Navio Garagem
A área do Castelo (que leva este nome por causa do desmonte do Morro do Castelo no início do século XX) é onde se concentra a maioria dos escritórios, bancos e comércio da cidade do Rio de Janeiro.
Esta área, devido ao antigo Zoneamento Funcional da cidade, abriga quase que exclusivamente estas funções, ou seja, carece de residências.
Esta situação gera uma migração diária de ida e volta do trabalho (chamada de movimento pendular) de bairros residências de toda a cidade. Esta migração realizada por vários meios de transporte é tão intensa e determinante na vida da cidade que os bairros de subúrbio servidos pela rede ferroviária passaram a ser conhecidos como “bairros dormitórios”, numa referência ao trabalhador que só tinha tempo pra chegar em casa e dormir, tamanho o tempo do transporte casa-trabalho.Quem possui automóvel vive situação diferente, porém igualmente problemática: O congestionamento diário e a dificuldade de estacionamento no Centro da cidade. As calçadas e estacionamentos oficiais não dão conta da demanda. Para tentar supri-la, foram feitos estacionamentos nos interiores de quadras, empreendimentos como o Edifício Garagem e mais recentemente, o estacionamento subterrâneo da Cinelândia. Mas isto está longe se ser o bastante.Esta situação torna o potencial valor de uma vaga de estacionamento no Centro muito atraente. Por isso, vários terrenos na área compreendida entre a Avenida Presidente Antônio Carlos e a Praça do Mercado Municipal (Cais Pharoux) formam um grande aglomerado de estacionamentos em terrenos não edificados. Isto leva ao abandono destes lugares, o que favorece a violência e a degradação urbana ainda maior. É de interesse de todos que estes terrenos voltem a integrar a conjunto urbano em que estão inseridos, e não serem apenas “quintais” do mesmo.No caso específico da Praça do Mercado Municipal, um estacionamento hoje ocupa o lugar do antigo Mercado da cidade, demolido na década de 70 em razão da construção do viaduto da Perimetral. O único vestígio deste Mercado é uma de suas torres, do total de quatro, onde funciona atualmente o restaurante Albamar.A Praça se diferencia das outras situações de estacionamento da cidade por estar localizada junto a Baía de Guanabara e em uma área de grande importância histórica, com espaço generoso e grande potencial de uso público. Mas esta reconversão funcional deveria acontecer sem diminuir a oferta de vagas existente, o que traria prejuízos a outros lugares e ao mesmo tempo não ocupasse outro terreno da região.A vizinhança com a Baía de Guanabara revela outro problema: vários navios mercantes abandonados, poluindo a Baía e representando um perigo para o tráfego marinho, além de serem um desperdício de aço e espaço. O Navio Roll-on/ Roll-off (Ro/ Ro) é um destes navios e transporta carros e outras cargas móveis pelo mundo.A proposta “Navio Garagem” é reformar um Navio Ro/ Ro abandonado e transferir as vagas de estacionamento do Mercado Municipal para lá. Aproveitando a infra-estrutura existente do navio (cozinha, banheiros, rede elétrica e hidráulica...) foram propostas outras funções de atração de público: quatro cinemas, café, livraria, restaurante, boate e mirante, que junto com as vagas de automóvel, completariam o conjunto.A Praça, agora livre dos carros, teria todo o piso nivelado, com balizadores para impedir o tráfego de carros pela praça. Na rua que separa a praça da Baía, seria permitido o tráfego de automóveis, porém, os balizadores verticais e o único piso texturizado criaria uma situação de “traffic calming” e a possibilidade de circulação de pedestres mais intensa, lazer e contemplação.
ficha técnica
Aluno
Alfredo Carlos da Luz NetoOrientado
André Orioli Co-Orientadores
Margareth Pereira; Valéria HazanFaculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro