necessidade de humanização dos espaços públicos, trazendo animação urbana, apropriação e utilização coletiva.
Traduz a projeção sobre o futuro com ações e elementos integrados, diversificando e flexibilizando as alternativas de atividades e ocupações.
As propostas se ordenam conforme a sua função, forma e uso, e localização nas vias:
Paisagem urbana
A requalificação da paisagem das vias W3 passa pelo resgate da sua identidade, e pelo reconhecimento dos valores estéticos e simbólicos de seus elementos. Trazer ambiência urbana, promover encontro, aglomeração e animação urbana, afirmar as vias W3 como locus de integração da escala residencial.
Ações e elementos para a requalificação da paisagem urbana:
Afirmar a marquise dos blocos das quadras 500 Sul como elemento-símbolo da via: limpar e despoluir as fachadas.
Brises na marquise dos blocos das quadras 500 W3 Sul. Elemento símbolo da Integração, proteção insolação direta e uniformização publicitária.
Tótens de orientação e publicitários fixados ao longo dos canteiros centrais nas duas vias. Marco urbano que identifica as atividades da quadra.
Coberturas semi-tensionadas nos espaços intra-blocos, nas entre-quadras e praças. Elemento de proteção e abrigo, promovem animação urbana, transformando os vazios públicos em “lugares” públicos.
Telão multimídia de propaganda nas fachadas dos blocos mistos das quadras 500 sul e 700 norte. Elemento identificador das galerias internas. Gerador de renda, favorecendo a sustentabilidade do empreendimento.
Mobiliário urbano: postes de iluminação pública, lixeiras e bancos de assento. Complementam a paisagem urbana.
Tratamento urbanístico e paisagístico dos espaços públicos. vitalizar e criar ambiência urbana: adequação de pisos, arborização e mobiliário urbano.
Uso e ocupação
Dinamizar o caráter de avenida comercial perdido pela via W3 Sul e disciplinar a ocupação na via W3 Norte são as ações imediatas: flexibilizar e adequar as configurações e tipologias existentes aos usos e à nova realidade da cidade.
Reforçar as potencialidades do uso misto, incrementando as atividades diuturnas.
Entendendo que a Especialização comercial, tal qual vem ocorrendo sobretudo na via W3 Norte, deve ser evitada, não sendo imposta, induzida ou programada, pois corre-se o risco de se voltar às mesmas armadilhas que descaracterizaram e esvaziaram as vias. O agrupamento de atividades comerciais afins que se complementam são saudáveis e inerentes às economias de mercado, mas devem ocorrer (ou concorrer) espontaneamente, se amoldando de acordo com as conveniências que a própria dinâmica de ocupação acontece.
Não se determinam quadras especializadas. As atividades comerciais e os serviços já existentes irão conviver com os novos empreendimentos que se farão aparecer, favorecidos pelas novas condições de ocupação propostas.
Intervenções para a via W3 Sul
Enfatizar as características de uso das quadras 500, através da tipologia dos blocos mistos. Sugerem-se aqui novas configurações morfológicas para os blocos, diversificando os espaços e potencializando as ocupações:
galerIas internas blocos das quadras 500 Sul e 700 Norte. Rearticulação da configuração dos lotes permitindo ocupações internas diversas. Potencializa múltiplos usos. Integra o entorno a partir da permeabilidade do espaço. Favorece a gestão, exploração comercial e utilização através de associações, consórcios, condomínios etc. A implantação de estacionamentos no subsolo dos blocos, deve se dar de maneira integrada, não individualizada, coletivizando estes espaços e beneficiando a todos os estabelecimentos, por conjunto de blocos ou quadras.
Aberturas laterais blocos das quadras 500 W3 Sul. Alternativa de sub-divisão do lote similar as galerias internas. Possibilita atividade de lazer e diversão, inclusive atividades noturnas. Resgata a apropriação e a humanização dos espaços entre blocos sob as Coberturas Semi-Tensionadas. Nova relação entre espaço público e privado. Característica de espaço Itinerante.
Galerias blocos quadras 700 W3 NORTE: adequação de usos; coibir ocupações e atividades irregulares. Readequação com blocos posteriores: criando penetrabilidade, permitindo circulações através de passarelas, rampas, circulações verticais, tratamento dos espaços intersticiais com melhorias urbanas e paisagísticas, promovendo ambiência, potencializando sua ocupação e integrando o entorno destes espaços, conjugados com as Coberturas semi-tensionadas.
Adequação de uso e ocupação das quadras 700 Sul, permitindo o uso misto nos blocos das quadras 703 a 707, com regras que garantem a uniformização e a prevalência da escala original. Legalização vinculada à taxação onerosa do direito de construir.
Intervenções para a via W3 Norte
A ação principal é a adequação de usos para as quadras 700 Norte (SCRN): a retirada e a proibição da utilização dos espaços comerciais e públicos por concessionárias, lojas de revenda e oficinas mecânicas, que já têm estabelecidos oficialmente áreas específicas para estas ocupações. Coibir as ocupações irregulares e clandestinas das coberturas dos blocos.
Também como proposto na via Sul, não deve-se induzir a especialização, ao contrário, criar condições de adequação para atividades diversificadas e complementares.
Sistema de circulação
As dificuldades de acesso e estacionamento, os problemas de trânsito veicular (altas velocidades na via Norte e congestionamento na via Sul) manifestam a adequação do sistema de circulação em ações conjuntas ou específicas. Estes problemas devem ser acompanhados por uma reestruturação de todo o sistema viário do Plano Piloto.
Na via W3 Sul, onde é mais intenso o tráfego de ônibus coletivos que fazem a ligação para as cidades-satélites da região sul, há que se pensar a relocação de parte desse tráfego para o Eixo Rodoviário Sul, reforçado pela implantação do metrô, desafogando o trânsito da W3 Sul.
A via W3 Norte, com menor tráfego de ônibus coletivo, apresenta altas velocidades. Diminuir os riscos de acidentes eminente pressupõe também fiscalização mais intensiva.
A proposta tem como ponto de partida a minimização dos impactos do trânsito, readequação viária e a priorização de circulação de pedestres, humanizando o espaço através de ações e intervenções específicas em cada via:
Aumento da oferta de estacionamentos ao longo das vias, na medida em que as transformações sugeridas nas estruturas de ocupações e o incremento das atividades geram fluxos e demandas.
A intenção de integração da escala residencial entre as vias W3 e suas áreas adjacentes pressupõe também um trato consciente e adequado na provisão de acessibilidade livre e irrestrita com nivelamento de passeios, sinalizações e mobiliários adequados.
Ações para a via W3 Sul
modificação da circulação veicular, criando um binário entre as vias W3 e W2 Sul. facilitar a acessibilidade às quadras 500 Sul, tendo as entre-quadras como rótulas.
implantação de traffic calmings (ou nivelamento de circulação de pedestres) ao longo das vias W3 Sul e Norte e vias paralelas (W2 e W4). Favorece o acesso e dá continuidade espacial: minimiza a velocidade do tráfego veicular e altera a percepção dos caminhos, alertando e direcionando o passeio público; elemento integrador das partes fragmentadas da escala residencial (Superquadras x W3).
Reconfiguração de estacionamentos: no canteiro central da via W3 sul, junto aos blocos das quadras 700, na via W2 sul, junto aos blocos das quadras 700 Norte, com tratamento paisagístico e diferenciação de pavimentação. Adequação do sistema de circulação e acessibilidade às novas configurações de ocupação propostas.
Tótem monumento marcando a praça rebaixada de ligação no início das vias W3 Sul e Norte. Símbolo monumental representativo da nova centralidade: conecta as escalas residencial e gregária. Articula relação pedestre X veículo: fruição do tráfego e circulação de pedestres.
abertura de Passagens de pedestres nos espaços intra-lotes quadras 500 Norte, com tratamento paisagístico e mobiliário urbano. Permeabilidade de circulação, integração da escala residencial.
implantação de ciclovia, acompanhada de tratamento paisagístico das praças e entre-quadras Sul e Norte, conectando os espaços públicos. Humanização dos lugares públicos, resgatando a apropriação e gerando ambiência urbana. Preservar perfis dos diferentes espaços e praças, reforçando suas individualidades e potencializando seus usos.
Estes elementos se complementam na medida que acontecem homogeneamente ao longo das duas vias. A Intervenção se manifesta de modo consciente e coerente, entendida como um conjunto de operações e ações integradas, considerando as especificidades de cada espaço, com a prevalência da diversidade.
Diretrizes, gestão e etapas de implantação do projeto
As ações e elementos que integram a proposta de Intervenção se viabilizam a partir de algumas diretrizes e estratégias:
Diretrizes de ocupação
Permissão de utilização comercial nas áreas residenciais nas quadras 700 Sul (SHIGS): condicionadas ao cumprimento das regras de gabarito (escala de altura). Para estas quadras, é estabelecido um coeficiente de aproveitamento (C.A) de 2,5 do potencial construtivo e taxa de ocupação (T.O) de 100%. A elevação do terceiro pavimento é permitida desde que respeitado afastamento mínimo de 10,00 metros, na fachada voltada para a via W3 Sul, garantindo a uniformização e a ambiência do projeto original. A contrapatida para a legalização do uso comercial se dá através da taxação onerosa do direito de construir, incrementando as arrecadações públicas.
As alternativas de ocupações dos blocos mistos das quadras 500 Sul estão vinculadas às diretrizes da Intervenção: limpeza e reforma dos blocos e da marquise, não instalação de elementos de propaganda sobre a marquise, instalação e utilização dos Brises. Devem-se respeitar as configurações originais dos blocos, mantendo-se a escala de gabarito.
Nas quadras 700 Norte a readequação entre os blocos mistos deve respeitar a escala de altura vigente: 11,00 metros, coibindo-se as ocupações nas coberturas.
Coibir usos inadequados: comércio atacadista, casas noturnas, Hotéis e Pousadas, Oficinas mecânicas.
Potencialidades e viabilidades de uso e ocupação: custos x benefícios
Nas novas configurações dos blocos mistos nas quadras 500 Sul e 700 Norte (Galerias): favorecer a organização administrativa entre os residentes e os grupos comerciais e empresariais através de Associações, Consórcios, Cooperativas, Sistemas de Condomínios, etc, em nível de blocos ou de quadras.
O poder público deve incentivar e coordenar a Auto-gestão nestas quadras, trabalhando em parceria com as associações e grupos na manutenção e no controle dos espaços intra-blocos, como o que já ocorre com as Prefeituras de quadras.
Benefícios: maximização da exploração comercial dos espaços, com a flexibilidade de ocupação, exploração dos espaços de fachada (Telão Multimídia), utilização para propaganda dos Brises e dos Tótens, exploração e utilização dos Estacionamentos de subsolo através de Concessões. A arrecadação de verbas com esses elementos deve retornar como investimentos nos espaços públicos das W3.
Os elementos simbólicos da Intervenção – Brises, Tótens, Telão – são subsidiados pelo poder público, mas financiados pelos diretamente beneficiados (os lojistas).
Potencialização de atividades que contribuam para a animação urbana e dinamização dos espaços públicos: nas Aberturas Laterais dos blocos, a nova configuração permite atividades diunoturnas, intensificando o uso dos equipamentos. Incentivar estas ocupações através de descontos de IPTU, para as atividades de lazer e cultura (cafés, galerias, teatros de bolso, jogos eletrônicos etc), comércio e serviço de pequeno porte (floricultura, bancos 4 horas, revistarias, etc) e alimentação (restaurantes de comidas típicas, cafés, lanchonetes, sorveterias etc).
O comércio informal (ambulante): as ações estabelecem a organização e adequação de instalação destas atividades, disciplinando-os sobre as áreas das Coberturas Semi-Tensionadas, integrando-os ao espaço público (praças e entre-quadras) ao invés de expulsá-los. Dispõem-se também espaços para estas atividades na Praça Rebaixada no início das W3, locais de grande fluxo de pedestres.
Atuações do poder público
Gerenciamento das arrecadações dos benefícios advindos dos novos empreendimentos e Concessões de utilização dos equipamentos e elementos urbanos.
Aplicação dos investimentos na melhoria dos espaços públicos das W3.
Sistema viário: Implantar as novas configurações de estacionamentos e as melhorias de circulação: os Traffic Calmings, cruzamentos, elementos de iluminação e sinalização.
Etapas de implantação do projeto
Iniciar com os elementos Simbólicos (Tótens, Brises, Coberturas), para incentivar a retomada da ocupação; Reforma dos blocos e regularização dos usos mistos; Reconfiguração dos estacionamentos. Alteração viária W3 Sul (binário). Implantação dos Traffic Calmings.
Abertura da Praça Rebaixada no início das vias e implantação do Tótem Monumento; Incentivos à criação de associações, consórcios para gestão, manutenção e dinamização das propostas: em nível de blocos, em nível de quadras; Implantar novas configurações dos blocos (galerias internas e aberturas laterais, Telão Multimídia).
Ampliação da urbanização para áreas adjacentes: W4 e W2 Sul e Norte, entre-quadras comerciais Norte.
Considerações finais
O conjunto de idéias propostas para a revitalização das vias W3 tiveram como base conceitual a Humanização dos espaços públicos e a Integração entre os elementos, através da adoção de Símbolos e do reconhecimento da Identidade brasiliense.
Assim, não existem grandes projetos ou superestruturas, não há necessidade de intervenções ou obras de grande porte, onerosas ao poder público e ineficientes na requalificação dos espaços.
A Intervenção procura atuar em níveis locais e de pequenas ações, sugere elementos simbólicos e significativos que recuperam o caráter dinâmico das vias e suas atividades, sem interferir no Patrimônio Tombado.
Confere novos significados aos espaços, em todos os níveis, diversifica as atividades e resgata a importância das vias W3 Sul e W3 Norte na estrutura urbana do Plano Piloto.
Curriculum dos participantes
Jorge Lucien Munchen Martins – arquiteto e urbanista, professor da Universidade Federal de Uberlândia
Carlos Eduardo Duarte – Estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia
Allan Sávio Ferreira da Silva – Estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia