Feição das construções da cidade histórica, este projeto se apresenta com a intenção de releitura construtiva da edificação, agora em situação mais confortável, amparada pela nossa capacidade de produção industrial e na diversidade de nossas matérias primas disponíveis. Como na cidade antiga, este centro cultural está levemente solto do rés do chão, como um piso sobre o porão a conter a volumetria para o programa, construída em estrutura metálica e vedos, ora de painéis de concreto ora caixilhos. Esta disposição volumétrica possui também o objetivo de aliviar termicamente a construção, por conta da convecção de ar conduzida sob o piso e pelo colchão de ar entre a cobertura de madeira e a laje de cobertura dos pavilhões. Ademais, são utilizados brises de madeira nas fachadas com caixilhos que possuem maior incidência solar, resultando um melhor conforto térmico no interior dos edifícios. Sobre essa volumetria, uma cobertura leve, solta do volume, como um sótão, em madeira laminada fechada, basicamente complementada com painéis de vidro protegidos por uma camada de brises metálicos. Essa cobertura, em forma de grelha, traz a flexibilidade no uso desses fechamentos, com liberdade para escolha dos materiais de acordo com a necessidade.
A preocupação em respeitar o orçamento destinado a essa obra nos levou a pensar este projeto de maneira a resultar numa construção rápida, de estrutura modular e facilidade de execução. Se considerarmos que Paraty está em uma região com alto regime pluviométrico, este projeto permite a construção esteja configurada nas etapas subsequentes: a primeira, a fundação e o arrimo do piso do pátio. A segunda, antecipando a construção dos pavilhões, a execução do esqueleto estrutural e cobertura. A terceira e última, a construção dos pavilhões, com a evidente vantagem de permitir uma continuidade da obra livre das surpresas (constantes) de nossas intempéries.
ficha técnica
autor do projeto
Anderson Fabiano Freitas