O acelerado e desordenado processo de urbanização das nossas cidades, responsável por cenários urbanos degradados, vem, há muito tempo, exigindo alternativas mais adequadas de empreendimentos habitacionais. As propostas reguladoras seguindo os preceitos dos espaços urbanos tradicionais da cidade formal geralmente ignoram as características físicas, sociais e culturais da cidade informal.O trabalho aborda o tema da reurbanização e melhoria dos espaços de morar de assentamento de baixa renda. A proposta conjuga áreas de lazer, convívio, habitações com qualidade, espaços de produção e de geração de renda. Respeitando a morfologia da localidade e preservando os aspectos físicos e os valores sociais e culturais da comunidade.A área de intervenção corresponde uma pequena fatia de 13mil m², 102 casas, perfazendo um total de 400 habitantes. Esta área espelha a realidade local dentro da Vila Nossa Senhora de Fátima, assentamento de baixa renda, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil.Procurou-se adaptar questões de legibilidade do morador e retirar apenas as casas em situação de risco, afim de preservar certas características da vila. Essa proposta buscou uma arquitetura que estimulasse o convívio social, valorizasse a rua, a multiplicidade de funções, que celebrasse o cotidiano. Aplicando conceitos de ecoeficiência, coordenação modular e sustentabilidade.Procurou-se, desta forma, promover a busca pela igualdade social, valorização dos aspectos culturais e também maior eficiência econômica e menor impacto ambiental nas soluções adotadas nas fases de projeto. Quanto à estruturação do espaço não se levou em consideração a malha urbana tradicional. O projeto conceitua-se sobre a ordenação dos valores que a vila apresenta – “ desordem” – uma nova ordem estética.
Geração de Renda
foi efetuada uma pesquisa prévia entre algumas comunidades de vilas de Porto Alegre. Assim, com um estudo de caso de bases consolidadas, almeja-se um melhor aproveitamento.
Pude perceber que dentre as alternativas possíveis, as que apresentam um resultado mais satisfatório, são as que ensinam e produzem ao mesmo tempo. Ou seja, não basta ensinar, é necessário uma participação efetiva na produção.A comunidade receberá uma oficina de corte e costura, uma das formas de geração de renda que expressa maior êxito dentre as analisadas. Assim, criar-se-á uma estrutura de apoio aos moradores, ensinando-lhes a forma de produção, cujos produtos serão oferecidos à própria vila e a localidades próximas. Para o desenvolvimento dessa proposta, serão estabelecidas diretrizes projetuais, respeitando as características existentes no local. Segundo o levantamento da área, na casa 91 já existe um brechó. Absorvendo essa pré-existência, será efetuada uma reforma na casa, aproveitando as fundações elevadas de pedra, compondo no térreo uma loja para uso já explicitado.O terreno ao lado, abrigará uma nova edificação que comportará a oficina de corte e costura, a administração da cooperativa e uma sala de aula para ensinamentos teóricos do tema levantado e diversos.