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architectourism ISSN 1982-9930


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SPOLON, Ana Paula. Eram assim as viagens pelo Brasil.... Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 007.07, Vitruvius, set. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.007/1362>.


Haroldo Leitão de Camargo é historiador pela USP. Não é de hoje que trafega pelas estradas do turismo. Não é a primeira vez que trata do tema e não é a primeira vez que o faz pela Aleph. No livro Patrimônio Histórico e Cultural aborda a questão do patrimônio e sua construção sócio-temporal, com competência e de maneira clara e direta, em uma obra curta, destinada à rápida compreensão da relação entre turismo e patrimônio histórico-cultural. Desta vez o foco é a história. Ou a pré-história. Ou a história que vem antes daquele marco inicial da vida formal do turismo no Brasil. Este, o contexto da pré-história, é o encontrado por Camargo para explicar os primórdios do turismo como atividade organizada.

Reconhecendo o turismo como uma atividade social e historicamente construída, o autor percorre o período compreendido entre o ano de 1808 até 1850 (época em que viajar pelo país era um tormento, devido às “condições materiais, pré-requisitos ou infra-estrutura que façam efetivamente o turismo possível”), quando as viagens ao Brasil eram feitas por estrangeiros, por lugares com alguma significação para a aristocracia e a burguesia em ascensão – entenda-se o Rio de Janeiro, onde estava a corte e os valores sócio-culturais vigentes.

A iniciativa não é, em si, nova. Em 2001 Mário Jorge Pires já havia publicado pela Editora Manole o livro Raízes do turismo no Brasil, adaptação de sua tese de doutorado, intitulada Raízes do turismo: hóspedes, hospedeiros e viajantes no século XIX no Brasil e defendida na Escola de Comunicações e Artes da USP em 1991.

Também analisando literatura de época e relato de viajantes, o livro de Pires, entretanto, traz um foco um pouco maior na percepção, pelos estrangeiros, da hospitalidade brasileira e dos hábitos desenvolvidos na região sudeste por influência dos estrangeiros que viviam ou passavam por ali.

Uma década e meia depois surge o livro de Camargo e o que se vê não é uma releitura de uma obra anterior desenvolvida sobre o mesmo tema, mas uma nova abordagem de uma temática imprescindível para que se entenda o evoluir de uma atividade que por muitos vem sendo considerada fenômeno. A prática das viagens no Brasil, em sua fase adulta, carrega muito de sua infância – é o que nos ensina Camargo (entre outros ensinamentos nada dispensáveis).

A estrutura do livro, organizada sobre relatos de viajantes e práticas da burguesia e da aristocracia, é clara, bem planejada e eficiente. Rico em informações, o texto expõe o cuidado e o rigor do autor enquanto pesquisador e escancara seu agradável estilo como escritor – dono de uma redação linear e limpa de adornos desnecessários, cuja leitura é mesmo um prazer. Para além disso, destaque-se a escrita entremeada de observações de caráter pessoal, onde aparecem o humor inteligente, a percepção arguta e, por vezes, até a ironia – recurso de que se pode valer o escritor que mostra uma postura respeitosa em relação às suas fontes e que usa com habilidade sua capacidade de circular pelas áreas das artes, da literatura e da cultura.

À editora, que critiquei negativamente em outra ocasião, fica agora desta vez o registro do cuidado com a forma gráfica, a redação e a arte final, que privilegia uma bonita capa (qualidade desta série, chamada Turismo), para além das páginas internas bem cuidadas e dispostas. Se um livro não se compra só pela capa (não só, mas também...) fica a recomendação de que este seja adquirido antes por seu conteúdo.

Uma observação sobre o título – fico pensando se não se poderia falar de uma pré-história das viagens e dos lazeres no Brasil, uma vez que o livro não aborda subsegmentos específicos do turismo, como os setores da gastronomia e da hospitalidade comercial, por exemplo... Mas penso que a decisão pelo uso da palavra turismo tenha sido mesmo uma opção pessoal. Por certo ainda nos falta muito no sentido de discutirmos e estabelecermos padrões e consensos para o uso de jargão técnico na área do turismo como um todo.

O que mais importa é o resultado deste trabalho em nós. Em mim, fica a vontade de conhecer a história – esta que vem, pela lógica do autor, depois da pré-história. Quero ver escritas, nos mesmos termos, as histórias do turismo, da hotelaria, da gastronomia...

CAMARGO, Haroldo Leitão. Uma pré-história do turismo no Brasil: recreações aristocráticas e lazeres burgueses (1808-1850). Série Turismo. São Paulo, Aleph, 2007. ISBN: 978-85-7657-035-6

sobre o autor

Ana Paula Garcia Spolon é consultora hoteleira, tradutora e professora universitária. Formada em Hotelaria pelo SENAC, é doutoranda e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela USP, onde desenvolve pesquisas sobre turismo, estética arquitetônica e valorização imobiliária. Atua na área de planejamento e desenvolvimento de projetos turísticos e hoteleiros há 15 anos.

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