Introdução
Na observação das manifestações de arquitetura espontânea, sobressai a força de identificar e marcar o território. Ela se verifica no ato de possuir de seus habitantes, quando se estabelecem em um lugar. Reconhecendo esta característica como um valor na concepção de uma habitação pobre, e buscando potenciar tal constatação, esta proposta concebe a habitação desde uma interioridade, que se abre às interpretações e expansões particulares, e não o contrário. Se tradicionalmente a habitação social possui limites perimetrais que definem o total do espaço, esta habitação nasce com um módulo/móvel que funciona como suporte das funções mais essenciais, ou aquelas que mais requerem proteção da chuva, solo, etc., permitindo que os usos mais ativos e variáveis se expandam na periferia deste móvel na medida em que seja necessário.
Proposta
A habitação é concebida a partir de uma “alma” maciça. Disponibiliza teto, piso, três camas, cozinha, closet, banheiro, cadeiras e mesa em um só corpo monolítico. Mais do que entregar limites, ela outorga um móvel/habitação aonde se resolve o essencial, no momento em que se mantém aberta às variações de possíveis modos de ocupação.
Tal condição de expansão e reinterpretação é considerada fundamental, e objetiva a conquista de uma identidade para a habitação e assim somá-la como valor positivo ao conjunto. Mediante subtrações, o volume dá lugar a espaços, nichos e superfícies que abrigam os pertences de seus habitantes, aproveitando assim a riqueza formal e o vínculo afetivo com estes objetos.
Conjunto
O corpo e os espaços da habitação formam parte de um sistema maior, coberto por uma malha que confere sombra e acolhe possíveis expansões.
Implantação
Climas temperados a quentes.
Materialidade – construção
Dado que a proposta propõe um corpo monolítico, é factível e atraente a possibilidade de fabricar esta única peça em um molde reutilizável, reduzindo substancialmente os custos de produção. Para isto se pensou o uso do poliuretano espumoso rígido. Embora hoje este material seja caro, para marcar posição em um concurso de idéias, se explorou a possibilidade, levando em conta que os progressivos avanços tecnológicos colocarão este material ou outros similares ao alcance da habitação social em um futuro próximo. Chegam dois caminhões, um com um molde de aço e o outro com os componentes químicos para a fabricação de 100 casas.
Ao molde são conectadas mangueiras em seus 3 pontos de injeção, por onde se bombeia o poliuretano espumoso, aonde já foi agregado previamente o corante que dará o tom particular a esta habitação. Após um período de repouso, o material espumoso completará sua expansão e ficará rígido.O desmoldante deixará uma película de silicone impermeabilizante, enquanto a estrutura alveolar da espuma assegura um excelente isolamento térmico e acústico. O molde é retirado e a casa fica ao ar livre, apresentando sua forma forjada. Desta maneira, com um único molde é possível fabricar ao menos 12 casas por dia, sendo necessário um mínimo de pessoas.
ficha técnica
Universidade de Chile / Santiago Chile Orientador: Ricardo Tapia Zarricueta