Assentamento humano para situações transitórias
O trabalho de socorro a grupos humanos em situações de emergência consiste em um conjunto de ações coordenadas que extrapola a simples criação e montagem de abrigos. Muito além das soluções técnicas necessárias para a acomodação temporária de uma população em trânsito, todo um corpo de planejamento e um acertado entendimento das demandas são de extrema importância para o sucesso da assistência. Sendo assim, arquitetos e engenheiros, detentores do conhecimento técnico específico nesta área, devem propor soluções de acordo com diretrizes que garantam esta totalidade.
No caso de desastres físicos, migrações forçadas ou desapropriações por motivo de projetos de reestruturação urbana, não somente o teto é perdido. A população afetada perde suas principais referências, necessitando, assim, de um aparato de assistência maior que ultrapassa o abrigo provisório. Porém, é preciso levar em consideração que estas pessoas, devido ao trauma vivido, possuem capacidade de cooperação. Todas as ações de socorro devem ser realizadas em conjunto, promovendo uma situação de convivência capaz de amenizar os prejuízos obtidos pelo deslocamento forçado.
Diante das considerações levantadas, a proposta aqui apresentada para este concurso de idéias consiste na elaboração de um “Assentamento Humano para Situações Transitórias” destinado a populações que se encontram no período entre o processo de deslocamento do seu habitat original e a reintegração das condições normais de moradia. Não só a habitação foi pensada para a idéia. A assistência às famílias deve ser integral. O assentamento proposto possui equipamentos diferenciados, tais como; centro comunitário, espaço infantil, escritórios para instituições, alojamentos de apoio, banheiros coletivos, armazéns e depósitos.
O Assentamento tem capacidade para 300 famílias, o que corresponde a um número médio de 1.200 pessoas. Ele possui diâmetro de ocupação de 505 metros e se organiza a partir de uma malha de hexágonos de 10.80 metros de lado. Os desenhos do trabalho mostram uma situação onde o Assentamento estaria com sua capacidade máxima de abrigados. Caso exista uma maior demanda, outro núcleo independente deve ser montando. Assim, o princípio a ser seguido é o de polinucleação e não mononucleação. Por outro lado, se a demanda requisitada for de um número menor de famílias, somente parte do sistema pode ser utilizado.
Um aspecto importante da proposta consiste no arranjo espacial dos abrigos. A cada grupo de cinco abrigos (um para cada família), um nicho habitacional é criado, anexando-se uma montagem de apoio provida de cozinha, refeitório, lavanderia e lavabo. O abrigo possui somente a função de dormitório, não se tratando de uma habitação completa. Assim, o caráter de provisoriedade é reafirmado.
Os sistemas de abastecimento de água e coleta de resíduos devem ser dispostos de acordo com os recursos disponíveis. A distribuição de pontos de água encanada para cada aglomerado habitacional é oneroso, e por vezes inviável, devido o caráter temporário do assentamento. A armazenagem de água em potes distribuídos para cada aglomerado pode constituir a solução de abastecimento mais simples e barata. A população abrigada ficaria ela mesma encarregada de coletar a água em uma caixa d´água central e estocá-la nos potes fornecidos. Do ponto de vista da solução de esgotamento sanitário, o sistema de fossa seca é o mais indicado para coleta de resíduos, pois não exige uma demanda de água em quantidade e ainda produz adubo para a prática da agricultura.
Para atender às inúmeras situações previstas para o Assentamento, propõe-se uma única estrutura modular capaz de articular-se em diferentes arranjos espaciais de modo a formar os diversos equipamentos já citados. Para tanto, algumas diretrizes de projeto foram seguidas:
1. Portabilidade: as peças formadoras do módulo devem ser facilmente armazenadas, transportadas e montadas;
2. Reutilização: sendo mantido adequadamente, o módulo deve ter vida útil prolongada e servir para várias situações;
3. Montagem facilitada: o sistema construtivo deve ser de fácil apreenção devido a participação da própria comunidade assistida no processo. O peso das peças não pode extrapolar a capacidade de carregar de duas pessoas. O número de ferramentas necessárias deve ser reduzido, limitando-se a simples pás e enchadas;
4. Flexibilidade: além da capacidade de aglomerar-se na composição de outros espaços, o módulo deve ter layout interno flexível capaz de atender as mais diversas demandas;
5. Padronização: busca-se um partido que exija o menor número de peças possíveis assim como redução da variedade de materiais.
Formalmente, o módulo possui a forma pura de uma planta baixa hexagonal resultante de um corte das arestas de um triângulo eqüilátero maior. O hexágono, base da montagem, é dividido numa malha triangular exata de 13 unidades produzindo formas baseadas no ângulo de 60 graus. Os painéis de vedação vertical são dispostos de acordo com o layout desejado, não sendo obrigatório o perímetro do ambiente criado coincidir com o do hexágono maior da base. A coberta triangular de três águas coroa a montagem.
Toda a estrutura do módulo é de alumínio devido a resistência deste material aos esforços e as intempéries. O sistema construtivo constitui numa adaptação de uma solução já existente no mercado utilizada largamente na montagem de palcos e estruturas para eventos. A parte de vedação e coberta é feita por velcros de nylon e peças duplas de tecido chamado Acqua Block da empresa Karsten destinados no mercado para estofados em áreas externas. Constituído de 80% de algodão, este material possui as fibras envolvidas por uma resina de grande resistência que impede a penetração de água e poeira mantendo o arejamento entre os fios. O piso é formado por placas triangulares dispostas logo acima da base estrututral. As placas são feitas por chapas sintéticas Ibaplac fabricadas a partir de um processo de reciclagem de caixas de alimentos tipo Tetra Park. Possuem ótima resistência às intempéries, podem ser serradas, cortadas, pregadas, parafusadas, lixadas, pintadas e até mesmo coladas, mantendo sua integridade porque não desfolham e não trincam.
Toda a estrutura do módulo é de alumínio devido a resistência deste material aos esforços e as intempéries. O sistema construtivo constitui numa adaptação de uma solução já existente no mercado utilizada largamente na montagem de palcos e estruturas para eventos. A parte de vedação e coberta é feita por velcros de nylon e peças duplas de tecido chamado Acqua Block da empresa Karsten destinados no mercado para estofados em áreas externas. Constituído de 80% de algodão, este material possui as fibras envolvidas por uma resina de grande resistência que impede a penetração de água e poeira mantendo o arejamento entre os fios. O piso é formado por placas triangulares dispostas logo acima da base estrututral. As placas são feitas por chapas sintéticas Ibaplac fabricadas a partir de um processo de reciclagem de caixas de alimentos tipo Tetra Park. Possuem ótima resistência às intempéries, podem ser serradas, cortadas, pregadas, parafusadas, lixadas, pintadas e até mesmo coladas, mantendo sua integridade porque não desfolham e não trincam.
ficha técnica
Universidade Federal do Ceará / Fortaleza Brasil Orientador: José Almir Farias