1. Introdução
No Brasil, os programas de habitação social estão sendo implementados sem haver uma preocupação maior com especificidades regionais. Assim, uma mesma tipologia é adotada em cidades com características distintas, sendo desconsideradas as diversidades socioeconômicas, cultural, climática e tecnológica entre as diferentes regiões do Brasil, o que resulta em construções de baixa qualidade construtiva que não atendem às necessidades de seus usuários.
A importância da relação entre clima e arquitetura se traduz no estudo do Conforto Ambiental que é dividido em conforto térmico, lumínico, sonoro e ergonômico. Na Amazônia, de clima equatorial, o conforto térmico é relevante em relação às demais.
2. Aspectos físicos de Manaus
Manaus encontra-se a 3° S do Equador, na zona de máxima radiação solar. Não são observadas, portanto, flutuações na duração dos dias e noites ao longo do ano e das estações, a não ser pela presença de um período chuvoso (“inverno”) um período seco (“verão”).
O total pluviométrico anual da região varia de 1600 a 3000 mm, sendo que em Manaus a média anual é cerca de 2291,8 mm. O mês de março é o mais chuvoso com 14,5% (332,7 mm) e o de agosto o mais seco com 2,3% (52,4 mm).
A radiação solar, para esta latitude de Manaus é quase simétrica na trajetória aparente do sol, ou seja, as fachadas norte e sul recebem insolação semelhantes, com uma diferença de seis meses, a insolação da fachada norte em junho é semelhante à insolação da fachada sul em dezembro.
3. Estratégias bioclimáticas
O Projeto Normalização em Conforto Ambiental da UFSC, Desempenho Térmico de Edificações: Procedimento para Avaliação de Habitação de Interesse Social, estabelece zoneamentos bioclimáticos, que define diretrizes para projeto em cada região, a fim de garantir limites mínimos de conforto térmico nas diferentes regiões do Brasil.
São 8 zonas bioclimáticas definidas neste Projeto. A zona 8 (clima quente e úmido) ocupa 53,7% do país e engloba a região amazônica e o litoral do nordeste.
As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.
4. Análise bioclimática de Manaus
Esta análise de baseou em Estudos de Estratégias Bioclimáticas para a cidade de Manaus(LOUREIRO et alii, 2000) publicado em artigo do ENTAC 2002 – IX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.
A carta bioclimática indica aparentemente um maior número de pontos na zona 5 (ar condicionado) mas, de acordo com a análise de freqüências de temperaturas, 74% dos pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2 (ventilação), indicando sua grande necessidade para a cidade.
Em Manaus as horas de conforto são quase zero, de acordo com os parâmetros estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização de sistemas mecânicos de resfriamento e sombreamento em todo o ano. O uso de inércia térmica associado ao sombreamento também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e medições em campo que confirmem sua eficiência para a cidade de Manaus.
Frente à crise energética, necessita-se projetar bem para reduzir o consumo de energia e levar em conta as condições climáticas do meio e aplicar os conhecimentos da arquitetura bioclimática, são estratégias essenciais que buscam a satisfação das exigências de conforto do homem e da concepção arquitetônica mais condizente com a nossa realidade.
5. Diretrizes bioclimáticas
Para as condições climáticas de Manaus existem três fatores importantes a serem considerados: o sol, o vento e as chuvas.
A partir das premissas acima, o partido adotado para o projeto de habitação popular foram as seguintes:
5.1. Diminuição da condução do calor através do envelope (parede, piso e cobertura)
Parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas.
As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.
4. Análise bioclimática de Manaus
Esta análise de baseou em Estudos de Estratégias Bioclimáticas para a cidade de Manaus(LOUREIRO et alii, 2000) publicado em artigo do ENTAC 2002 – IX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.
A carta bioclimática indica aparentemente um maior número de pontos na zona 5 (ar condicionado) mas, de acordo com a análise de freqüências de temperaturas, 74% dos pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2 (ventilação), indicando sua grande necessidade para a cidade.
Em Manaus as horas de conforto são quase zero, de acordo com os parâmetros estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização de sistemas mecânicos de resfriamento e sombreamento em todo o ano. O uso de inércia térmica associado ao sombreamento também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e medições em campo que confirmem sua eficiência para a cidade de Manaus.
Frente à crise energética, necessita-se projetar bem para reduzir o consumo de energia e levar em conta as condições climáticas do meio e aplicar os conhecimentos da arquitetura bioclimática, são estratégias essenciais que buscam a satisfação das exigências de conforto do homem e da concepção arquitetônica mais condizente com a nossa realidade.
5. Diretrizes bioclimáticas
Para as condições climáticas de Manaus existem três fatores importantes a serem considerados: o sol, o vento e as chuvas.
A partir das premissas acima, o partido adotado para o projeto de habitação popular foram as seguintes:
5.1. Diminuição da condução do calor através do envelope (parede, piso e cobertura)
Parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas.
- Parede de solo cimento para áreas úmidas e divisa do lote.
Características Termofísicas – Paredes | ||
Material | Transmitância U (W/m2K) |
Atraso t érmico j , em horas |
Madeira | 3,44 | 1,8 |
Solo cimento | 1,82 | 3,1 |
- Piso em assoalho de madeira elevado a fim de ventilar e evitar a umidade do solo.
- Cobertura de telha fibro asfáltica, cor clara refletiva e de baixa transmissão térmica e ático ou sótão com sistema de ventilação cruzada, a fim de evitar o acúmulo de calor produzido pelo excesso de radiação solar. Uma inclinação alta de 70% foi adotada para que a chuva escorra mais rápido e para diminuir o ângulo de incidência do sol e evitar o aquecimento do teto.
5.2. Otimização da Ventilação através de:
- Captador de vento que promove a circulação de ar interno através da diferença de pressão atmosférica, criando o efeito chaminé.
- Ventilação cruzada e permanente em toda a habitação.
5.3. Controle da Radiação Solar Incidente através de sombreamento de janelas e beirais largos e Quebra Sol / Quebra Chuva
De acordo com a Carta Solar de Manaus, foi fotografada a maquete da habitação popular, que com o auxílio do Heliômetro produziu efeitos reais da incidência solar no solsticío de inverno e verão da região.
Utilização de vegetação, como árvore, arbusto e grama, que tem a tendência de estabilizar a temperatura e evitar os extremos por serem bons absorventes de calor. Plantar árvores na fachada leste/oeste, a fim de diminuir a incidência solar.
6. Diretrizes de sustentabilidade
Utilização de material de Baixo Impacto Ambiental com ênfase na Tecnologia Apropriada como:
Placas de OSB: de Impacto Ambiental Reduzido, onde não são utilizadas árvores adultas no fabrico da placa. A sua matéria-prima é constituída unicamente por madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Além disso, é totalmente reciclável.
- Madeira proveniente de floresta de manejo da própria região.
- Blocos de Solo Cimento:
- execução no próprio local da obra,
- reaproveitamento do resíduo;
- execução de parede hidráulica e fiação através dos furos do bloco;
- utilização de mão de obra local.
6.1. Reutilização da Água da Chuva, através de captação de calha, passando por filtragem e armazenamento em cisternas próprias.
6.2. Reuso de águas servidas (água cinza): provenientes de chuveiro e lavatório e tanque, filtradas, armazenadas e reutilizadas para lavagem de calçadas, carros, irrigação de horta e jardim e descarga de sanitários.
O sistema de pré-tratamento é composto por:
- Caixa de retenção de sólidos.
- Um reservatório de águas servidas.
- Um filtro cuja finalidade é eliminar as impurezas existentes nas águas servidas. Esse filtro é composto pela seguinte estrutura vertical.
7. Aspectos econômicos e sócio culturais
A população inserida nesta faixa econômica de até três salários mínimos pertence à classe baixa menos favorecida. Por esta razão a concepção foi direcionada a condições mínimas de conforto e compatível com as condições econômicas da população alvo.
Foram adotados pátios internos ao conjunto criando-se assim espaços de convívio e lazer ao ar livre necessários às atividades sociais delineadas pelo clima e pela cultura. Foram adotadas pinturas de diferentes cores nos oitões e chaminés a fim de dar um sentido de individualidade.
Os materiais construtivos foram escolhidos através de pesquisa da arquitetura vernacular local como a madeira e o barro, criando assim um clima de intimidade familiar.
8. Memorial descritivo de materiais
Item | Material |
Piso Quarto/Sala/Varanda | Assoalho de Madeira |
Piso Banheiro/ Cozinha | Cimento alisado sobre laje pré moldada |
Parede Externa Quarto/Sala | Dupla com madeira de lei cerrada e Placa de OSB |
Paredes Área úmida/Divisa | Blocos de solo cimento impermeabilizada |
Paredes Internas | Dupla com Placa de OSB, pintura látex branco |
Forro | Lambril de madeira com treliça para ventilação |
Revestimento Box/ Cozinha | Azulejo 15x15 ate 180 cm |
Esquadrias | Madeira impermeabilizada |
Pintura Externa | Pintura látex branco e impermeabilizante p/ Bloco |
Telhado | Telha fibro asfáltica cor clara |
8. Orçamento estimativo
Item | Serviço | Total |
1.0 | Projetos e Serviços Técnicos | N/A |
2.0 | Instalações Preliminares | N/A |
3.0 | Equipe Técnica | N/A |
4.0 | Consumos | N/A |
5.0 | Movimento de Terra | N/A |
6.0 | Fundações | 1.801,03 |
7.0 | Infra-estrutura | 1.809,29 |
8.0 | Super Estrutura | 2.255,96 |
9.0 | Paredes e Painéis | 1.193,42 |
10.0 | Esquadrias | 4.147,03 |
11.0 | Cobertura | 4639,69 |
12.0 | Revestimento e Paredes Internas | 715,32 |
13.0 | Revestimentos de Tetos | 1.168,93 |
14.0 | Revestimentos de Pisos | 2.117,67 |
15.0 | Revestimentos de Paredes Externas | 1.466,39 |
16.0 | Instalações Elétricas e Hidráulicas | 3.050,00 |
17.0 | Vidros | 248,33 |
18.0 | Pinturas | 1.706,84 |
19.0 | Limpeza Final | 163,99 |
Custo Total da Obra (M.O/Material/BDI) | 26.483,99 | |
Custo Total da Obra / m² | 648,00 |
ficha técnica
Autoria do Anteprojeto
Arquitetas Neli Ikue Takeda e Magali Tieppo Robaina
Consultoria em Conforto Térmico
Eliane Dumke – Mestre em Tecnologia e Arquiteta
Assessoria em Orçamento de Obras
Hamilton Tachibana – Engenheiro Civil
Desenho Técnico
Júlio Bittencourt
Perspectivas
Rodrigo Furchter