Favela Lidiane, Bairro do Limão - SP
Localizado próximo à avenida Marginal Tietê e junto ao viaduto Julio de Mesquita Neto, inserido em uma região de ZEIS (zonas especiais de interesse social), o projeto visa a implantação de edificações de habitação de interesse social.
O acesso principal a favela é feito através da rua Sampaio Correia, na qual se transforma em eixo principal de ligação interna das habitações. Ao norte do terreno está situado o Centro de Tradições Nordestinas, enquanto ao sul, estão os edifícios da CDHU.
Outro fator de relevância é a área de proteção ambiental que acompanha o traçado da alça de ligação do viaduto e da Marginal Tietê.
"Muitas das políticas e pensamentos sobre favelas oscilam entre estes dois extremos, ora a favela é vista com romantismo por significar uma ordem urbana espontânea, culturalmente muito rica e variada. No sentido contrário, a favela é vista como uma das aberrações que a sociedade atual produz, amostra clara da impotência em alojar de maneira digna quase 25 a 30 % dos moradores metropolitanos.Neste sentido o projeto urbano em favelas não pode pensar o espaço independentemente da futura ocupação social .Ou seja, os espaços públicos oferecidos nas favelas são ao mesmo tempo de natureza pública e coletiva. Públicos por serem de livres acessos, coletivos porque são suporte de atividades de grupos maiores ou menores de cada comunidade, do Estado ou da sociedade civil."
Pablo César Benetti
Conceito
Tomamos como partido elevar as habitações do solo, deixando o térreo praticamente livre. Assim, tentamos priorizar o percurso do pedestre através dos espaços públicos criados, onde o lote não possui fronteira e está totalmente ligado a rua. Com isso as edificações não se tornam barreiras visuais indesejáveis, fortalecendo a relação do projeto com a "cota da cidade".
Implantação
A implantação dos dois conjuntos habitacionais ocorre no ao longo do eixo norte-sul, o que nos permite aproveitar as duas maiores fachadas voltadas para leste e oeste, na qual estão posicionadas as aberturas dos quartos e das salas das tipologias. Esse tipo de implantação contribui para a formação de duas grandes praças ligadas através de um eixo de pedestres que começa na Rua Henrique da Silva e termina na praça interna do terreno, lindeira ao Centro de Tradições Nordestinas. No outro sentido, entre os dois conjuntos, o eixo Norte-Sul é responsável pela integração e circulação entre os seis blocos habitacionais, conferindo um grande visual ao pedestre já que os edifícios estão sob pilotis e criando núcleos privativos de permanência para os moradores do condomínio.O estacionamento localizado na porção leste do terreno aproveita a rua de acesso ao CDHU.
Circulação
A circulação apoiasse nos dois eixos de pedestres, o eixo Leste-Oeste responsável pelo acesso ao terreno através da ligação entre as praças e o eixo Norte-Sul que direciona o fluxo de pedestres para as escadas que estão posicionadas ao longo dos conjuntos. Assim, surgem 2 conjuntos com 3 blocos cada, de 4 andares de apartamentos sob pilotis, posicionando as escadas metálicas entre os blocos e nas extremidades dos 2 grandes edifícios. O acesso às unidades ocorre através de passarelas de chapas metálicas perfuradas de rápida e fácil execução, contribuindo para a iluminação e ventilação das áreas molhadas.
As lâminas
Possuem 3 tipologias: Apartamentos de 1 dormitório e kitnetes que organizados no módulo 7.5m x 7.5m permitem a criação de terraços formando vazios privativos e jardins nos apartamentos kitnete voltados tanto para as passarelas quanto para as praças. Painéis de madeira na fachada conferem maior mobilidade e dinâmica, fator de grande importância já que os edifícios possuem grande extenso. O uso da madeira é justificado pelas vantagens no custo, na manutenção e na estética. O térreo livre possibilita maior campo visual ao pedestre e valoriza o percurso na cota da cidade. Além disso, tenta ajudar no que diz respeito às enchentes, já que o condomínio está localizado em uma área de várzea do Rio Tietê.
Áreas de convivência
Ao abordarmos a favela observamos que o principal espaço de lazer dos moradores se dá nas Lajes das moradias, já que o espaço público é praticamente inexistente e as ruas tem dimensões muito reduzidas. Assim, um grande problema é a falta de locais organizados e dimensionados pra receber essas atividades. Com isso, optou-se pela disposição dessas áreas no nível térreo, através de salões em baixo dos blocos habitacionais e as praças internas do condomínio que destacam grandes espaços públicos.
Módulo
A malha estrutural destaca uma modulação de 7.5m x 7.5m, permitindo a utilização de 6 lajes de 1.25m a cada módulo, além de dois tipos de viga de comprimento igual. Assim, com a criação de terraços privativos, as unidades de 1 dormitório ficam com 40.29m2 de apartamento e 14.01m2 de terraço, enquanto as kitnetes ficam com 25.89m2 de apartamento, 14.01m2 de jardim e 14.74m2 de terraço.
Vantagens dos painéis alveolares
- Dispensa viga baldrame por serem auto-portantes;
- Na horizontal,tem função de travamento da estrutura;
- Bom isolamento termo-acústico devido às células de ar no seu interior;
- Baixa porosidade que garante estanqueidade da fachada;
- Sua execução, não exige equipamentos de grande porte.
Etapas construtivas
1° Etapa: Lançamento da estrutura primária (vigas e pilares). Em malha de 7,5m X 7,5m.
2° Etapa: Assentamento dos painéis de lajes alveolares.
3° Etapa: Fixação dos painéis de fechamento (painéis alveolares pré-fabricados).
4° Etapa: Complementação do edifício (paredes internas e caxilharia).
ficha técnica
3º Prêmio – Projeto Nº 30
Titulo do Projeto
Reurbanização Favela Lidiane
Equipe
Miguel Felipe de Almeida Muralha, Ricardo Augusto Cristoffani, Sergio Roberto Zancopé e Thiago Pacheco
Professor Orientador
Lucas Fehr
Professor Co-Orientador
Victor Paixão
Instituição de Ensino
Universidade Mackenzie