Este trabalho, desenvolvido em área central da cidade do Rio de Janeiro, tem como objetivo oferecer alternativa à ocupação de espaços industriais ociosos. Particularmente, acompanhando o processo de revocacionamento do bairro de São Cristóvão, que vem nas últimas décadas sofrendo o esvaziamento de sua atividade industrial.
Observa-se ainda, o crescente processo de ocupação destes espaços ociosos por uma população de baixa-renda, excluída do mercado formal de habitação.
Desta forma, propõe-se a conversão de edificação outrora utilizada por uma indústria de bebidas, em habitação.
O espaço para intervenção encontra-se ocupado por aproximadamente 30 famílias, que em sua maioria obtém sustento através da coleta seletiva de recicláveis para terceiros.
Percebeu-se que não bastava suprir estes indivíduos com melhores condições de habitabilidade, mas sim inseri-las no contexto social, fato este que se dará com a majoração de sua renda, através da formação de uma cooperativa de separação e beneficiamento de resíduos sólidos recicláveis.
O espaço físico desta cooperativa será vizinho as unidades habitacionais, num total de 36, cujas dimensões se adequam as necessidades de cada família.
Para melhor condição de conforto ambiental, fez-se uso de elementos, como: telhados verdes, pergolados, ventilações cruzadas, venezianas, brises e cobogós.
Os dois blocos existentes, remanescentes da indústria, conformam uma tipologia típica de vilas com alameda central. Aliado a isto, buscou-se um melhor aproveitamento do terreno e a conformação de um espaço interno com dimensões que oferecessem melhor conforto espacial, além de atender a condicionantes de dimensionamento do programa e de uso dos atuais ocupantes.
Descrição
Conforme explicitado no quadro, a comunidade então instalada é composta por cerca de 28 famílias, e o dimensionamento das unidades a serem financiadas atendem as necessidades de cada uma destas. Restando ainda oito unidades a serem comercializadas.
Para um melhor aproveitamento dos espaços comuns, realizou-se um estudo de definição do uso atual destas áreas com o objetivo de preservar o intenso convívio social verificado no local.
A área frontal foi dotada de equipamentos para adultos, e a posterior de equipamentos infantis, em espaços reservados ao convívio e ao lazer. Observa-se ainda a presença de área de recreação/reunião coberta.
Preve-se a instalação de uma plataforma de deslocamento vertical que sirva tanto as unidades habitacionais quanto à cooperativa, garantindo acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, como: cadeirantes, idosos e obesos.
As unidades habitacionais são dotadas de recursos de ventilação e iluminação naturais pertinentes a condições ideais de habitabilidade.
Para circulação no pavimento superior faz-se uso de passarela metálica em substituição a escadas internas. Estas passarelas apresentam afastamento em relação as fachadas para aferir maior privacidade as unidades e funcionam ainda como elemento de proteção à forte insolação. Existe ainda a preocupação de dotar este pavimento superior de espaços de convívio.
Neste pavimento observa-se na área de reciclagem, a presença de um mezanino onde se desenvolvem atividades administrativas, atividades de instrução e oficinas de beneficiamento.
Na fachada residencial procurou-se preservar as características originais da edificação.
Para melhor integração do conjunto com o bairro utilizou-se o recurso da grade em substituição ao muro.
Já na fachada do centro de reciclagem, a ser inteiramente construída, buscou-se acompanhar o ritmo e as proporções da existente, mas diferenciando-se em materiais, como: policarbonato, brises metálicos e cobertura termo-acústica aparente.