O concurso da oitava Bienal Internacional de Arquitetura, sob o título de Ecos Urbanos, preconizava um projeto baseado nos conceitos de Espacialidade, Conectividade, Originalidade e Sustentabilidade para um quiosque de serviços urbanos, a ser instalado em parques de São Paulo. Assim, os trabalhos tiveram início regidos pela necessidade de conceber um espaço que atendesse às expectativas funcionais de maneira sustentável, e enveredamo-nos pelos caminhos que levaram nossos primeiros croquis a desenhos rigidamente ortogonais.
Na apresentação destas primeiras ideias ao nosso professor orientador, Celso Lomonte Minozzi, recebemos a sugestão de trabalhar a forma no sentido de fazer desse projeto algo surpreendente aos olhos, um volume inusitado e convidativo, que pudesse ser reconhecido em quaisquer lugares onde fosse instalado, já que uma das condições iniciais era a possibilidade de desmontagem e transporte da unidade.
Nos empenhamos então em construir uma forma mais orgânica, e os croquis tomaram um aspecto totalmente diverso dos primeiros estudos: passava a tomar grande semelhança com um ovo semi-enterrado e deslocado do eixo horizontal, articulando assim o caráter da originalidade.
Baseado em um modelo estrutural da natureza, a caixa torácica retrata a espacialidade do projeto. A estrutura do quiosque é reforçada por dois tirantes que amarram as lâminas em placa de bambu, evidenciando a sustentabilidade, diretamente ligada ao conceito formal. Essas características definem um volume que transmite leveza e reduzida quantidade de matéria, o que otimiza o transporte e a produção.
A conectividade, uma das premissas do concurso, nos levou a refletir sobre as interações entre o quiosque e o parque, entre o quiosque e a cidade. Disso, surgiu a ideia de representar a cidade sob a lâmina de vidro que suporta os pés dos usuários, uma brincadeira que se complementa com os próprios espaços entre cada elemento da estrutura, que, além de garantir a transparência e a conectividade entre os ambientes interno e externo, oferece a paisagem natural do parque como papel de parede para o quiosque.
Por fim, e não menos importantes, os sanitários e o acesso demonstram a atenção dada às exigências do desenho universal; no caso deste último, a pequena rampa, a partir de determinado ponto, transforma-se em um banco, fortalecendo a ideia de um lugar onde todos os elementos congregam sua forma e função em prol de um objetivo único: servir ao usuário, incentivando-o à apropriação da arquitetura da cidade enquanto parte do seu cotidiano.
ficha técnica
Autores
Angela Ishibashi
Rafael Derderian
Professor Orientador
Celso Lomonte Minozzi
Colaboradores
Lótos Dias Medeiros
Marcelo Pace
Michel Stein
Luiz Telles