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architectourism ISSN 1982-9930


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BERNUCCI, Tânia. A arquitetura familiar da América. Arquiteturismo, São Paulo, ano 02, n. 015.07, Vitruvius, maio 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/02.015/1425>.


Os Estados Unidos são, pra mim, sinônimo de família. Podem dizer o que quiserem do Bush, eu sei que lá tem outras pessoas incríveis, norte-americanos e latinos que conheci ao longo dos anos. Disney, Miami, apesar de eu ter estado lá algumas vezes, não são a minha praia. A minha praia já foi Ann Arbor (Michigan), New Haven (Connecticut), Boulder (Colorado), Austin (Texas) e, agora, Davis (Califórnia) quando viajo de férias.

Não que eu tenha uma família enorme – essas cidades fazem parte do circuito por onde andou e anda meu irmão, um professor universitário de Literaturas e Línguas Portuguesa e Espanhola, que vive há quase 30 anos naquele país, com minha cunhada americana e três sobrinhos.

Conhecer lugares sobre os quais eu nunca tinha ouvido falar e entender costumes distintos me fez ser uma turista diferente. Eu viajo para encontrá-los onde quer que estejam e sempre aprendo coisas novas sobre os Estados Unidos em cada canto.

Da última vez, em novembro, passamos juntos o Thanksgiving, que é uma data muito importante para os americanos, talvez mais significativa que o Natal. Todos ficam mobilizados, saem às compras e fazem uma super-festa, decoram mesas e fachadas recebem amigos e parentes que vêm de outros Estados e, ainda, lêem uma oração pra agradecer a confraternização entre os povos, antes de comer.

Para quem não sabe, tudo começou em 1621 com uma refeição entre índios americanos e peregrinos vindos da Europa, por isso as comidas também servidas na data encarnam o espírito da integração: peru, purê de batatas, vagens e cogumelos refogados ao vinho tinto, vagens e cogumelos refogados ao vinho tinto batatas doces cor de salmão com passas e mel, couve-de-bruxelas, salada de cranberry com nozes e pumpkin and pecans pie e torta de cerejas na sobremesa. Quando postos à mesa, todos os pratos têm as cores do outono: amarelos, alaranjados, verdes se fundem. A preparação nos custou pelo menos dois dias de compras, arrumações da casa e trabalho na cozinha.

Davis e Sacramento no outono

Davis, uma cidade muito simpática e de grande população asiática (especialmente chineses e indianos), tem ótimos restaurantes japoneses, chineses e, ainda, a Konditorei Austrian Pastry Cafe uma casa que recebe, de vez em quando, a visita do governador do Estado Arnold Schwarzenegger e faz tortas e pães deliciosos, além de um peruzinho de marzipan.

Em toda a vizinhança há plantadores de amêndoas e damascos (a Califórnia está entre os grandes produtores da fruta no mundo). Tudo orgânico, de acordo com os mandamentos hippies e politicamente corretos da região. Aos sábados, é possível passear pela feirinha no centro da cidade e comprar cogumelos de mais de dez espécies, raízes de todo o tipo e, ainda, morangos de um produtor que adora o Brasil e fala português. A cidade abriga um grande campus da Universidade da Califórnia, com um teatro maravilhoso construído com o dinheiro doado pela família Mondavi, uma das maiores vinícolas do Napa Valley, que está a uma hora da cidade.

Paul, um dos meus sobrinhos, estuda enologia e canto. Com 18 anos, ele já saiu de casa, vive num dos dormitórios universitários e, como quase todos os estudantes, tem sua horta. Nos finais de semana, chega carregado de pepinos, mostardas, rabanetes e outros frutos da terra à casa dos pais. Saladas e sopas não saem da nossa mesa desde que éramos pequenos e morávamos em Jarinu, interior de São Paulo. Nossos filhos, felizmente, também as apreciam.

A grande vantagem de Davis é que está a 15 minutos de Sacramento, 1 hora e meia de San Francisco e 1 hora do Napa, onde quase todo vinho californiano é produzido. Em Davis, também há uma hamburgueria artesanal, preferida pela moçada, que nem se lembra do McDonald's. Na cidade, muito plana, quase todos andam de bicicleta, uma visita ao campus, deixa a gente tonta de tantas bikes estacionadas. Vale a pena explorar a universidade (www.ucdavis.edu), pisando em azeitonas, as ruas estão forradas de oliveiras. Há uma série de esculturas divertidas do artista plástico Robert Arneson’s, chamadas Eggheads espalhadas pelo campus. Do edifício mais alto, se vê a Sierra Nevada, onde alguns esquiam nos finais de semana.

Sacramento, que também pode ser avistada quando o dia está claro, é uma cidade interessante. Lá, visite a Old Sacramento, cheia de lojinhas e restaurantes, casas de caramelos típicos da região (há uma chamada Candy Land) ou pés de moleques gigantes feitos com amêndoas. Lá, não deixe de ir ao California State Railroad Museum, que tem até um exemplar do Expresso Polar e toda a coleção de louças dos carros ferroviários.

Próximo ao Capitólio, há um Jardim das Rosas, com muitas espécies, que fica no Memorial da Paz, construído em homenagem aos que combateram no Vietnã. Ali perto, num restaurante mexicano muito bonito, chamado Zócalo, comemoramos o aniversário do meu irmão, que apagou as velinhas sobre um arroz doce, que tinha outro nome.

Todo o memorial descritivo de pratos, sensações e o que vi naquele outono me inspirou a criar um outro projeto: o de voltar algum dia e experimentar novas estações.

sobre o autor

Tânia Bernucci é jornalista formada pela PUC-SP. Pós-graduada em Literatura Brasileira pela USP, é assessora de comunicação. Durante 14 anos foi assessora de imprensa do Hospital Sírio-Libanês, onde editou o jornal da Sociedade e os livros de 80 e 85 anos da instituição.

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