O partido adotado na proposta privilegia primordialmente a questão da circulação, pois esta norteia o anseio anterior de se resgatar a característica intrínseca do mercado, como local de comércio, encontro e passagem. A circulação foi estruturada em primária, compreendendo a rua interna (periférica), praça e acesso pela rua Oswaldo Aranha, e secundária, os acessos às dependências internas (biblioteca, restaurante e etc). A primária absorve o público externo, que dela se utiliza como passeio público ou acesso à circulação secundária.O mercado assim, é inserido no contexto urbano não mais somente como núcleo isolado, apresenta-se também agora como passagem urbana, interagindo com as ruas contíguas a ele.
Uma praça central foi proposta, preservando-se a estrutura do corpo principal do projeto original, caracterizando-se como espaço de convívio social, sugerindo, contudo, intimidade quando é resguardada por um ajardinamento linear, que aspira também a função de transparecer a antiga edificação, exaltando-a.
Foi proposto um novo bloco, ou seja, um anexo ao mercado, abrigando o auditório/cinema e salas multiuso. Este espaço não se configura como elemento intemperante, competindo com a edificação existente, pelo contrário, seu tratamento cromático e pureza de formas repousam no espaço singularmente.
O bloco de auditórios se liga ao corpo central do mercado por uma cobertura leve, sobre a rua interna, onde acontece o comércio em bancas organizadas linearmente, caracterizando-se como caminho, com nível mais baixo que a praça central, sugerindo um sutil convite pelas escadas e rampas, ao nível visual superior, inusitado.
O projeto expõe nossa preocupação com a integração entre a edificação existente e a nova. A idéia da transparência da cobertura, da leveza e simplicidade no tratamento cromático, da pureza dos elementos arquitetônicos e materiais absorveram essa condicionante como premissa.
Parte da cobertura do mercado foi suprimida, pois perdeu sua função inicial de abrigar parte da edificação demolida na proposta, o que a confrontaria com o partido desenvolvido. Facilitou-se, assim, a ventilação cruzada e a iluminação das dependências criadas.
Foram propostos, em simetria bilateral, dois solários, sendo utilizada a cobertura do corpo preservado do mercado, como local de descanso, oportunas reuniões festivas e até mesmo mirante, de onde se assiste à cidade.
A cobertura em cobre, nas extremidades da praça central, justifica-se, na medida em que se faz necessário dar maior vigor e peso àquele elemento, a intenção é demarcá-lo no contexto, abstraindo sua função.
As treliças e pilares originais do projeto foram mantidos, desenhando o passeio da praça, os novos materiais contrastam e assumem o caráter do antigo, porém sem feri-lo, apenas sugerindo.
A escala das lojas incita um espaço mais harmonioso e confortável, acata o visual de uma feira de comércio, abrindo-se na escala elevada da cobertura da praça central. Seu revestimento em pedra remete ao antigo, sem confundir-se com ele.
ficha técnica
Arquiteto Dante Furlan (SP).
Equipe
Arquitetos Euclides Oliveira, Alex Furlan Rodrigues, Carolina Mello Carvalho, Daniella Vian Matavelli, Eduardo Bazarin e Fernando Romano.