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PORTAL VITRUVIUS. Habitação Popular – Concurso Público Nacional de Anteprojetos no Estado do Amazonas. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 054.04, Vitruvius, jul. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.054/2502>.


1. Introdução

No Brasil, os programas de habitação social estão sendo implementados sem haver uma preocupação maior com especificidades regionais. Assim, uma mesma tipologia é adotada em cidades com características distintas, sendo desconsideradas as diversidades socioeconômicas, cultural, climática e tecnológica entre as diferentes regiões do Brasil, o que resulta em construções de baixa qualidade construtiva que não atendem às necessidades de seus usuários.

A importância da relação entre clima e arquitetura se traduz no estudo do Conforto Ambiental que é dividido em conforto térmico, lumínico, sonoro e ergonômico. Na Amazônia, de clima equatorial, o conforto térmico é relevante em relação às demais.

2. Aspectos físicos de Manaus

Manaus encontra-se a 3° S do Equador, na zona de máxima radiação solar. Não são observadas, portanto, flutuações na duração dos dias e noites ao longo do ano e das estações, a não ser pela presença de um período chuvoso (“inverno”) um período seco (“verão”).

O total pluviométrico anual da região varia de 1600 a 3000 mm, sendo que em Manaus a média anual é cerca de 2291,8 mm. O mês de março é o mais chuvoso com 14,5% (332,7 mm) e o de agosto o mais seco com 2,3% (52,4 mm).

A radiação solar, para esta latitude de Manaus é quase simétrica na trajetória aparente do sol, ou seja, as fachadas norte e sul recebem insolação semelhantes, com uma diferença de seis meses, a insolação da fachada norte em junho é semelhante à insolação da fachada sul em dezembro.

3. Estratégias bioclimáticas

O Projeto Normalização em Conforto Ambiental da UFSC, Desempenho Térmico de Edificações: Procedimento para Avaliação de Habitação de Interesse Social, estabelece zoneamentos bioclimáticos, que define diretrizes para projeto em cada região, a fim de garantir limites mínimos de conforto térmico nas diferentes regiões do Brasil.

São 8 zonas bioclimáticas definidas neste Projeto. A zona 8 (clima quente e úmido) ocupa 53,7% do país e engloba a região amazônica e o litoral do nordeste.

As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.

4. Análise bioclimática de Manaus

Esta análise de baseou em Estudos de Estratégias Bioclimáticas para a cidade de Manaus(LOUREIRO et alii, 2000) publicado em artigo do ENTAC 2002 – IX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.

A carta bioclimática indica aparentemente um maior número de pontos na zona 5 (ar condicionado) mas, de acordo com a análise de freqüências de temperaturas, 74% dos pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2 (ventilação), indicando sua grande necessidade para a cidade.

Em Manaus as horas de conforto são quase zero, de acordo com os parâmetros estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização de sistemas mecânicos de resfriamento e sombreamento em todo o ano. O uso de inércia térmica associado ao sombreamento também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e medições em campo que confirmem sua eficiência para a cidade de Manaus.

Frente à crise energética, necessita-se projetar bem para reduzir o consumo de energia e levar em conta as condições climáticas do meio e aplicar os conhecimentos da arquitetura bioclimática, são estratégias essenciais que buscam a satisfação das exigências de conforto do homem e da concepção arquitetônica mais condizente com a nossa realidade.

5. Diretrizes bioclimáticas

Para as condições climáticas de Manaus existem três fatores importantes a serem considerados: o sol, o vento e as chuvas.

A partir das premissas acima, o partido adotado para o projeto de habitação popular foram as seguintes:

5.1. Diminuição da condução do calor através do envelope (parede, piso e cobertura)

Parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas.

As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.

4. Análise bioclimática de Manaus

Esta análise de baseou em Estudos de Estratégias Bioclimáticas para a cidade de Manaus(LOUREIRO et alii, 2000) publicado em artigo do ENTAC 2002 – IX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.

A carta bioclimática indica aparentemente um maior número de pontos na zona 5 (ar condicionado) mas, de acordo com a análise de freqüências de temperaturas, 74% dos pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2 (ventilação), indicando sua grande necessidade para a cidade.

Em Manaus as horas de conforto são quase zero, de acordo com os parâmetros estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização de sistemas mecânicos de resfriamento e sombreamento em todo o ano. O uso de inércia térmica associado ao sombreamento também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e medições em campo que confirmem sua eficiência para a cidade de Manaus.

Frente à crise energética, necessita-se projetar bem para reduzir o consumo de energia e levar em conta as condições climáticas do meio e aplicar os conhecimentos da arquitetura bioclimática, são estratégias essenciais que buscam a satisfação das exigências de conforto do homem e da concepção arquitetônica mais condizente com a nossa realidade.

5. Diretrizes bioclimáticas

Para as condições climáticas de Manaus existem três fatores importantes a serem considerados: o sol, o vento e as chuvas.

A partir das premissas acima, o partido adotado para o projeto de habitação popular foram as seguintes:

5.1. Diminuição da condução do calor através do envelope (parede, piso e cobertura)

Parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas.

  • Parede de solo cimento para áreas úmidas e divisa do lote.
Características Termofísicas – Paredes
Material Transmitância
U (W/m2K)
 Atraso t érmico
j , em horas
Madeira 3,44 1,8
Solo cimento 1,82 3,1
  • Piso em assoalho de madeira elevado a fim de ventilar e evitar a umidade do solo.
  • Cobertura de telha fibro asfáltica, cor clara refletiva e de baixa transmissão térmica e ático ou sótão com sistema de ventilação cruzada, a fim de evitar o acúmulo de calor produzido pelo excesso de radiação solar. Uma inclinação alta de 70% foi adotada para que a chuva escorra mais rápido e para diminuir o ângulo de incidência do sol e evitar o aquecimento do teto.

5.2. Otimização da Ventilação através de:

  • Captador de vento que promove a circulação de ar interno através da diferença de pressão atmosférica, criando o efeito chaminé.
  • Ventilação cruzada e permanente em toda a habitação.

5.3. Controle da Radiação Solar Incidente através de sombreamento de janelas e beirais largos e Quebra Sol / Quebra Chuva
De acordo com a Carta Solar de Manaus, foi fotografada a maquete da habitação popular, que com o auxílio do Heliômetro produziu efeitos reais da incidência solar no solsticío de inverno e verão da região.

Utilização de vegetação, como árvore, arbusto e grama, que tem a tendência de estabilizar a temperatura e evitar os extremos por serem bons absorventes de calor. Plantar árvores na fachada leste/oeste, a fim de diminuir a incidência solar.

6. Diretrizes de sustentabilidade

Utilização de material de Baixo Impacto Ambiental com ênfase na Tecnologia Apropriada como:

Placas de OSB: de Impacto Ambiental Reduzido, onde não são utilizadas árvores adultas no fabrico da placa. A sua matéria-prima é constituída unicamente por madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Além disso, é totalmente reciclável.

  • Madeira proveniente de floresta de manejo da própria região.
  • Blocos de Solo Cimento:
    • execução no próprio local da obra,
    • reaproveitamento do resíduo;
    • execução de parede hidráulica e fiação através dos furos do bloco;
    • utilização de mão de obra local.

6.1. Reutilização da Água da Chuva, através de captação de calha, passando por filtragem e armazenamento em cisternas próprias.

6.2. Reuso de águas servidas (água cinza): provenientes de chuveiro e lavatório e tanque, filtradas, armazenadas e reutilizadas para lavagem de calçadas, carros, irrigação de horta e jardim e descarga de sanitários.

O sistema de pré-tratamento é composto por:

  • Caixa de retenção de sólidos.
  • Um reservatório de águas servidas.
  • Um filtro cuja finalidade é eliminar as impurezas existentes nas águas servidas. Esse filtro é composto pela seguinte estrutura vertical.

7. Aspectos econômicos e sócio culturais

A população inserida nesta faixa econômica de até três salários mínimos pertence à classe baixa menos favorecida. Por esta razão a concepção foi direcionada a condições mínimas de conforto e compatível com as condições econômicas da população alvo.

Foram adotados pátios internos ao conjunto criando-se assim espaços de convívio e lazer ao ar livre necessários às atividades sociais delineadas pelo clima e pela cultura. Foram adotadas pinturas de diferentes cores nos oitões e chaminés a fim de dar um sentido de individualidade.

 Os materiais construtivos foram escolhidos através de pesquisa da arquitetura vernacular local como a madeira e o barro, criando assim um clima de intimidade familiar.

8. Memorial descritivo de materiais

Item Material
Piso Quarto/Sala/Varanda Assoalho de Madeira
Piso Banheiro/ Cozinha Cimento alisado sobre laje pré moldada
Parede Externa Quarto/Sala Dupla com madeira de lei cerrada e Placa de OSB
Paredes Área úmida/Divisa Blocos de solo cimento impermeabilizada
Paredes Internas Dupla com Placa de OSB, pintura látex branco
Forro Lambril de madeira com treliça para ventilação
Revestimento Box/ Cozinha Azulejo 15x15 ate 180 cm
Esquadrias Madeira impermeabilizada
Pintura Externa Pintura látex branco e impermeabilizante p/ Bloco
Telhado Telha fibro asfáltica cor clara

8. Orçamento estimativo

Item Serviço Total
1.0 Projetos e Serviços Técnicos N/A
2.0 Instalações Preliminares N/A
3.0 Equipe Técnica N/A
4.0 Consumos N/A
5.0 Movimento de Terra N/A
6.0 Fundações 1.801,03
7.0 Infra-estrutura 1.809,29
8.0 Super Estrutura 2.255,96
9.0 Paredes e Painéis 1.193,42
10.0 Esquadrias 4.147,03
11.0 Cobertura 4639,69
12.0 Revestimento e Paredes Internas 715,32
13.0 Revestimentos de Tetos 1.168,93
14.0 Revestimentos de Pisos 2.117,67
15.0 Revestimentos de Paredes Externas 1.466,39
16.0 Instalações Elétricas e Hidráulicas 3.050,00
17.0 Vidros 248,33
18.0 Pinturas 1.706,84
19.0 Limpeza Final 163,99
  Custo Total da Obra (M.O/Material/BDI) 26.483,99
  Custo Total da Obra / m² 648,00

ficha técnica

Autoria do Anteprojeto
Arquitetas Neli Ikue Takeda e Magali Tieppo Robaina

Consultoria em Conforto Térmico
Eliane Dumke – Mestre em Tecnologia e Arquiteta

Assessoria em Orçamento de Obras
Hamilton Tachibana – Engenheiro Civil

Desenho Técnico
Júlio Bittencourt

Perspectivas
Rodrigo Furchter

source
Equipe premiada
Curitiba PR Brasil

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original: português

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IAB-AM
Manaus AM Brasil

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