Cabo Frio e a concepção
Paisagens naturais praianas em tons pastéis que passeiam do branco, bege, ocre e terra das areias, do verde oliva das vegetações de mangue, dos verdes em tons azulados do mar e dos azuis do céu apresentam uma paleta de cores inconfundível a ser explorada. Tudo lembra água. A vastidão de canais naturais e projetados interliga e permite a conectividade fluvial de todo seu território. A vocação turística e a demanda existente e crescente por eventos completam os vetores a serem seguidos no desenvolvimento da proposta para o Centro de Convenções, Exposição e Eventos. O projeto do Centro Cultural de Eventos e Exposições de Cabo Frio, o CCEE, parte da constatação de que arquitetura e paisagem devam ser pensadas de forma indissociável, harmônica e homogênea. Indissociável, pois há o estudo, respeito e entendimento do sítio e seus condicionantes; Harmônica, pois a paisagem e o sítio são pré-existentes; Homogênea, pois a arquitetura pode e deve se apropriar do seu entorno. A permeabilidade visual, a simplicidade volumétrica e o edifício como mirante, foram os pontos perseguidos na proposta do CCEE.
A flexibilidade x simultaneidade
O projeto foi concebido com o objetivo de atender a usos já existentes na cidade, assim o espaço projetado pretende comportar desde pequenas feiras até grandes shows. Pavilhão multiuso, auditório e salas de reunião foram pensados de forma a permitir diversas configurações de uso simultâneo, somando-se ou dividindo-se espaços.
O paisagismo
O diálogo entre a edificação e a paisagem, será fortalecido pela diversidade dos usos que compõem o projeto. Associando edificação e espaço livre público ora através de porções ajardinadas em recortes do piso, ora com mini bosques arborizados ou mesmo ao evidenciar áreas de mangue remanescentes do local. A escolha das espécies respeita a fitogeografia da área através utilização preferencial das composições entre as diferentes espécies típicas do bioma de restinga, compondo um paisagismo com variedade de extratos, texturas e cores ao que convém o “direcionamento do olhar” do observador, dentro ou fora do edifício.
A estrutura
Para permitir todas as intenções projetuais desejadas em um centro de convenções - flexibilidade, permeabilidade e fluidez espacial - a modulação estrutural adotada foi de 20 x 25 metros e solucionada em sua totalidade por pilares e vigas metálicas. As lajes do primeiro e segundo pavimentos são em sistema steel deck, apoiadas em vigas menores que por sua vez se apoiam em vigas perfilares principais. A estrutura da coberta é solucionada com treliças metálicas planas, onde se apoiam a cobertura, calhas, forros e todos os sistemas que percorrem o entre forro.
O conforto térmico
Nas fachadas voltadas para Leste e Oeste, em toda a extensão do bloco superior foi disposta estrutura metálica afastada 2,5m da fachada do edifício. Sobre a estrutura metálica, placas de ETFE (Etileno Tetrafluoretileno) seguem a modulação da estrutura e fazem função de brise soleil. As placas foram pensadas com perfuração que propiciam momentos de maior penetração da luz ou hora mais fechadas, criando na fachada um desenho orgânico que se aproxima ao desenho de bolhas de água, ou da espuma do mar. O material e sua perfuração fazem com que a fachada da edificação alterne entre o branco com a percepção da textura dos furos durante o dia, e a leve transparência durante a noite, evidenciando o perfil interno da edificação.
ficha técnica
arquiteto responsável
Arq. Isac Filho
coautores
Arq. Murilo Medeiros
Arq. Ana Terra Xavier
Arq. Juliana Rabello
Arq. Vanessa Carvalho
Arq. Gisele Amorim
Arq. Isabelle Ramos
drenagem
Eng. civil Jose Angel Sola Arbeloa
geotecnia, Topografia e Cartografia
Eng. civil Glauber Carvalho
acessos e geometria viária
Arq. Marco Caminha Jr
paisagismo
Arq. Gisele Amorim