Os grandes eventos esportivos, em especial o futebol entre nós, têm uma enorme capacidade de aglutinar em torno de si uma rica gama de manifestações humanas, envolvendo desde a capacidade técnica para construir instalações esportivas, infraestrutura urbana e equipamentos de comunicação, até manifestações humanas diversificadas e surpreendentes – hinos e gritos de guerra das torcidas nos estádios, festas e conflitos nas ruas, fantasias e adereços, decorações de espaços fechados e públicos, desfiles de automóveis e caminhões, etc.
No centro disso tudo, o jogo em si, que concentra um complexo de sentimentos cujo espectro vai da alegria esfuziante da vitória à antípoda angústia da derrota inelutável (e, para alguns, motivo de luto). Esta síntese dos potenciais e fragilidades humanas tem uma capacidade imensa de movimentar as pessoas pelo território e de gerar um rico patrimônio imaterial e material de recordações, que irá habitar a rica "zona fantasmática do imaginário" (José Miguel Wisnik, "Veneno Remédio, o futebol e o Brasil").
Ter estado em um momento inesquecível da história do esporte é um privilégio que torna uma pessoa especial, que será convocada a contar e recontar sua aventura. A viagem inesquecível, como indica o adjetivo, é aquela que se eterniza na memória e se transforma em lenda na esteira das narrativas oral e escrita.