Sapatos de salto alto equilibrados sobre pedais de bicicletas, senhores, mesmo que em forma precária, às empurram rumo às compras, turistas deslumbrados, mães e seus bebês, jovens engravatados e ciclistas de finais de semana disputam lugar nas ruas com os adictos em esportes desfilando com as suas roupas tecnológicas e maravilhosos apetrechos.
Há um esforço em curso em Paris para reforçar o uso das bicicletas através da construção de uma infra-estrutura de apoio – banheiros públicos, ciclovias exclusivas ou compartilhadas com ônibus, pontos de informações e farta sinalização – e de um novo sistema de aluguel de bicicletas.
A palavra mais aclamada, talvez a mais significativa e pela qual será lembrado este verão é Velib – vélos en libre service.
Em troca de mais espaço para publicidade, a empresa que detém esta concessão em Paris, em acordo com a prefeitura da cidade, construiu e implantou um sistema para o aluguel de bicicletas.
É possível pegar uma das 20 mil bicicletas em um dos 750 pontos e devolver a vélo no ponto mais próximo do seu destino.
O pagamento, a partir dos 30 minutos de utilização, pode ser feito através de cartão de crédito ou através do Navigo, um cartão similar ao Bilhete Único existente em São Paulo, e é repassado diretamente para os cofres públicos.
Para a operação logística deste sistema existem 20 caminhões que transportam as bicicletas e se incumbem pra que os pontos não fiquem vazios ou cheios demais inviabilizando a retirada ou a devolução das velibs.
A cidade tenta através desta iniciativa, principalmente, a redução do trânsito reforçando um modo de deslocamento ecologicamente correto tem ao seu favor uma geografia praticamente plana e a sua dimensão.
O tempo médio de deslocamento entre o centro e os extremos da cidade é de 25 minutos em média.
Os reflexos desse incremento nos modos de transporte já são evidentes na vida dos parisienses, que agora se sentem mais livres e independentes do horário de funcionamento do metrô ou dos ônibus, e no comércio.
As trocas estão intimamente ligadas à velocidade.
Uma das queixas freqüentes entre a boêmios parisienses era o fato do metrô parar de funcionar de uma hora antes dos bares. Táxis, durante a madrugada são raros, e não contam com a simpatia da maioria pelos seus altos preços e pelo difícil trato com os motoristas.
Agora, mais felizes com a possibilidade de alongar as visitas aos amigos, de transitar com mais facilidade de um bar para o outro, de mais tempo para a ultima taça de vinho nos cafés ou com a possibilidade de dançar despreocupadamente nos clubes voltando para casa avançando às pedaladas.
sobre o autor
Glau Hokama, estudante da FAU-USP, que durante a sua estada na cidade se dedica a desvendar a Paris cotidiana.