Habitação popular: uma proposta para o centro da cidade de João Pessoa
Este trabalho consiste em uma proposta de urbanismo e arquitetura de habitação para população de renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos, a se localizar no bairro das Trincheiras, cidade de João Pessoa, PB. O lote escolhido é um vazio urbano, próximo ao centro urbano da capital paraibana, de propriedade da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) e que não está cumprindo a sua função social segundo o Estatuto da cidade, pois se encontra em estado de abandono e degradação.
Além disso, o terreno proposto apresenta acentuada declividade com diferentes desníveis. Em virtude da topografia, a parcela do lote onde as curvas de nível aumentam gradativamente (encosta) implantaram-se 140 unidades habitacionais distribuídas em edificações de 2 pisos denominadas casacopladas (representadas em azul na Figura 01) Na outra metade do lote, que se caracteriza pelo aumento abrupto das curvas de nível (barreira), implantaram-se 124 unidades habitacionais em edificações de 4 e 6 pisos, os edifícios (representados em vermelho na Figura 01). Estas duas tipologias colaboraram em evitar a monotonia visual na paisagem urbana.As casacopladas apresentam vantagens como a possibilidade de ampliação, a relação mais direta com o jardim e a ausência de ônus condominial. Elas estão agrupadas em 4 unidades habitacionais formando um volume e separadas pelas escadas de acesso das habitações do 1° pavimento.Estas casas estão orientadas para as direções norte e sul, com o objetivo de evitarem a excessiva insolação das direções leste e oeste; e também devido à ventilação, cuja direção predominante é o quadrante sudeste, favorecendo, assim, todas as unidades. Como resultado desta orientação, as habitações foram inseridas no sentido diagonal às curvas de nível, contribuindo em diminuir as declividades das vias locais, o que garante a acessibilidade de automóveis para todas as residências, além de facilitar o escoamento das águas pluviais.Os edifícios, por sua vez, garantem o adensamento, já que o déficit habitacional representa índices muito elevados. Os mesmos foram implantados na barreira de forma a melhor se acomodarem na topografia, permitindo a inserção de edificações de até seis pavimentos com acesso intermediário, portanto, sem elevadores. Também foi explorado o uso de vegetações diversas com finalidades específicas, como para produzirem sombreamentos, espaços de convivência entre os edifícios; e palmeiras para criarem cenários.Com relação às plantas baixas, as duas tipologias apresentam pequenas variações volumétricas entre si, embora tenha partido da mesma solução de um núcleo hidrosanitário concentrado formado pela cozinha, serviço e wcb. O programa de necessidades, que foi baseado nas habitações localizadas no entorno do lote, compreende o núcleo hidrosanitário, sala, dois quartos e varanda, resultando em plantas com áreas construídas de 45,99 a 52,47m² para as casacopladas e 46,40 a 48,63m² para os edifícios. Vale salientar também que foi previsto em algumas extremidades dos edifícios bicicletários, pois as bicicletas são bastante utilizadas como meio de transporte pela população de baixa renda.Já os materiais utilizados em ambas tipologias foram blocos cerâmicos aparentes alternados com paredes rebocadas pintadas com cores distintas, proporcionando uma diferenciação entre os volumes das edificações, uma diversidade cromática e uma redução dos custos. Por fim, como medida de economia, também foram largamente utilizados elementos vazados como cobogós, que permitem a ventilação e iluminação simultâneas
ficha técnica
Autora
Mariana Fialho Bonates
Orientador
Hélio Cavalcanti da Costa Lima