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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público Nacional de Idéias e Soluções para Habitação Social no Brasil – Prêmio Caixa/IAB 2006. Projetos, São Paulo, ano 07, n. 077.01, Vitruvius, maio 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/07.077/2786>.


O Terreno

O terreno foi escolhido dentre as opções disponibilizadas pela Caixa na relação de imóveis passíveis de utilização. Localiza-se na cidade de Porto Alegre, no bairro Cel. Aparício Borges, rua São Miguel, 267.

A principal via de acesso à região é a Av. Cel. Aparício Borges por onde circulam linhas regulares de transporte coletivo. A avenida, que dá nome ao bairro, faz parte da III Perimetral, importante via de circulação que liga as zonas norte e sul sem passar pelo centro da cidade.

O bairro situa-se em zona urbana e apresenta caráter predominantemente residencial, na maioria habitações unifamiliares e pequenos estabelecimentos comerciais e serviços que atendem às necessidades dos moradores do entorno imediato. O local possui infra-estruturas satisfatórias, contando com vias pavimentadas, redes de água, energia elétrica, iluminação pública e coleta pluvial. Possui também equipamentos urbanos como escolas, creches, postos de saúde e praça.

Trata-se de um terreno plano, elevado em aproximadamente 1,50 metro acima do nível do greide da rua, tem formato irregular e uma área total de 1.171,62 metros quadrados. O terreno em questão é de propriedade da União e apresenta habitações irregulares. Nesta ocupação, que teve início há cerca de 25 anos, vivem hoje 8 famílias em 6 habitações subnormais.

Segundo relatos, as condições de habitação e as relações entre os ocupantes que já passaram pelo local, já foram muito críticas. Através de um processo de organização autônoma, conseguiu-se um nível de convívio social e de habitabilidade muito satisfatório em comparação ao anterior.

O Programa

O programa proposto para este terreno – imóvel na planta fgts - operações coletivas – é uma linha de financiamento que se destina à produção de empreendimentos habitacionais em lotes urbanizados destinados ao uso residencial.

O financiamento é destinado a projetos inseridos na malha urbana, em localidades que contam com infra-estrutura básica.

A partir da Resolução 460, que incorpora a política de habitação para a população de baixa renda, foi firmado um termo de cooperação e parceria entre a SEHADUR (Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano do Estado) e a Caixa para viabilizar e estimular as operações de natureza coletiva para construção de unidades habitacionais.

Neste caso específico, com o enquadramento da população no perfil do financiamento e a constatação de um potencial organizacional entre os moradores, cria-se para esta situação as condições necessárias para se colocar em prática o programa em questão. A União entra com a concessão do terreno e a Caixa como agente financeiro.

A Proposta

O desafio: associar qualidade com baixo custo. Criar uma solução plural, trabalhando também com as especificidades do local, combinando as soluções técnicas e construtivas com relações sociais baseadas em princípios solidários e coletivos, tendo em vista um melhora de fato.

Fazer uma arquitetura com recursos tão limitados já pressupõe que ampliações serão necessárias e inevitáveis. O objetivo é permitir que as expansões ocorram de forma organizada e com qualidade, prevendo o espaço onde devam acontecer para manter as áreas abertas livres.

Diante da situação encontrada com potencial organizacional entre os moradores, a decisão foi de não densificar o terreno. Manter as famílias existentes criando melhores condições de habitabilidade, levando em consideração as ações e os resultados já atingidos em relação à segurança, saúde e infra-estrutura.

Conhecendo o histórico e as demandas da população existente, a proposta vem com o objetivo de equacionar as diferenças e também os anseios comuns desses moradores e fomentar a conscientização dos mesmos enquanto agentes de suas próprias conquistas.

O projeto é um rearranjo dos elementos encontrados no local, visando o melhor aproveitamento e distribuição do espaço para as práticas individuais e coletivas.

Além das casas, é de grande importância a existência de um espaço comum, que possa ser utilizado para diversas atividades conjuntas, assim como espaço de recreação para as crianças. A presença de várias crianças em idade escolar e de jovens com estudos não concluídos, coloca atividades educacionais e de inclusão digital como uma possível proposta de atividade para o espaço coletivo.

Além das necessidades comuns a todos, as necessidades individuais de cada família dentro do seu espaço de atuação devem ser consideradas e atendidas. Para que isso ocorra, é fundamental que os moradores participem do processo prejetual da sua casa.

Isso garante não só o bom funcionamento do espaço, mas trabalha também com a aceitação e assimilação da casa como sua, com soluções exclusivas para cada situação.

Esta participação inclui o planejamento da ampliação, avaliando a possibilidade de reutilização dos materiais das casas existentes e autoconstrução, uma vez que alguns moradores já trabalham na construção civil, trazendo economia e garantindo a qualidade das edificações.

Memorial Descritivo

Implantação

A ocupação do terreno mantém-se semelhante à que existe atualmente, com um acesso comum para todas as casas. Devido ao tráfego pouco freqüente de veículos, este espaço pode ser utilizado pelos moradores como extensão dos seus jardins.

Sob este trecho de acesso está localizada a infra-estrutura necessária para o condomínio, que necessitará apenas uma adequação à nova demanda. A utilização do mesmo calçamento nos caminhos internos e no passeio público conferem unidade ao conjunto. Para vencer o desnível de 1,50m entre a calçada e o terreno, além da escada existe uma rampa para carros e outra para facilitar o acesso de cadeirantes ou carrinhos de bebê.

O número de casas aumentou de 6 para 10. Além das 8 famílias que já moram no local, mais duas, dois filhos do morados da casa 6 que moram em área de risco, unem-se a elas. Um deles já está juntando material para construção da sua casa no mesmo terreno. As casas estão dispostas em fita e possuem um pátio privativo, o que permite ótimas condições de iluminação e ventilação.

O espaço coletivo situa-se na frente do terreno, criando uma fachada para todo o conjunto e resguardando a área privativa. Além de espaço para encontros, reuniões, comemorações e realização de oficinas, conta com pracinha para as crianças e jardim, onde estão previstas áreas para o plantio de árvores frutíferas. A presença ativa de vegetação, além de contribuir com alimento, proporciona também sombra e resfriamento.

A vegetação está presente também na cobertura do espaço coletivo. A escolha do telhado verde como cobertura deu-se, não só pela sua propriedade de gerar conforto térmico, mas também pela sua capacidade de retardo do escoamento das águas pluviais. Além disso, permite o plantio de diversos tipos de vegetação rasteira e serve de exemplo para os moradores que podem vir a optar por este tipo de cobertura nas suas casas.

A Casa

Módulo 1 - área molhada e circulação

O módulo 1 contém a cozinha e circulação no térreo e um banheiro no segundo pavimento. Este volume, executado em alvenaria portante com blocos cerâmicos aparentes, marca o acesso principal da casa e encaminha para os demais ambientes. Através dele se tem acesso ao pátio, que conta com uma pequena área de serviço e espaço para jardim e plantio de hortaliças.

Módulo 2 – sala e dormitório

É o módulo flexível da casa, possibilita diferentes formas de ocupação interna. É entregue o piso pronto, paredes externas também executadas em alvenaria portante, laje e aberturas. Conta com dois ambientes, sala e dormitório, mas em caso de ampliação com a execução do segundo pavimento, pode ter sua configuração original alterada conforme a vontade ou necessidade da família, permitindo, inclusive, a criação de terraço, varanda ou garagem.

Neste volume é considerada positiva a interferência dos moradores para criação de uma variação na fachada do conjunto e uma identidade própria para cada casa.

Módulo 3 – ampliação

Sobre a laje de cobertura do módulo 2, existe a possibilidade de execução de um segundo pavimento que pode contar com até dois ambientes, aumentando, consideravelmente a área útil da casa. A ampliação vertical garante a manutenção da área livre do pátio, assim como a boa condição de iluminação e ventilação para todos os ambientes da casa.

ficha técnica

Equipe
Ana Claudia Vettoretti – arquiteta
Cristina Gondim – arquiteta
Maria Helena Cavalheiro - acadêmica de arquitetura
Gabriel Gondim - acadêmico de engenharia de materiais
Janaína Kalsing – jornalista
Fabio Zimbres – designer gráfico

Consultor técnico
Antonio José Álvares de Abreu e Silva – engenheiro civil

source
Equipe premiada
Rio de Janeiro RJ Brasil

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077.01 Concurso
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original: português

source
Organização do Concurso
Rio de Janeiro RJ Brasil

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077

077.02 Concurso

Concurso Público de Idéias para o Centro de Convivências da UFMS

077.03 Profissional

Casa de Meditação / Pascal Arquitectos

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