Uma cidade construída
Implantada entre a mata e o mar, Paraty, dentro dos limites de suas correntes, é uma cidade harmônica e consolidada. Planejada segundo padrões das cidades portuguesas, onde as igrejas serviam de referência e de polo de irradiação urbana tem em seus trinta quarteirões atuais construções que preservam boa parte de sua memória edificada.
Embora hoje tomada pelo uso comercial massificado, gerado pelo turismo ascendente, a harmonia da Cidade Histórica está presente nas perspectivas visuais de suas ruas em pés de moleque, que recebem os enfileirados de uma arquitetura simples, porém expressiva.
Nesse contexto, a cidade parece concluída.
Uma cidade em construção
Fora dos limites das correntes, a cidade que se expande apresenta um desenho heterogêneo e por vezes fragmentado, gerando uma espacialidade descontínua e carente de referências simbólicas de expressão.
O local para o Novo Centro Cultural de Paraty, apesar de localizado a pouco mais de 400m da orla urbanizada da Praia do Jabaquara, não conta com rede viária e infraestrutura de abastecimento básico construídas. Em seu entorno imediato também não existe qualquer edificação.
Essa aparente ausência de cidade, destaca a força do verde envoltório e da paisagem magnífica das montanhas e da Mata Atlântica, que as perspectivas visuais do local proporcionam.
Sendo todo Centro Cultural, pela natureza intrínseca de suas atividades, um qualificador urbano, nesse contexto, o Novo Centro Cultural de Paraty passa a ser também um gerador de urbanidade. Desse modo, mais que apenas construir um edifício, deve-se construir um lugar.
Uma caixa de acontecimentos
Interpretamos o Centro Cultural como uma grande Caixa de Acontecimentos, envolvida por fechamento transparente e protegida ambientalmente por grandes beirais e muxarabis, que reportam a tradição presente na arquitetura colonial brasileira.
Permeável às perspectivas visuais, tanto internas quanto externas, o Centro Cultural se apresenta como um edifício amigável e extrovertido que, valorizando a paisagem e a integração com o entorno, se abre generosamente para a cidade que se constrói.
Entende-se com essa conformação, estimular o encontro e a convivência como forma de promover e instigar as mais diversas possibilidades, de manifestações culturais e artísticas.
ficha técnica
autores
Renato Dal Pian
Lilian Dal Pian
colaboradores
Carolina Fukumoto
Carolina Tobias
Leonardo Gomes
Sabrina Aron
consultores
CHAPMAN-BDSP
MODUS Engenharia
NV Engenharia
JUGEND Engenharia