Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

projects ISSN 2595-4245

Texto crítico Memorial e ficha técnica

abstracts

português
Em um estreito e extenso lote, os escritórios CR2arquitetura e FGMF Arquitetos usam da criatividade para projetar uma residência que contemple todo o programa de uma casa e seja bem iluminada e ventilada.

how to quote

SABBAG, Haifa Yazigi. Casa 4x30. Inversão de programa. Projetos, São Paulo, ano 12, n. 135.06, Vitruvius, mar. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.135/4297>.


Encravada num renque de estreitas casas geminadas, a história começou mais como um desafio do que como um projeto de arquitetura. Como encaixar naquele lote de 4x30m todo o programa de uma casa, contando com poucas faces iluminadas?

A resposta, apesar de o objeto ser aparentemente simples, veio através de muita pesquisa. Das minúsculas casas japonesas e holandesas, emprestamos mais do que a certeza de que seria possível aproveitar o pouco espaço de maneira criativa: os exemplos também induziram certa implosão do programa da casa pequeno-burguesa. A proposta arquitetônica encerra uma lógica pouco alinhada ao espaço convencional para o estereótipo da família de classe média paulistana, lança mão de espaços integrados e elimina outros considerados “obrigatórios”.

A ocupação do lote foi um dos principais condicionantes para o desenvolvimento do projeto. A busca por iluminação e ventilação naturais condicionou a ênfase no jardim central, recortado no volume construído de forma a criar três fachadas generosamente banhadas de luz. Unidos por uma passarela em torno do jardim, dois blocos de tamanhos diferentes organizam as funções da casa e obrigam os moradores a desfrutar do verde em todos os deslocamentos. O bloco maior concentra sala e cozinha no térreo e quartos no pavimento superior; o menor contém ambientes de apoio como área de serviço, escritório e a circulação vertical da casa.

A essa escolha seguiu-se a intenção de perverter os limites do jardim com portas de vidro retráteis, de maneira a integrar totalmente a sala ao espaço externo. Neste ponto, uma encruzilhada conceitual: se a sala abre-se para o jardim, a única opção para a cozinha era ficar voltada à fachada.

A largura do lote e a relação sala-jardim implicaram, portanto, que a entrada da casa se desse por um espaço de serviço, e a solução encontrada foiir contra o impulso inicial de escondê-lo. Destacá-lo na forma e integrá-lo espacialmente passou de obstáculo a oportunidade de projeto. O rebaixamento do seu piso em 75cm, além de aumentar o pé-direito, trouxe duas consequências importantes. A primeira foi a criação de uma passagem “elevada”, de forma que a entrada da casa não se desse propriamente pela cozinha, mas por um eixo de circulação que se estende por toda a casa, organizando-a numa lógica imediatamente identificável. A segunda foi a estranha continuidade entre o nível da sala e a mesa de jantar, integrada à ilha com forno embutido. Rebaixada, a cozinha se oferece ao visitante por uma perspectiva inusitada. Integrada à sala pela mesa-piso, pela bancada que transborda de um ambiente ao outro, pelos materiais e detalhes, a cozinha coloca-se como parte do mesmo espaço, mas o rebaixamento do nível ressalta a diferença entre os programas.

Pairando sobre os vazios de alturas diferentes da sala e da cozinha, um grande objeto branco flutua. Destacado do eixo de circulação, o paralelepípedo revestido de lambris de alumínio transgride os limites da fachada frontal e se afasta da empena esquerda, permitindo visualização de um painel de ladrilho hidráulico. O volume acomoda duas suítes, acessíveis pela passarela de malha expandida que se interrompe para criar um pé-direito generoso sobre a passagem da entrada. Neste ‘átrio’ linear e através da malha expandida da passarela, tem-se a noção da continuidade do painel artísticoassinado pelo artista Fabio Flaks. Ele ocupa toda a empena, escoltando a circulação horizontal em todos os pavimentos, e remete aos grandes painéis que foram um traço característico da boa arquitetura moderna brasileira.Com um prolongamento intencional, este painel se apresenta à rua e define a entrada da casa, enquanto um discreto pano de vidro permite ao observador externo vislumbrar a continuidade da peça de arte, que se oferece como parte da paisagem urbana. Totalmente aberta, a garagem de piso permeável também é um exercício de generosidade com a paisagem da cidade, frequentemente agredida pelos muros altos que refletem a paranoia da segurança e o delírio de privacidade que nega a própria urbanidade.

Sobre a caixa dos quartos, um grande deck ocupa a cobertura e cria um novo espaço de fruição, emoldurado por uma faixa de teto verde. O solário dá acesso para manutenção dos equipamentos de ar-condicionado e aquecimento de água, mas é, sobretudo, um espaço de lazer que complementa o jardim do térreo. Para o casal que vivia em apartamento, qualquer centímetro quadrado ao ar livre configura uma grande conquista.

Apesar de se distanciar do concreto armado usual, a estrutura metálica empregada é extremamente simples. Esbeltas vigas metálicas cruzam o espaço e apoiam-se em pilares embutidos nas empenas laterais. O conceito da construção seca é apropriado também nos demais sistemas empregados, como paredes de gesso e placas cimentícias, lajes de painel de madeira, passadiços metálicos, grandes caixilhos e pisos de placas de borracha, resina ou deck flutuante. No conjunto, trata-se de uma casa de construção eficiente, rápida e precisa, sem desperdícios e retrabalhos. O materiaisempregados são tão recicláveis quanto a própria casa, que pode ser facilmente adaptada ao longo do tempo ou simplesmente desmontada quando necessário.

O painel de ladrilhos, de desenho singelo, compõe com o piso de resina de poliuretano e com o alumínio da caixa um cenário de grande simplicidade e brancura, só rompido pelaexuberância do jardim, de um lado, epelo força da empena preta que protege o interior dos olhares da rua, no lado oposto. A obsessão pelo branco não é puramente forma, embora a busca por um espaço simples fosse uma premissa do partido: é, antes de tudo, uma estratégia para refletir a luz internamente, levando-a a todos os pontos da casa.

O jardim também tem seu papel na eficiência da casa. Além de permitir uma área permeável superior à exigida por lei, o espaço gramado conta com uma pitangueira e uma vistosa parede verde que refrescam naturalmente e criam uma zona de baixa pressão. O ar, resfriado, cruza a sala em direção à janela da cozinha, renovando o ar e garantindo condições térmicas adequadas para a maior parte do ano. No inverno, a tela externa que protege a fachada do poente pode ser recolhida para que a insolação ajude a aquecer o ambiente.

Além da tela retrátil, outros elementos como os brises de malha expandida, o ecotelhado, o deck da cobertura que sombreia a telha metálica, o uso de isolantes termo-acústicos nas vedações e janelas de vidro duplo nos quartos garantem um desempenho térmico acima da média.

O resultado, no final, é uma pequena casa em tamanho, mas grande pela integração e continuidade dos seus espaços, pelo uso da luz e pela flexibilidade do programa menos rígido do que uma casa convencional.

ficha técnica

local
São Paulo, SP, Brasil

projeto
2008-2009

obra
2010-2011

autores
Clara Reynaldo (CR2arquitetura) e Lourenço Gimenes (FGMF arquitetos)

colaboradores
Fernando Forte, Rodrigo Marcondes Ferraz, Ana Luíza Galvão, Bruno Araújo, Marcela Aleotti e Marília Caetano (arquitetos), Mirela Caetano, Rafaela Arantes e Wilson Barcellone (estagiários)

projeto estrutural
OPPEAEngenharia

projeto de paisagismo
Studio Ilex

projeto de instalações
Ramoska&Castellani

painel artístico
Fabio Flaks

source

comments

135.06 crítica
abstracts
how to quote

languages

original: português

source

share

135

135.01 biau

Seleção de obras brasileiras para a VIII BIAU Cádiz 2012

Abilio Guerra

135.02 biau

Welcome Center

135.03 biau

Galeria Miguel Rio Branco

135.04 biau

Edifício Amélia Teles 315

135.05 biau

EBE Cristal

135.07 biau

Edifício na Rua Simpatia

135.08 biau

Centro Dra. Zilda Arns

135.09 biau

Museu do chocolate

135.10 biau

Área de Portais

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided