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PORTAL VITRUVIUS. 6º Prêmio Jovens Arquitetos 2004. Projetos, São Paulo, ano 04, n. 043.01, Vitruvius, jul. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/04.043/2351>.


Categoria Arquitetura – Obra Executada

 

O programa solicitado pelo cliente foi um espaço comercial para um salão de cabeleireiros, mais um de uma rede de seis lojas já estabelecidas em São Paulo. Mais que apenas um edifício em si, pediu-se a criação de uma linguagem estética que aos poucos se tornasse símbolo e padrão para toda a rede. Ao salão foi reservado o pavimento térreo de 250 m2, e no pavimento superior previu-se espaço para locação com instalações hidráulicas flexíveis. O subsolo é um estacionamento com vagas rotativas, e funciona independentemente dos outros dois estabelecimentos do edifício.

Outro dado importante que se teve de considerar foi a idéia de uma futura ampliação para o terreno vizinho. Além disso, edifício deveria contemplar necessariamente propostas de fácil conservação e uso correto de energia dentro de possibilidades economicamente viáveis, como iluminação natural, energia eólica, aquecimento a gás e captação de águas pluviais para posterior  reutilização. Esses fatores foram utilizados, se não totalmente, dentro das possibilidades do programa.

O partido do projeto foi definido em função desse conjunto de necessidades, sendo a iluminação natural o carro-chefe da concepção. As entradas dos dois andares dispõem de iluminação zenital controlada por brises Luxalon, e a lateral do corpo suspenso da edificação é totalmente aberta para o norte, com uma grande cortina de vidro. Para controlar a insolação nesta fachada e, ao mesmo tempo, criar uma microclima agradável para os clientes dos estabelecimentos, optou-se por criar um longo jardim, que realiza a transição do interno e externo; um brise em gradil, realizado em aço galvanizado, controla o nível de iluminação e de temperatura, configurando uma lâmina paralela ao vidro na fachada norte.

O conjunto vidro, jardim e gradil funcionam como um filtro entre o exterior e interior, valorizando o espaço interno projetado e criando um interessante espaço semi-interno que valoriza o ambiente, podendo inclusive ser destacado através de iluminação artificial durante o atendimento noturno dos estabelecimentos.

A estrutura é feita em patinável SAC41 e possui uma treliça de perfis e barras de mínimas dimensões, que procura estar presente de maneira leve, embora bem delineada. Localizada entre o fechamento de vidro e o brise-gradil, ela forma um terceiro plano, em meio ao jardim, evidenciando a estrutura metálica.

Graças à restrição de apoios possibilitada pelo atirantamento da estrutura, foi possível criar um estacionamento mais flexível e com maior numero de vagas, como o programa necessitava. A leveza da porção suspensa sobre o estacionamento equilibra a aparente rigidez da porção frontal da edificação, firmemente apoiada sobre o solo e com vedação diferenciada.

Grande parte da fachada frontal foi projetada com vedação em vidro, marquises de brises de alumínio e uma marquise em alumínio pintado que demarca a ampla escada de acesso ao pavimento superior. A transparência da fachada frontal dialoga com a porção posterior suspensa, e faz um contraponto com a lateral cerrada.  Com a possível ampliação do edifício na lateral esquerda, a intenção é integrar a escada e a fachada da edificação com o futuro bloco, de maneira a passar a sensação ao visitante de que elas foram criadas ao mesmo tempo.

Estrutura

Desde o início do projeto teve sua estrutura pensada em aço, visando atender duas necessidades: uma futura ampliação para o terreno vizinho, sem que a obra afetasse as atividades cotidianas da parcela em funcionamento, e  um prazo reduzido de execução da obra.

A estrutura foi estudada a fim de proporcionar espaço interno livre, ideal para o programa de um salão de cabeleireiros. Além disse, convenientemente amplia o leque de possíveis inquilinos do andar superior. O vão menor foi vencido com perfis “I”, que compõem toda a estrutura, e estão apoiados em uma estrutura lateral em forma de treliça. A treliça tem tirantes de seção circular e pilares intermediários que possibilitam a uniformização da dimensão dos perfis, tornando o desenho da estrutura muito leve e interessante. Essa treliça, aliada ao extenso gradil que cumpre função de brise na fachada norte se torna um dos elementos-chave do projeto, aparente tanto por dentro como por fora do edifício.

Os fechamentos laterais em vidro e se encontram deslocados da linha de estrutura, deixando-a clara e fazendo dela um plano limpo, ancorado em meio ao jardim que está ao redor do edifício. A estrutura metálica é de aço patinável SAC41 e o gradil lateral à guisa de brise é de aço galvanizado, respondendo à necessidade de manutenção e a critérios de estética imaginados na composição interna e externa do projeto.

ficha técnica

Obra
Studio Kaze

Cliente
Haruo Ishii

Local
Rua Paes de Barros 2712, Mooca, São Paulo SP

Data do projeto
2002

Data da conclusão da obra
2003

Área do terreno
450 m2

Área construída
430 m2

Arquitetura
Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos

Luminotécnica e Projeto de Interiores
FGMF

Paisagismo
Shinzo Okuda

Projeto Estrutural
Companhia de Projetos

Projetos Elétrica e Hidráulica
Interplanus Engenharia

Construção
FGMF e Sangeo Engenharia e Construções Ltda

source
Arquiteto premiado
São Paulo SP Brasil

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