Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

projects ISSN 2595-4245


abstracts

how to quote

PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público de Preliminares de Arquitetura e de Urbanismo para Revitalização das Vias W3 Sul e W3 Norte. Projetos, São Paulo, ano 02, n. 021.01, Vitruvius, set. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/02.021/2174>.


Introdução

A Intervenção Urbana proposta deverá ser enfocada como:

  • Renovação urbana, prevendo a substituição de estruturas físicas existentes, envolvendo demolição de áreas e a transformação das mesmas.
  • Reabilitação e Revitalização ou Reapropriação de zonas urbanas, aonde se prevê um processo integrado sobre uma área que contenha valores de interesse coletivo e ao mesmo tempo necessite adaptar-se aos novos padrões da cidade contemporânea.
  • Revitalização funcional das atividades e redes de serviços, aonde a reabilitação física se baseia na dinamização dos tecidos econômico e social.
  • A revitalização destes espaços deverá definir estratégias de melhoria das condições de circulação e de atração para as atividades de comércio, serviços e cultura.
    *os dados supracitados foram extraídos do termo de referência.

 

Metodologia

1. O estudo proposto tem por base a idéia de que a leitura sobre o espaço urbano, deve apoiar seu discurso estrutural e globalizante 'a processos de indução focados em atuações de caráter local, é que se torna possível uma aproximação compatível à realidade de nossas cidades contemporâneas.

2. Esta maneira de fazer urbanismo entende a cidade como “Obra Aberta”, suscetível à processos de transformação cada vez mais rápidos, aonde os instrumentos de planejamento deverão adequar-se a esta nova demanda buscando maior flexibilidade e eficácia.

3. As idéias que serão propostas a seguir partem inicialmente de uma análise, passando ao diagnóstico, para finalmente chegar 'a proposta em si.

4. A proposta parte ainda de conceitos gerais que irão estruturar a abordagem através da determinação de objetivos globais e específicos. Em seguida, serão apontadas as diretrizes e os resultados objetivados, visando definir as ações estratégicas.

5. A partir deste momento o estudo passará a desenvolver-se em três escalas: a global, a intermediária e a local. Isto permitirá um enfoque localizado sobre as partes do conjunto, observando as relações entre as partes e a interação do conjunto.

6. Reforçando a idéia de uma aproximação em diferentes escalas, Planos Globais e Projetos Motores, estarão sintetizando a proposta, além de atuarem como alavanca junto ao futuro processo de gestão da transformação.

7. Devido 'a grande extensão da Avenida W 3, e com o objetivo de viabilizar a proposta, o estudo finaliza sugerindo a divisão da Intervenção em etapas de transformação, e em setores de atuação.

8. A divisão por setores de atuação irá possibilitar a execução da Intervenção por partes, reduzindo assim o número de operadores implicados em cada negociação. Tal medida contribui também para a redução dos problemas advindos da aplicação de instrumentos urbanísticos sobre determinadas propriedades.

Apresentação

Brasília, cidade concebida para receber a nova capital do Brasil, nasce com a difícil missão de convencer incrédulos e contestadores da real necessidade de sua existência. Salva pela qualidade e contundência de seu Plano Urbanístico e seus edifícios institucionais de grande valor simbólico, a cidade se consolida. Ao longo do tempo se converte num “porto seco”, recebendo pessoas vindas de todas as partes do país numa mescla de culturas e raças que repete a história da colonização do Brasil.

“É importante assumir a opção de preservar Brasília, com todas as implicações que tal opção envolve, não como coisa imposta, mas como vontade comum.”

A simplicidade que reside na idéia do Plano Piloto reforça a monumentalidade pretendida, principalmente em sua área central, aonde os dois eixos se encontram e descortinam o horizonte a ser contemplado.

No sentido norte-sul, ao longo das asas, estão os principais eixos conectores da cidade, e entre eles a Avenida W 3, que originalmente delimitaria a fronteira entre o tecido urbano e um tecido de transição destinado a hortas e pomares. Todavia desde o início da construção da nova capital, a W 3 já seria incorporada à zona central da cidade que cresceria além dos limites previstos.

A via W 3 poderia ser definida como uma extensa “franja urbana”, com 16 Km de extensão, que atravessa a cidade e agrega ao longo de si eventos que nos contam a própria história da ocupação de Brasília.

As soluções viárias atuais buscam cada vez mais o comprometimento com seu entorno, aonde se respeita o papel organizador das vias, e ao mesmo tempo ocorre uma hierarquização que lhes atribui funções específicas dentro do esquema funcional da cidade. Sendo assim, a abordagem inicial deste trabalho entende a via W 3 como uma via de caráter suturador, fortemente vinculada 'as relações transversais que irão suceder ao longo da mesma.

Desta forma, aceita-se esta linha constituída pela via e suas adjacências como um espaço de transição, que cumpre sua função comunicante, mas ao mesmo tempo busca a identidade capaz de diferenciar o “particular” do “geral”.

Como parte do “enfoque transversal” sobre a via W 3, serão propostas “soluções de detalhe”, de caráter local, que funcionarão como articuladoras das soluções gerais. Observa-se aqui a recomendação do termo de referência:

“As ações não deverão ser estanques ou autônomas, devem trazer uma certa unidade.”

Análise

a) A evolução do lugar e os critérios de preservação

Data de 1957 o Projeto de Lúcio Costa para a nova capital federal do Brasil. O relatório do Plano Piloto de Brasília, de autoria do próprio urbanista, refere-se 'a via W 3 como:

“área complementar 'as residências organizadas ao longo da correspondente faixa rodoviária, como uma via de serviço destinada ao abastecimento das residências.”

Numa reavaliação em 1985, Lúcio Costa reconhece alterações na proposta inicial, necessárias a adaptações impostas pelas necessidades e demandas da época da implantação da cidade. Ex. : “a faixa destinada 'a floricultura, horta e pomar, a oeste da W 3 Sul foi utilizada para a construção urgente de casas geminadas, para permitir a transferência dos primeiros técnicos 'a Brasília.” Tais alterações referentes às quadras 700 sul foram referendadas por Lúcio Costa, e recentemente passaram a ser enquadradas como elementos incorporados ao Plano Original. Outras ocupações posteriores referentes às quadras 700 norte, efetuadas entre 1957 e 1990, deverão ser avaliadas quanto à sua compatibilidade com os conceitos fundamentais do Plano Urbanístico. Assim sendo, foram enquadradas como elementos complementares ao Plano Original.

Os elementos pertencentes ao Plano Original, dentro desta classificação, são enquadrados como elementos determinantes. Estes parâmetros, entre outros, buscam dar as pautas para futuras intervenções dentro do polígono urbano tombado como patrimônio da humanidade, referente ao corpo central da cidade de Brasília. Segundo Lúcio Costa, a preservação do Plano Piloto, se dará na manutenção de quatro escalas:

  • Monumental Referência e marca da capital do país. Eixo que vai da Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti.
  • Residencial Definida por uma tipologia diferenciada, que gera uma nova maneira de morar. Ao longo do Eixo Rodoviário.
  • Gregária Define o Centro da cidade. Atividades: Trabalho e diversão.
  • Bucólica Confere 'a Brasília o caráter de cidade parque. Áreas verdes livres contíguas 'as áreas edificadas.

As escalas estão definidas através de gabaritos,taxa/ocupação e critérios de uso. “Assegurar a preservação do Plano Piloto através da conservação de suas escalas urbanas, significa admitir graus de flexibilidade desde que não haja comprometimento ou interferência negativa com a interação entre elas tal como formulada na proposta original.”

Desde sua implantação a Avenida W 3 seria incorporada ao funcionamento da cidade de uma forma distinta às demais vias da cidade, todas concebidas como vias de serviço. A vinculação direta da via aos edifícios lindeiros remetia à imagem de uma via tradicional, como seria em qualquer cidade brasileira. Isto permitiu a apropriação imediata do espaço, que deixava então de ser uma abstração para constituir a principal via urbana de Brasília. Os anos 70 marcaram o auge da avenida W 3, quando esta desempenhava o papel de principal avenida de caráter comercial da cidade. Somado a isso sua porção sul funcionava como local de convívio e consumo, com várias atividades associadas ao lazer noturno. A W 3 desempenhou o papel de centro da capital enquanto se povoavam as superquadras e se implantava o comércio das entrequadras. Com a efetiva consolidação dos comércios locais, a W 3 sofreu um processo gradativo de perda de valor funcional e representativo.

O surgimento dos Shopping Centers, marcou uma mudança radical nos costumes dos habitantes das cidades contemporâneas. Os antigos estabelecimentos comerciais se viram incapazes de oferecer concorrência a essas grandes estruturas comerciais, seja pela variedade de lojas ou pela oferta de estacionamento. Desta forma, observou-se um esvaziamento da Avenida W 3. Em 1997 uma pesquisa realizada pela FIBRA apontou grande ociosidade na área comercial das quadras 500 sul. Soma-se ao quadro de desaceleração das atividades sobre a via, uma deterioração das edificações, exceto em poucos casos isolados aonde os edifícios mantém sua qualidade arquitetônica ao longo do tempo.

b) Viário e acessibilidade

Embora apresente uma série de problemas, a via W 3 destaca-se sobre os demais eixos viários da cidade, por apresentar um forte caráter urbano. Isto se deu ao longo do tempo, quando sua concepção original de via de serviço cedeu espaço a uma nova função, a de via comercial, anteriormente prevista para a via W 2. O trecho referente à W 3 Sul sofreu várias alterações na busca de uma adequação ao novo uso, com isso o canteiro central transformou-se em estacionamento em determinados trechos.

A via W 3 apresenta uma certa ambigüidade, oscilando entre via comercial e via conectora. Por este fator seu funcionamento fica comprometido em ambas funções. O trecho referente à W 3 Norte busca de antemão, destinar os usos semelhantes aos encontrados na W 3 sul (alterada), adicionando alguns novos elementos nas quadras 500. Da mesma forma o plano referente à este setor busca criar mais zonas de estacionamentos, além de novas vias de serviço adjacentes à via W 3. As conexões transversais são solucionadas através de cruzamentos diretos a cada entrequadra.

Quanto à acessibilidade percebe-se uma certa deficiência do sistema viário no sentido leste-oeste, em oposição ao eixo norte-sul composto por várias vias que percorrem toda a extensão das asas. Por um lado, as soluções previstas para a W 3 norte procuraram atenuar essas deficiências identificadas na Asa Sul, mas ainda assim os grandes equipamentos urbanos presentes nas duas asas permanecem de certa forma desconectados do eixo da via W 3, principalmente o Parque Ecológico Norte.

c) Circulação de pedestres

Os pedestres circulam basicamente pelas calçadas que margeiam a avenida, enquanto que o canteiro central funciona como elemento de composição e separador de vias. Na W 3 norte a circulação de pedestres é precária devido às inúmeras áreas destinadas ao estacionamento de veículos. Outro fator agravante são as inúmeras invasões que ocasionam interrupções ao longo das galerias dos edifícios comerciais destinadas ao trânsito de pedestres.

d) Espaço público

Em geral o espaço público encontra-se subutilizado e com problemas de manutenção. Embora estejam subentendidas as relações espaciais com os edifícios de equipamentos próximos, não há efetivamente uma relação entre tais edifícios e o espaço público.

e) Transporte público

Várias linhas de ônibus foram desviadas para outras vias e hoje em dia poucas linhas circulam pela W 3. Isto reforça o caráter circulatório da via e ao mesmo tempo comprova sua ineficácia neste sentido, uma vez que as demais vias longitudinais da cidade proporcionam ao transporte coletivo a possibilidade de realizar viagens em menor espaço de tempo.

f) Sistema de equipamentos

A via W 3 divisa a cidade com dois importantes equipamentos:

  • O Parque da Cidade;
  • O Parque Ecológico Norte

Localizados a oeste do Plano Piloto estes potentes elementos estruturadores, assim como o Lago Paranoá a leste, mostram a intenção do planificador em delimitar a área central da cidade através de “buffers” (colchões) naturais. Devido à sua localização, a via W 3 adquire maior valor representativo e desempenha a função de “porta de acesso” a estes espaços e à zona oeste da cidade. Além de vincular-se aos grandes Parques, o eixo da Via W 3 é dotado de um número significativo de edifícios de equipamentos e edifícios institucionais que lhe atribuem importância dentro do esquema de funcionamento da cidade de Brasília.

Na Asa Sul os principais equipamentos estão diluídos ao longo dos pontos referentes às entrequadras e suas proximidades. Constituem “âncoras” importantes ao funcionamento do comércio e em geral estão próximos à áreas livres generosas. Ainda que não ocorra uma ligação formal entre os equipamentos e o espaço público, neste pontos residem excelentes oportunidades de intervenções.

Na Asa Norte, os poucos edifícios de equipamentos que existem encontram-se afastados da via W 3, localizados nas 900. A planificação do setor não previu tampouco, a vinculação do espaço público aos equipamentos. Estes dados, juntamente aos dados morfológicos, mostram a origem dos problemas relacionados à porção norte da Avenida em estudo.

g) Sistema de áreas livres

Segundo Lúcio Costa: O paisagismo é parte inerente 'a concepção urbana de Brasília. Na área relativa às quadras 700 sul, observa-se uma ocupação paisagística cuidadosa das áreas livres. A qualidade do paisagismo desta área foi capaz de sustentar-se ao longo do tempo apesar das sucessivas alterações que deturparam o conjunto arquitetônico adjacente. O conjunto paisagístico constitui o maior bem patrimonial deste setor referente às 700 sul. É importante observar que a vinculação das áreas livres aos equipamentos da via W 3 sul deveria ser reforçada uma vez que o Plano do setor, na localização destes elementos, subentende esta ligação.

A outra margem da W 3 Sul apresenta-se condizente à sua função de corredor comercial e nela áreas livres restringem-se basicamente às calçadas. Na Asa Norte as áreas livres referentes às quadras 700 são espaços residuais. Não há sistema constituído e o paisagismo foi apenas parcialmente implantado. Devido à aparente interrupção da urbanização destas áreas, sua maior parte apresenta-se ocupada por precários pátios de estacionamento que servem ao comércio de veículos usados.

Nota: As informações em itálico foram extraídas das fontes bibliográficas do concurso.

Diagnóstico

Brasília é reconhecidamente uma das poucas cidades latino-americanas que conseguiu controlar os interesses imobiliários através de uma regulação clara das normas edificatórias. O resultado deste esforço é uma cidade aonde prevalesce uma linguagem tipológica de alta qualidade, que respeita o conjunto urbano que lhe acolhe.

Em realidade o grande protagonista deste cenário é o conjunto urbano concebido por Lúcio Costa, aonde a variedade tipológica ocorrerá com cautela, salvo em edificações que tragam consigo uma função cívica, tal como os edifícios da Praça dos Três Poderes por exemplo. As ocupações das Asas se dão ao longo de 16 quadras, nas quais percebe-se, em geral, uma unidade no que se refere ao parcelamento e modo de ocupação do solo. Num corte transversal, no sentido leste-oeste, as quadras se dividem em 600, 400, 200, 100, 300, 500, 700 e 900. A área de influência direta da avenida W 3 corresponde às últimas quatro, sendo que as quadras 500 e 700 compõem as margens desta avenida.

Parcelamento, urbanização, edificação

A análise que segue conduz 'a uma leitura sobre a relação entre a morfologia e o crescimento urbano e as forças subjacentes. Estabelecendo as principais tipologias urbanas das quadras e sua análise junto às atividades instaladas, aonde se analisam seus conteúdos internos e suas relações espaciais mais amplas.

h ref. = T + 6P = 22m

a) 500 sul

Uso misto: H = ½ h ref. = 11 m
Uso do subsolo optativo: Lotes de 5 m x 40 m

Estão autorizados acessos pelas laterais dos blocos., bem como a edificação de marquises na fachada W 2, o que exigiu um afastamento de 3 m nesta fachada. Tem ocorrido remembramento de lotes… Ao longo do tempo algumas lojas se partiram em frente e fundos. A franja referente às quadras 500 sul não chegou a estabelecer um setor residencial, prevalescendo o caráter comercial inclusive nas sobrelojas.

sto se deu devido às limitações da própria tipologia vigente na época da implantação destes edifícios, e ainda à pouca demanda para habitações, uma vez que as 700 sul passaram a ser rapidamente ocupadas com esta destinação. O fato da execução ter se dado por lotes e não por blocos gerou uma falta de unidade, e o conseqüente empobrecimento da arquitetura visível principalmente nas fachadas desta margem da avenida W 3.

b) 700 sul

Residencial, uso misto ao longo da via: H = 1/3 h ref. = 7, 22 m
Uso do subsolo optativo: Lotes tipo HP3: 6, 4 m x 20 m
T.O. = 100% da área no térreo. (1980) Lotes tipo HP5: 8 m x 20 m
Coeficiente de edificabilidade: 1,8
Piso superior: fachada frontal alinhada com térreo e fachada posterior com recuo de 6 m.Essas quadras foram ocupadas com residências geminadas unifamiliares dispostas em fileiras que dispõem de um sistema arterial de vias de serviço em cul-de-sac.

Originalmente compunham um conjunto arquitetônico de valor representativo, que trazia consigo o espírito coletivo da época da implantação de Brasília. Todavia hoje se perdeu o conceito de conjunto e as habitações sofreram alterações que romperam com a linguagem tipológica inicial, acarretando a falência da identidade e da qualidade arquitetônica. Ao se observar uma residência com frente para a W 3 sul, tem-se a nítida sensação de que aquela edificação poderia estar em qualquer rua de uma cidade interiorana.

Frente a uma visão metropolitana, esta situação torna-se insustentável, dado que a avenida W 3 localiza-se no centro do Plano Piloto, ou seja, num dos pontos de maior valor representativo e imobiliário do Brasil. Em 1968 a quadra 714 sofre uma alteração para a construção de edifícios residenciais, mantendo a densidade.

Blocos de habitações coletivas sobre projeção = PB + 2P
T.O. = 40% da área da quadra

A ocupação nesta quadra segue o modelo de implantação das Superquadras, com edifícios sobre pilotis livre. Esta quadra se destaca sobre as demais por apresentar uma solução de alta qualidade arquitetônica e urbanística, que se mantém ao longo do tempo. Este trecho corresponde à melhor porção da W 3 sul, assim como sua continuação até o setor hospitalar, que também está devidamente constituído.

c) 500 Norte SEPN, setor de edifícios de utilidade pública

Comércio e Serviços: H = 5/6 h ref. = 18,05 m ( T+ 5 pavtos)
Uso do subsolo optativo: Lotes: 63 m (de frente) x 37 m
T.O. = 57%
Taxa de Construção: 235%Afastamentos: 3 m (frontal e posterior), e 15 m quando na divisa com entrequadra.

Esta faixa corresponde à única margem da Avenida W 3 bem conformada por uma massa edificada contínua de razoável qualidade arquitetônica. Isto se deve a um modo de ocupação em blocos dispostos sobre terrenos de 2.300 m2, cuja altura corresponde à proporção compatível à dimensão de uma via do porte da W 3 norte.

Neste caso a tipologia foi capaz de absorver o uso previsto, e a previsão de áreas de estacionamento foi suficiente para suprir a demanda local.

d) 700 Norte – SHCGN, setor de habitação coletiva geminada norte.

Edifícios de apartamentos sobre projeção T + 3P

Estas recentes ocupações no final da Asa Norte comprovam a existência de um novo mercado para edifícios de apartamentos. Percebe-se a substituição gradativa das áreas destinadas anteriormente a residências unifamiliares, por novas destinações a edifícios residenciais e de uso misto. Como conseqüência estes setores apresentam uma melhora no padrão construtivo, e trazem a vantagem de recuperar a planificação de áreas de uso comum.

e) 700 Norte – SCRN, setor comercial residencial norte (entrequadras)

Uso misto: H = 3/5 h ref. = 13, 20 m
Lotes tipo EC4 6 m x 12 m
Lotes tipo EC4B 6 m x 32 m

Estas áreas correspondem a conjuntos edificados com alto grau de consolidação. Constituem basicamente, um setor complementar ao setor das 500 comerciais, aonde as principais atividades estão relacionadas `a venda de carros usados e oficinas mecânicas. Devido ao sistema viário presente na Asa Norte, estes blocos apresentam localização privilegiada, pois representam elementos conectores entre o comércio das entrequadras comerciais das 300 e as quadras 900. Todavia os edifícios apresentam baixa qualidade arquitetônica, agravada por execuções parciais que contribuíram para a falta de unidade nas fachadas. A previsão de áreas de estacionamentos seria suficiente não fosse o fato de que as oficinas utilizam a maior parte das vagas para seus carros em reparo, o que prejudica os demais usuários.

f) 700 Norte – SCRLN

Comercial, uso misto para sobreloja. H = ½ h ref. = 11 m

Construções geminadas

  • fila lindeira 'a W 3, lotes tipo EC2A 6 m x 8 m (prof.), com galeria de 4 m voltada para a avenida.
  • fila posterior, lotes tipo EC1 6 m x 15,4 m (prof.), também com galeria. Entre as filas de edifícios existe uma rua de serviço com 12, 60 m.
  • última fila, lotes tipo EC2, EA3, 6 m x 14 m, com galerias de 2 m na frente e aos fundos.

Esta margem da Avenida W 3 norte, representa a maior problemática de toda a intervenção que se propõe. Isto porque o alto nível de degradação, tanto em relação à porção edificada quanto em relação às áreas livres, constitui um descontínuo urbano completamente fragmentado. Testemunho de Niemeyer (1999):

“Lembro-me com tristeza, de minha passagem pela W 3. Um amontoado de prédios pessimamente construidos, uns contra os outros, num desacerto inqualificável. Não compreendo como aqueles projetos foram aceitos, nem como a construção foi permitida. São 6 quilômetros. Uma favela inconcebível…”

As edificações foram precariamente construídas e as áreas livres em sua maioria permanecem desurbanizadas ou ocupadas como pátios de estacionamento. A implantação das três fileiras de blocos de uso misto que previam corredores livres entre os blocos destinados à circulação de pedestres transformaram-se em becos estreitos devido à sucessivas invasões. Observam-se muitos avanços sobre o espaço público, equivalente a 43% das atividades instaladas. Em média o avanço é de 3,5 m. Dos 60. 929 m2 de área construída, 5. 140 m2 são de ocupação irregular. O uso instalado é outro fator que degrada o conjunto, lojas de veículos usados e oficinas mecânicas prejudicam o restante do comércio, que sofre pela falta de acesso aos estacionamentos. Apesar do atual estado deste setor, a análise indica que esta área pode vir a representar um setor de grandes oportunidades dentro da Transformação Urbana da Avenida W 3.

g) 900 Sul

Serviços e Cultura. H = 3/5 h ref. = 13, 20 m

Este setor apresenta-se bem constituído, representa um espaço de grande trânsito veicular, que se beneficia da continuidade e grande dimensão das vias locais. Os lotes de grandes dimensões abrigam instituições educacionais diversas, além serviços variados em ocupações de qualidade satisfatória.

h) 900 Norte

Serviços e Cultura. H = 2/5 h ref. = 8, 80 m

Esta área encontra-se em fase de ocupação, sendo que a primeira porção referente ao trecho que vai do início da Asa até as quadras 908/ 909 já se encontra ocupada em sua maior parte. Percebe-se o agrupamento de lotes em alguns casos, tal como o Colégio Militar e o CEUB. Estas ocupações constituem grandes “ilhas urbanas” que trazem uma série de conseqüências à região, como por exemplo para o sistema viário que não é capaz de absorver a demanda de veículos em horário de pico, dadas as pequenas dimensões das vias locais.

Deficiências pelos usuários

As propostas deverão estar embasadas não somente em avaliações de caráter técnico, mas deverão ser observadas as impressões dos usuários:

  • O espaço encontra-se subutilizado, onde não há utilização da estrutura comercial instalada (fechamento de lojas).
  • As atividades atuais são pouco atrativas e não se complementam.
  • Serve apenas como via de circulação, tanto para pedestres como para veículos.
  • Os estacionamentos são inadequados e insuficientes.
  • O espaço público está deteriorado.
  • Há carência de transporte coletivo que ligue a Avenida W 3 ao “eixão” e particularmente ao “eixinho de baixo”.
  • Os comerciantes da Asa Sul pediam:
  • mais estacionamentos,
  • desenvolvimento de atividades ligadas 'a diversão noturna,
  • urbanização das passagens de pedestres entre os blocos comerciais, abertura das lojas voltadas para estes espaços,
  • permissão do uso de subsolos para estacionamentos,
  • permissão de comércio nas 700,
  • arborização no canteiro central.

O cruzamento de todos os dados analisados irá oferecer os indicadores objetivos que definirão as atuações por ordem de prioridade. Algumas intervenções terão caráter local e outras serão estruturantes, além disso algumas medidas buscarão, através de atuações complementares, redisciplinar os usuários, direcionando-os à uma nova forma de interação com o espaço.

Oportunidades de atuação

A via W 3 representa em si um setor de grandes oportunidades. A análise aponta como principais valores patrimoniais:

  • o sistema viário, desde suas grandes vias longitudinais ao sistema “arterial” de vias de serviço
  • os grandes equipamentos urbanos
  • as tipologias associadas ao período de implantação da cidade
  • a morfologia das quadras 500 e 700 sul
  • o sistema de equipamentos sobre a via W 3 sul
  • o sistema de áreas livres das 700 sul
  • o conjunto edificado sobre as quadras 500 norte
  • o canteiro central da via W 3 norte original 'a implantação da via e sua arborização
  • os conjuntos referentes 'as entrequadras das quadras 500 e 700 norte, pela solução viária e potencial de ocupação
  • localização e caráter urbano
A via W 3 situa-se em um ponto estratégico no momento em que a cidade cresce para Oeste. Constitui a única via que atravessa a cidade de Asa a Asa, cuja função está estreitamente associada aos edifícios lindeiros. Os valores destacados deverão ser preservados pois constituem a própria identidade da via. Por outro lado, tendo a análise identificado as principais deficiências do setor, parte-se para o reconhecimento físico e funcional das mesmas:
  • Inconsistência edilícia em proporção à longitudinalidade e representatividade da via.
  • Dicotomia formal e funcional entre as margens da via
  • Deturpação do modelo tipológico original, referente às 700 sul.
  • Espaço público desvinculado do sistema de equipamentos, referente à Asa sul
  • Estacionamento inadequado e insuficiente sobre o canteiro central da via W 3 sul (que altera a concepção original)
  • Uso “improvisado” e indevida apropriação dos blocos residenciais lindeiros à avenida no trecho compreendido entre as quadras 703 e 707 sul
  • Comprometimento das calçadas devido a vias de serviço e faixas de estacionamento justapostas à via W 3 norte
  • Ocupação ilegal e desordenada sobre o espaço público das quadras 700 norte
  • Péssima qualidade edificatória nos edifícios das 700 norte
  • Inadequação das atividades instaladas no SCRLN (700 norte) à representatividade da avenida

Os 10 valores destacados representam a identidade do setor. As 10 deficiências representam a fragilidade do setor. Ambos representam oportunidades de atuação, sendo que o primeiro aponta potenciais a serem desenvolvidos e o segundo aponta importantes áreas que deverão sofrer intervenções de base.

Proposta – objetivos globais

a) Localizar e formalizar diretrizes

As diretrizes que irão nortear a Intervenção estão fortemente vinculadas ao conceito de revitalizar sobre áreas urbanas consolidadas. Aonde serão observadas as reivindicações dos habitantes e usuários do local como fortes condicionantes dos objetivos finais. Por outro lado, intervir na cidade que constitui o Centro Administrativo do Brasil, exige a utilização de uma “mentalidade metropolitana”. Sob este aspecto deve-se ressaltar que a W 3 consiste em um bem cultural de valor patrimonial para todos os habitantes de Brasília, e não somente para os residentes e proprietários de estabelecimentos comerciais locais. Desta forma, ao atuar sobre a W 3 a proposta considera fatores como a concentração de infra-estruturas e serviços urbanos característicos a zonas centrais, como elementos que poderão beneficiar maior número de usuários. Para isso serão indicadas novas abordagens sobre:

  • os espaços públicos
  • a utilização do sistema de vias “capilares” das quadras 700
  • as áreas destinadas a estacionamentos de superfície
  • a proporção entre transporte público e privado
  • as faixas edificadas que compõem as duas margens da via W 3

A formalização das diretrizes se dará através da definição dos Setores de Atuação, com a finalidade de delimitar áreas específicas, possibilitando que as mesmas sejam representadas por figuras como associações de moradores e comerciantes, tornando factível um processo de negociação e melhora sobre as mesmas. Defende-se assim, a recuperação de uma “mentalidade coletiva” como elemento-chave para a Intervenção que se pretende realizar.

b) Preservar e modernizar

Observadas as condições de preservação, o sucesso da Intervenção sobre a W 3 dependerá em grande medida de uma completa reapropriação do espaço objetivando sua modernização. É importante observar que intervenções urbanas sobre áreas de alto valor representativo, inevitavelmente deverão enfrentar-se com o dilema:

“Reabilitar e renovar”

O projeto proposto busca o equilíbrio entre estas duas posturas, entendendo que o ato de renovar não se opõe ao ato de conservar. Para a compreensão deste conceito é preciso assumir que: “Algumas peças da cidade cumprem seu ciclo vital e funcional, tornando-se necessária sua substituição”.

Tal fato deverá basear-se numa observação crítica do contexto histórico, social e econômico do momento de implantação das “peças” implicadas e de seu momento atual. A não substituição, quando necessária, acarretará um descompasso entre o passado e o presente, desencadeando efeitos como: perda de identidade dos espaços, tipologias adulteradas, perda de valor econômico associado a atividades comerciais e conseqüente perda do poder de agregação. O diagnóstico deste trabalho comprova que a via W 3 passa por um processo semelhante ao descrito, aonde uma série de elementos apresentam características de deterioração. A proposta deverá então, através do Plano de Reordenação Física e Funcional sugerir áreas de Reabilitação e áreas de Renovação edificatórias e urbanas.

c) Programar o equilíbrio de usos e densidades

O caráter residencial das 700 deverá ser ressaltado e esta franja deverá apresentar-se como um novo Setor Habitacional para a cidade. Para isso algumas de suas antigas estruturas passarão por um processo de remodelação, enquanto outras deverão dar lugar a novas estruturas que contemplem pequeno acréscimo de densidade sem o comprometimento das áreas livres existentes, através da manutenção dos índices de ocupação do solo. O uso misto deverá integrar-se a essas novas estruturas propostas, pois atuarão como “catalizadores” na relação entre espaço público e área edificada. Desta forma o comércio não mais se limitará ao eixo da via W 3, e suas ramificações trarão o caráter de comércio local suprindo a demanda das quadras residenciais.

d) Redimensionar o papel da Via W 3 No atual esquema funcional de Brasília

Devido ao alto valor estratégico de todo o setor de influência da via W 3, deverão ser observadas suas principais características, objetivando sua integração ao novo esquema funcional de Brasília. Neste esquema a via W 3 atua como porta à Zona Oeste da cidade e deve tirar partido desta posição. A Avenida W 3 desempenha atualmente, além de sua função conectora e estruturante no sentido norte-sul, a função de distribuidora no sentido leste-oeste. A potenciação desta nova função é fator fundamental para a intervenção que se pretende implementar.

Proposta – objetivos específicos

  • Recuperar a qualidade de vida e integração urbana das áreas objeto.
  • Promover melhor acessibilidade aos transeuntes.
  • Favorecer a permanência das pessoas, evitando o papel de zona de circulação.
  • Conformar as áreas livres, atribuindo às mesmas um valor simbólico e funcional.
  • Vincular as áreas livres aos edifícios de equipamentos.
  • Modernizar edifícios existentes e compor novos conjuntos edificados.
  • Estabelecer linguagem arquitetônica unificadora.
  • Homogeneizar as frentes edificadas da via W 3.
  • Proteger o paisagismo existente.
  • Recuperar o caráter original do canteiro central.
  • Estimular atividades econômicas e fomentar novas atividades, tais como serviços de lazer.
  • Estimular o aproveitamento do subsolo para a criação de vagas de estacionamento.
  • Marcar e diferenciar os acessos aos blocos comerciais, reforçando o sentido de linguagem.
  • Valorizar os elementos que motivaram a preservação histórica de determinadas áreas e determinados edifícios.
  • Preservar o caráter monumental da via em seu tramo referente à zona central.

Atuações estratégicas

Elaboração de linhas de atuação em três escalas:

  • Global Sistema Cidade (encaixe na cidade). Atuarão como estruturadores da Intervenção
  • Intermediária atuações x atuações. Respeitada a ordem de escalas definida por Lúcio Costa, estas áreas se apresentarão como novos pólos aglutinadores de atividades. Deverão à escala local, potenciar o comércio da W 3 e à escala de cidade, alavancar a representatividade da via dentro do seu novo papel de porta de entrada à zona Oeste de Brasília.
  • Local cada atuação e seu entorno imediato.

Atuações pontuais distribuídas por setores, valorizando as particularidades de cada área e buscando reforçar a identidade dos conjuntos edificados e seu entorno imediato.

a) Planos globais. Plano de circulação e acessibilidade

A via W 3 como porta de entrada à Zona Oeste da cidade A proposta busca reforçar a vocação da Avenida como elemento suturador no sentido leste-oeste. Ao longo do eixo da Avenida deverão ocorrer uma série de acessos aos Grandes Equipamentos, que por sua vez atuarão como bolsas distribuidoras do tráfego proveniente da zona central. Sendo assim a via W 3 passará a desempenhar efetivamente a dupla função: Conectora (norte-sul) Distribuidora (leste-oeste) É importante observar que este Plano possui caráter “disciplinatório”, no qual se busca, através do recondicionamento do usuário, propiciar uma releitura sobre o setor que permita um funcionamento integrado à atual dinâmica da cidade.

Os dados analisados comprovam a “singularidade” da via W 3 ante as demais vias longitudinais do Plano Piloto. Percebe-se o forte comprometimento da via ao sistema que se inicia nas quadras 300 e termina nas 900. Isto reforça a necessidade de propiciar conexões transversais eficientes. Sob este enfoque o sistema viário da W 3 norte encontra-se em conformidade com o que se propõe. O projeto entende que, no caso da W 3 sul novas conexões transversais deverão ser propostas. Isto deverá acarretar em perda de velocidade no sentido norte-sul, fator que em nada comprometerá a proposta de Revitalização da W 3, nem tampouco o funcionamento geral do sistema viário do Plano Piloto.

b) Desenho alteração do viário na 10. Reforço do caráter urbano da via W 3

Considera-se como ordenador do funcionamento circulatório da via W 3 o sistema de setores proposto. A partir da composição destes setores que irão conformar a Intervenção , se definirá a nova acessibilidade pretendida para o setor como um todo. O sistema de vias “capilares” das 700 sul, referente às quadras residenciais das 700, é visto pelo estudo como suficiente para suprir a demanda dos residentes. Por outro lado, em caso de incorporação do uso comercial pelas estruturas lindeiras à via W 3, a demanda por mais vagas de estacionamento deverá ser solucionada por garagens no subsolo dessas projeções. Tais garagens poderão ter seus acessos através das vias “capilares”. A franja de uso misto das 700 norte passará por uma remodelação na qual serão configuradas quatro quadras delimitadas por um viário simples. Desta forma haverá uma redução de 50% da área atual destinada ao viário. Deverá ser estimulada a ocupação do subsolo da área livre central por estacionamentos.

O objetivo destas 2 atuações-tipo seria a máxima utilização do sistema viário complementar à W 3, para a conseqüente liberação das calçadas para o uso do pedestre. Liberam-se as duas faixas centrais para rolamento prevendo a utilização das faixas da direita nos dois sentidos para:

  • estacionamentos longitudinais temporários
  • áreas delimitadas para desembarque de mercadorias em horário não comercial
  • paradas de ônibus
  • eventuais alargamentos das calçadas em pontos estratégicos que facilitem a travessia e a integração das áreas livres.
  • O canteiro central deverá ser preservado em sua composição original, e recuperado nas áreas da Asa Sul aonde se implantaram estacionamentos nos anos 70.

O estudo sobre as seções ao longo da via deverá, trecho a trecho, induzir a uma leitura hierárquica, na qual ora se apresenta o pedestre como protagonista, ora se beneficia a circulação de automóveis.

c) Ruptura do caráter de via de circulação

Uma vez que Brasília possui eixos viários potentes como o Eixo Rodoviário, seus adjacentes, os “eixinhos de baixo e de cima”, e ainda a via L 2, que estruturam o tráfego no mesmo sentido que a via W3, a proposta apoia-se na hipótese de que a via W 3 não deverá agregar para si a função de via rápida. Lúcio Costa em visita à Brasília no ano de 1985, sugeriu que se aliviasse o tráfego da W 3, e se criasse as condições necessárias para atraí-lo o máximo possível para o Eixo Rodoviário. O sistema circulatório proposto estará vinculado ao funcionamento das vias adjacentes, e principalmente às vias W 4 e W 5, uma vez que estas vias já vêm apresentando vocação de estruturadoras do tráfego no eixo norte-sul.

A oferta de um transporte coletivo de caráter mais local auxiliará no processo de descongestão da via. Na Asa Norte, na banda referente às 700 de uso misto, percebe-se a presença do viário complementar como elemento fragmentador de áreas livres. Busca-se através de uma racionalização das vias de serviço e redução drástica das áreas de estacionamento de superfície, conformar quarteirões bem delimitados. Aposta-se nesta atuação como alavanca para futuras transformações, configurando definitivamente esta margem da W 3 norte.

d) Sistematização dos espaços públicos

Sempre que possível, deverá ser tirado o máximo proveito do espaço público. Isto se dará através da criação de itinerários longitudinais e transversais, que deverão constituir um sistema lógico ao longo da via W 3. A valorização do espaço público também se dará através de sua vinculação a edifícios de equipamentos e da implementação estratégica de novas edificações, que poderão reforçar a demanda por este espaço. No caso da W 3 Sul, as “praças” das quadras 708/ 707, 706/ 705 e 704/ 703 deverão vincular-se mais diretamente à margem leste da via W 3. Desta forma deverão ser marcados os trechos de cruzamentos, avaliando a possibilidade de alargamento de calçadas, ressaltando assim a preferência do pedestre. A praça da 708/ 707 deverá associar-se à Escola Parque e seu Auditório, podendo trazer elementos lúdicos e de lazer em sua composição (ex.:pistas de skate).

Deverá ser observado o impacto sobre a vizinhança, ainda que a proposta também contemple intervenções sobre estas áreas, conforme se apresenta adiante. Quanto às outras 2 praças e sua relação com a margem leste da W 3, a proposta contempla a possibilidade da realização de operações conjugadas entre o poder público e o interesse privado, através da ocupação das áreas referentes aos estacionamentos das 500 com garagens no subsolo e edifícios de equipamento e terciário em superfície. A área referente ao acesso ao Parque, definida pelo Setor III, deverá ser submetida a uma nova abordagem, que elevará este ponto à posição de principal espaço público da via W 3 sul. No restante da Asa Sul, entende-se que o espaço público encontra-se bem ordenado em corredores ortogonais bem constituídos, formalmente e paisagisticamente, devendo o mesmo ser objeto de preservação, juntamente à morfologia do Setor.

A Asa Norte, por sua precária constituição na área referente às 700 comerciais, não apresenta um sistema lógico de espaços públicos, assim sendo, a proposta busca solucionar esta lacuna através da destinação de áreas específicas que constituam praças. A proposta sugere uma nova abordagem sobre a “banda comercial” das 700 e sobre este setor será proposta uma sistematização dos espaços públicos. Se aposta na integração das duas margens da via através deste reordenamento.

Plano de reordenação física e funcional

a) Ações de reabilitação x operações de renovação

Um concurso de idéias como o presente abre espaço para uma reflexão mais consciente e comprometida com a cidade. A proposta, baseada numa forte conceituação e análise crítica sobre a área em questão, apresenta alguns ensaios e simulações de caráter “intervencionista” que deverão ser vistos como referências para possíveis cenários futuros. O trabalho sugere a renovação de algumas estruturas a longo prazo e defende a realização de ações de base como a única forma de conferir à via W 3 seu real valor e significado.

Todavia não poderia desconsiderar que todo processo de Renovação aumenta o grau de complexidade da Intervenção Urbana e envolve um lento processo de convencimento dos agentes implicados, exigindo procedimentos técnicos como a elaboração de um perfil sócio econômico detalhado e longas negociações com juntas compostas pelos diversos segmentos do setor trabalhado. Por isso o trabalho assume que, num primeiro momento as intervenções de “caráter cirúrgico” deverão restringir-se a espaços público e viário, incluindo a previsão de meios que permitam ajustes sobre as infra-estruturas no futuro. Paralelamente serão iniciadas as Intervenções de Reabilitação, aproveitando este momento para iniciar uma aproximação com a população envolvida. As ações de Reabilitação deverão ser vistas de duas formas, conforme sua localização:

  • 500 Sul. Ações de caráter duradouro, cujo objetivo será compor conjuntos a partir da quadra como unidade. Entende-se aqui a ocupação padrão como valor patrimonial.
  • Atuação-modelo. Teatro Galpão, 508 Sul
  • 700 Sul internas. Ações de caráter duradouro, aonde a ocupação tipo deverá ajustar-se aos padrões construtivos e de gabarito a serem pautados conforme o perfil da comunidade
  • 700 Sul lindeiras à via W 3. Ações de caráter transitório observando incentivos que sinalizam para um processo de Renovação dessas estruturas.
  • 700 Norte internas (residenciais). Ações de caráter duradouro, aonde a ocupação tipo deverá ajustar-se aos padrões construtivos e de gabarito a serem pautados conforme o perfil da comunidade. As áreas livres deverão ser urbanizadas em operações que vinculem a participação dos habitantes de cada quadra na implementação e manutenção destes espaços.
  • 700 Norte lindeiras à via W 3 (comerciais). Ações de caráter transitório observando incentivos que sinalizam para um processo de Renovação dessas estruturas.
  • 500 Norte. As edificações que nesta faixa se instalam deverão ser mantidas em seu caráter original. Deverão ser observados alguns casos isolados de reabilitação.

Plano de reordenação física e funcional

a) Redistribuição dos usos (zoneamento)

Os usos serão mantidos em sua composição básica, respeitando as “escalas” de composição, sendo que a proposta sugere apenas pequenas alterações localizadas, que não irão comprometer o caráter original de cada setor. Os focos principais da atuação serão as ocupações lindeiras à via W 3, entendendo que as mesmas serão fundamentais na reanimação do caráter comercial da via. Observa-se na Asa Sul, que já ocorre alteração de uso residencial para uso terciário nas edificações que margeiam a Avenida, no trecho que vai das quadras 703 à 707.

A proposta entende que esta adaptação reflete a existência de demanda para o uso que se instalou sobre esta franja. Aonde inclusive já se compôs uma associação de proprietários e comerciantes mobilizados pela intenção de tornar legítimo o novo uso instalado. Outro fator defendido pela proposta é o de que a integração entre as duas margens da Avenida só será possível através da potenciação do caráter comercial e terciário em ambas. Desta forma o planejamento deverá estimular o uso comercial no piso térreo das ocupações referentes às primeiras fileiras edificadas das 700 sul, além de liberar o uso do subsolo.

Operações vinculadas aos estacionamentos das 500 Sul

A presença de áreas destinadas a estacionamentos nos intervalos dos blocos das 500, consiste em elemento estratégico na Intervenção sobre a W 3 Sul. Estas áreas são vistas como importante reserva de solo público e poderão auxiliar na viabilização do conjunto de atuações de um dado setor. Para isso será prevista a utilização de dois níveis de subsolo para garagens com a transformação da área de superfície composta de:

  • grande praça
  • edifícios anexos aos blocos das 500 que ocupem um máximo de 20% da área de superf&ia

    source
    Equipe do Projeto
    Belo Horizonte MG Brasil

comments

021.01 Concurso
abstracts
how to quote

languages

original: português

source
Organização do Concurso
São Paulo SP Brasil

share

021

021.02 Concurso

Prêmio Caixa-IAB Habitat Brasil 2001/02

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided