A ocupação antrópica
A implantação do novo Campus da UNIFESP em Diadema, às margens da Represa Billings, recoloca e atualiza a questão das modificações provocadas pelo homem no meio ambiente.
O projeto está fundado nas condicionantes geomorfológicas do terreno - topografia acentuada, presença de mata consolidada, cursos d’água naturais - e da convivência com localização suburbana. Propõe-se um conjunto urbanístico e arquitetônico que apresenta o mínimo de interferência no terreno original, preservando o máximo da vegetação existente (87%) ao invés do mínimo legal de 60%.
A necessidade de concentração do programa sugerida pelas condições ambientais induziu à construção de duas linhas estruturais: uma técnica e outra pública - o promontório. Espaço de relevo que caracteriza a escola como lugar de convívio e construção de conhecimento.
Etimologia: Lat. promontórium: de pro - ‘ação ou movimento para diante’ e mons, montis - ‘monte’. (Houaiss)
O campus
O promontório, portanto, é o primeiro elemento estruturador para a implantação progressiva do campus, em fases. Dois eixos relacionados e articulados a ele completam a estratégia que permite clara setorização - das glebas e de suas áreas livres e edificadas - disciplinando o sistema viário e organizando a rede de instalações. Em linhas gerais, o urbanismo apóia-se em um grande espaço livre - o promontório - e duas vias principais - o eixo de ensino e o eixo de pesquisa.
Palco dos espaços imprevistos de convívio, livre, aberto e franco, o promontório na cota 781 inaugura o Campus desde a praça de acesso na estrada Pedreira Alvarenga e prolonga-se até a posição de mirante sobre a mata e as águas da Represa Billings.
Em síntese, pode-se dizer que a geografia orienta o projeto.
A opção de construção do campus composto por vários edifícios com requisitos espaciais específicos resulta num conjunto simultaneamente livre e articulado. Sua disposição espacial possui flexibilidade tal que as possibilidades de crescimento são inúmeras, sempre previstas e controladas. Qualquer edificação nova poderá ser construída sem perturbar o desempenho acadêmico nem obrigar a paralisação de quaisquer atividades universitárias.
O eixo de ensino
O conjunto desse eixo associado ao promontório configura um sistema espacial que possibilita o acesso e o uso indistintamente por parte de professores e alunos de qualquer curso, competência ou série a diversos edifícios. De fronte à Estrada Pedreira Alvarenga situa-se a praça de acesso ao Campus Universitário, abrigando parte das funções de apoio acadêmico, cultural e de convivência. Sobre o promontório, em posição funcional estratégica encontram-se os docentes, eqüidistantes tanto dos edifícios de ensino quanto dos edifícios de pesquisa. Ao longo do promontório (eixo de ensino) situam-se: o edifício que abriga as funções acadêmicas em salas de aula comuns e laboratórios de ensino, o bloco independente da midiateca, livraria e papelaria, e o restaurante central para alunos (1200), docentes e servidores.
O eixo de pesquisa
Mais restrito, perpendicular ao eixo de ensino, ao longo dele implantam-se as edificações que abrigam as funções acadêmicas em laboratórios de pesquisa. O eixo de pesquisa (passarela de apoio técnico - dutovia) prolonga-se até a gleba B onde se situam as instalações que abrigarão as funções de apoio e serviços gerais. Esse prolongamento se faz por meio de uma passarela-ponte de pedestres sobre a área alagadiça propiciando a integração das glebas A1 e B.
Funções administrativas
A edificação que abriga as funções administrativas - reitoria, departamento acadêmico e coordenação administrativa - implantada na região mais alta do terreno, próxima ao acesso principal, delimita a geometria do eixo de Pesquisa.
Acessos - Circulação - Estacionamentos
O acesso principal faz-se pela Estrada Pedreira Alvarenga através de portaria única para melhor controle do público, funcionários e serviços. Novo desenho viário prevê faixa lateral de acomodação, desaceleração e distribuição para duas vias laterais à praça de acesso, uma para o eixo de ensino e outra para o de pesquisa. Permitem circulação de automóveis e de serviços e dão acessos aos estacionamentos distribuídos na proximidade de cada edificação.
ficha técnica
Autores
Núcleo de Arquitetura (Luciano Margotto Soares, Marcelo Luiz Ursini, Sergio Salles) e Guilherme Lemke Motta
Co-Autores
Amanda C. Spadotto, André Y. Ciampi, Carolina Okamoto, Cristina N. Tosta, Danilo Terra e Gustavo Jacob
Imagens eletrônicas
Danilo Terra e Frederico B. Meyer
Perspectivas
Guilherme Lemke Motta
Maquete
Amanda C. Spadotto e Carolina Okamoto
Consultoria
Prof. Dr. Reynaldo M. Gatti
nota
1
A Acesso Principal; B Promontório; C Eixo de Ensino; D Eixo de Pesquisa; E Passarela de pedestres entre a gleba A e B. Gleba A1: F Salas de aula e laboratórios de ensino; G Laboratórios de pesquisa; H Docentes; I Administração; J Midiateca; K Refeitório Central; L Central de utilidades. Gleba A2: N Setor esportivo; Gleba B: M Acesso de serviços; O Apoio e serviços gerais; P Estacionamento para ônibus fretados e vans