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Conheça os projetos premiados da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em sua edição de 2009

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PORTAL VITRUVIUS. 8ª BIA. Premiados Bienal de Arquitetura 2009. Projetos, São Paulo, ano 11, n. 131.01, Vitruvius, nov. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.131/4072>.


O desenvolvimento do centro-oeste paulista foi promovido graças à expansão do sistema ferroviário. A estação de Araras entrou em funcionamento em 1877, como ponta de linha do ramal da Companhia Paulista que partia de Cordeirópolis. A rápida expansão da malha ferroviária garantiu maior importância à estação. A construção original, um galpão de madeira, foi substituída por uma edificação em alvenaria em 1882. O prédio sofreu várias reformas durante as primeiras décadas do século XX. Os armazéns foram construídos em 1887 e 1924. A estação atendeu o transporte de passageiros até 1977 e os trens cargueiros cessaram suas atividades no final da década de 1980. Aos poucos os trilhos foram sendo retirados e as edificações abandonadas. Além do desgaste natural o conjunto foi vandalizado e pilhado. O grave processo de deterioração apagava parte da história ferroviária e da cidade de Araras.

No ano de 2003, por uma iniciativa da ACAAR – Associação de Cultura e Artes de Araras, o Instituto de Arquitetos do Brasil juntamente com a Fundação Bienal de São Paulo organizaram o concurso nacional para a requalificação da antiga estação ferroviária de Araras com o propósito de transformá-la num centro cultural.

Ao vencer o concurso, nossa equipe foi contratada para desenvolver o projeto executivo e seis anos depois temos parte do projeto construído. Através dessa iniciativa da ACAAR pudemos contribuir para o resgate de parte da memória da população ararense.

A intervenção no conjunto existente teve como objetivo resgatar e valorizar as características históricas de cada construção, através da restauração de seus elementos construtivos e da inserção de novos atributos relativos à mudança de uso. Os novos itens incorporados ao patrimônio são característicos da contemporaneidade. Assim reforçamos a distinção entre a intervenção e a originalidade do conjunto.

Funcionalmente, o partido arquitetônico foi pautado na distribuição do programa de necessidades pelas construções originais, na criação de uma nova edificação para complementação do espaço necessário e na expansão, através de uma nova estrutura, da área coberta da antiga gare.

Desde 1882 a antiga sede da estação sofreu diversas reformas. O projeto proposto buscou ressaltar as características mais significativas que resistiram ao tempo. Os compartimentos internos são novos e visam atender ao atual uso do prédio: área administrativa do centro cultural. Toda a caixilharia também é nova e conta com características contemporâneas, despojadas de adornos.

Os antigos armazéns que antes serviam como depósito de materiais e mercadorias para a ferrovia agora abrigam cultura. O mais novo, construído na década de 1920, possui pé direito generoso, 4,8m, e tornou-se o salão de exposições. Contíguo a ele, o armazém primitivo, que possuía porão alto, era o mais propício para abrigar o auditório. Assim, a sala de apresentações acomoda 175 espectadores. A porção central do galpão foi reservada para as instalações sanitárias e para a cozinha que oferece suporte à lanchonete da área do foyer.

O bloco isolado que outrora serviu como residência do chefe da estação teve todas as suas feições reconstituídas e hoje abriga o apoio aos funcionários do centro cultural.

A plataforma da estação atua como elemento integrador do conjunto edificado. A cobertura da mesma foi estendida através da construção de uma marquise de concreto que atua como uma nova estrutura de conexão; um novo elemento que valoriza as edificações remanescentes, configura novas áreas de convivência e estabelece relações com espaços internos e externos. A marquise se expande na porção central do terreno de modo a criar um abrigo para o espaço de convivência.

A linearidade do complexo foi reforçada através das novas edificações propostas, construções que fazem alusão ao antigo uso do sítio. Um espelho d´água com 245m de comprimento faz alusão aos trilhos de antigamente, atua como fator de valorização das edificações e contribui para o conforto ambiental do conjunto.

Pousado sobre o espelho d´água, no centro do sítio, o novo bloco destinado aos ateliês e à biblioteca remete à um grande vagão. Projetado com estrutura de aço corten propõe-se a desmaterialização desse volume transformando suas fachadas em elementos translúcidos mudando o modo de percepção do volume para uma idéia de “pele”.

Infelizmente apesar da dedicação e de todos os esforços o projeto não foi construído por completo.

Projeto de intervenção
A postura adotada para a intervenção no conjunto edificado pautou-se na distinção dos diversos momentos históricos das construções, através da valorização das características mais significativas que resistiram ao tempo. Este princípio norteou a inserção de todos os elementos do projeto. Para tanto, foi necessária uma profunda pesquisa histórica em busca de registros iconográficos da estação, aliada a um trabalho de levantamento de informações em campo.

A premissa para o projeto de intervenção foi sustentada por três pontos: a restauração dos elementos construtivos e decorativos, a reprodução de itens necessários à unidade estilística e a inserção de recursos necessários ao novo uso. Todos os itens inseridos no conjunto, sejam eles novos ou reproduções, têm em comum o fato de serem claramente distinguíveis, o que quer dizer que houve a intenção de assumir tanto as réplicas como os novos elementos.

O material eleito para a interface entre o primitivo e a intervenção foi o aço corten. Este foi escolhido porque a nova edificação proposta tem como principio a aludir a um grande vagão. A fim de garantir a unidade da intervenção os novos elementos arquitetônicos propostos também foram construídos com o mesmo material.

Plataforma da estação
A gare existente, com 102m de comprimento, teve alguns de seus pilares de ferro fundido restaurados e outros reproduzidos. A reprodução foi executada através de um molde elaborado a partir de um pilar original. A maior parte da estrutura de madeira estava comprometida, portanto esta foi completamente substituída, assim como a cobertura metálica. Com o objetivo de valorizar os adornos metálicos foi implantado um sistema de iluminação no piso, na base de todos os pilares. A sequência da cobertura da plataforma foi conseguida através da construção de uma marquise em concreto armado aparente. Um novo elemento neutro, despojado de ornamentos.

Prédio Administrativo
A área interna do edifício foi totalmente remodelada a fim de atender ao novo uso. A nova condição permitiu a supressão do antigo forro de madeira. Esta postura permitiu revelar as tesouras metálicas originais e ampliar o ambiente interno.

O desenho dos caixilhos originais não perdurou; seguindo a premissa de diferenciar os elementos novos dos existentes foi proposta uma nova caixilharia em aço com características contemporâneas, elementos com desenho discreto objetivando não competir visualmente com os adornos da edificação, respeitando a lógica de proporção do desenho original.

Salão de Exposições
Ao mesmo tempo em que o prédio recebeu toda infra-estrutura necessária ao seu novo uso, suas características originais foram ressaltadas. Principalmente pela iluminação criada para destacar as robustas tesouras de madeira que servem de suporte tanto para as instalações de ar condicionado quanto para os trilhos de luminárias orientáveis.

Através de fragmentos das portas de outrora foi possível a reprodução exata do elemento. A nova porta não recebeu revestimento algum, pois assim fica claro que é uma cópia criada para garantir a unidade estilística do prédio. Na face nordeste do edifício, as antigas docas receberam, além das portas de madeira, um fechamento com panos de vidros fixos temperados a fim de otimizar o sistema de ar condicionado.

Na fachada também é evidente a separação do reboco original do recente. O efeito é destacado pela iluminação de fachada.

Edifício do auditório
A construção em tijolos aparente era um desafio para o trabalho de restauração, pois trechos das alvenarias externas sucumbiram e outros estavam lesados graças à falta de conservação. A solução para a recuperação foi reaproveitar os tijolos do antigo baldrame, suporte do assoalho de madeira que já não existia mais. Estes tijolos de barro cozido, com dimensões muito maiores do que os atuais, foram utilizados para a reconstrução das paredes e substituição daqueles avariados.

Os tijolos que estavam pouco danificados foram recuperados através de um processo de obturação feito com a argamassa resultante da mistura de cimento e pó de tijolos. Posteriormente todas as paredes receberam uma cobertura hidrofugante de siloxano com o objetivo de conservar sem alterar o aspecto original dos tijolos.

As delgadas tesouras metálicas têm sua estrutura resumida à um trilho, tirantes tubulares e peças de encaixe. Quatro delas foram restauradas e outras quatro reproduzidas. As primeiras possuem trilhos datados de 1918, já as outras datam de 1923. As demais peças foram construídas com base em moldes elaborados a partir das originais.

Assim como no outro galpão as portas de madeira foram reproduzidas e os caixilhos metálicos restaurados. No trecho do auditório as primitivas aberturas foram cerradas por chapas de aço corten.

Casa do Chefe da Estação
De todo o conjunto esta edificação era a que apresentava o melhor estado de conservação, apesar das intervenções sem critérios que sofreu para adaptar-se aos novos moradores. O processo de intervenção objetivou regatar todas as feições originais das fachadas da casa através da recuperação do revestimento das alvenarias e da cópia fiel dos elementos de vedação, pois os originais estavam consideravelmente danificados.

ficha técnica

Centro Cultural de Araras

Autores
André Dias Dantas, Bruno Bonesso Vitorino e Renato Dalla Marta + André Maia Luque e Fernando Botton

Colaboradores
Aline Pek, Ana Maria Montag, Maíra Baltrusch, Bruno Conde e Tiago Macedo Melo

Localização
Araras – SP

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