Espacialidade
O sistema resume-se a um prisma de 3,70 x 8,00 x 3,70m, constituído por módulos espaciais de 1,85 x 2m. A articulação destes módulos permite uma resolução compacta e funcional da planta. O espaço é envelopado por uma estrutura autoportante de ripas de madeira. É à estrutura que será atribuída a identidade do objeto: um invólucro que, apesar de sua ortogonalidade formal, possui grande flexibilidade, tornando-se piso, parede, teto e mobiliário.
Evidencia-se uma dicotomia: a alternância entre o aberto e o fechado do seu invólucro atribui ao espaço interno uma identidade ambígua. Uma condição que oscila entre o abrigo resultante de um ambiente penetrável, e uma estrutura vazada que expõe o visitante à intempérie. É estabelecida uma relação entre o sujeito com o clima natural e os arredores. O parque adentra o quiosque, transformando a percepção do visitante sobre o espaço. Aqui, a arquitetura não é constituída apenas por elementos tradicionais do ofício, mas também por sons, cheiros e sensações instigados por este contato com o parque.
Originalidade
O objeto mal toca o chão, sustentando-se sobre um sistema de rodas e apoios fixos. O sistema de intervalos desencontrados do ripado permite que os módulos da circulação deslizem sobre os módulos dos espaços de vivência. Sendo assim, o fechamento para a segurança do quiosque requer um movimento que transforma o aspecto do objeto como um todo.
A flexibilidade do sistema permite uma multi funcionalidade de seus componentes. A rampa de acesso e o balcão do bar, por exemplo, tornam-se paredes, permitindo o fechamento do quiosque. Da mesma forma, painéis externos se transformam em espaços de comunicação e publicidade, bancos e bicicletários são criados a partir de alguns módulos de ripas.
Conectividade
O ponto de partida do projeto é o seu método construtivo. Elaborou-se um pensamento à escala do detalhe, distinguindo-o como um módulo a ser repetido. O detalhe torna-se o elemento norteador do projeto: as variadas possibilidades de encaixe permitem a criação de novas formas que, por sua vez, dão margem a diferentes apropriações pelo indivíduo. Sendo assim, o sistema de encaixes emerge como uma metonímia, um elemento de base que se manifestará no objeto com um todo.
Há uma franqueza e uma transparência no sistema: além de sua estrutura ser posta em evidência, preserva-se um distanciamento das placas do piso das laterais da circulação, permitindo uma visualização do ripado de suporte por baixo.
Sustentabilidade
Considerando a facilidade e a rapidez de execução, são ressaltados os benefícios da utilização da madeira. A partir do estudo de suas propriedades, foram definidos o desenho e o dimensionamento das peças que compunham o sistema, visando principalmente a otimização do material. O sistema de ripas permite a ventilação cruzada dos ambientes.
Em termos do funcionamento do quiosque, o emprego de placas fotovoltaicas na cobertura proporciona uma autossuficiência energética. Há previsão de reutilização de águas pluviais para a descarga dos sanitários, e a liberação do solo permite uma maior absorção da água da chuva.
ficha técnica
Autores
Beni Goltsman Barzellai
Guilherme de Barcellos Lozinsky
Mariana Magalhães Costa
Patricia Tinoco
Orientador
Vera Magiano Hazan
Colaborador
Luciano Alvares