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architectourism ISSN 1982-9930

abstracts

português
Veja no artigo de Juca Kfouri o relato de um jogo inesquecível do corinthians no Mineirão em que esteve presente, em 1969, quando da Taça de Prata, "um verdadeiro Campeonato Brasileiro", nas palavras do autor

english
See in the article by Juca Kfouri the story of an unforgettable match of Corinthians in Mineirão where there was, in 1969, "a real Brazilian Championship" in the words of the author

español
Vea en el artículo de Juca Kfouri el relato de un partido inolvidable del Corintians en el Mineirão en el que hubo, en 1969, "un verdadero Campeonato Brasileño", en palabras del autor


how to quote

KFOURI, Juca. No Mineirão nunca mais. Arquiteturismo, São Paulo, ano 02, n. 017.02, Vitruvius, jul. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/02.017/1438>.


Iime do Corinthians no dia 07 de dezembro de 1969, no jogo contra o Cruzeiro no Mineirão, pelo quadrangular final do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a "Taça de Prata". Em pé: Ado, Pedro Rodrigues, Miranda, Luis Carlos Galter, Ditão e Tião; agachados: Ivair
Foto histórica [MiltonNeves.com.br]

Corria o ano de 1969. A campanha corintiana na então chamada Taça de Prata – um verdadeiro Campeonato Brasileiro – era empolgante.

Em dezembro, a dúvida: matar o simulado no cursinho e ir a Belo Horizonte ver a final contra o Cruzeiro ou não?

Prevaleceu o bom senso.

O jogo estava marcado para domingo, como devem ser as grandes decisões.

A caravana partiu do Parque São Jorge, exatamente à meia-noite do sábado.

Eram, digamos modestamente, coisa de 60 ônibus.

Time do Cruzeiro em 1966. Em pé: Neco, Pedro Paulo, William, Procópio, Piazza e Raul; agachados: Natal, Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Hilton Oliveira
Foto histórica [MiltonNeves.com.br]

Bandeiras desfraldadas na Fernão Dias, um sem-número de restaurantes literalmente saqueados no caminho, e aquele crioulo ao lado não abria a boca.

A algazarra não lhe dizia respeito.

Azar.

A chegada na capital mineira foi épica.

Por onde passava a cruzada alvinegra as janelas se abriram.

O Corinthians acordava a cidade, ali pelas sete da matina.

Os cruzeirenses desdenhavam, os atleticanos jamais.

Mineirão tomado, um gol deles.

Eram tempos de Piazza, Tostão, Dirceu Lopes, um inferno.

A gente reagiu, empatou, foi roubado e tomou o segundo, uma jogada diabólica do Dirceu, driblando Ditão e Luís Carlos e deixando o Ado a ver navios.

Uma catástrofe.

Time do Corinthians em 1969. Em pé: Ditão, Luis Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidu e Lula; agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivellino e Eduardo
Foto histórica [MiltonNeves.com.br]

A humilhação maior, porém, ainda estava por acontecer.

Em São Paulo, no Morumbi, o Palmeiras batia o Botafogo e assim, com a nossa derrota, eram campeões os inimigos mais tradicionais.

Fazer o quê?

Nossa heróica caravana saiu do estádio cantando Palmeiras campeão, só para irritar os mineiros, numa demonstração de como o bairrismo atinge as raias da loucura total.

A provocação rendeu.

Apedrejaram o ônibus, quebraram todas as janelas, houve quem reagisse, todo mundo pra delegacia.

Horas depois, toca o arremedo de veículo estrada fora, no duro caminho da volta amarga.

Os restaurantes, precavidos, estavam fechados.

Lá pelas tantas da madrugada, a mão negra aperta a perna, e o crioulo fala pela primeira vez, cúmplice, arrasado: “Esse time só me dá problemas. Gastei 35 cruzeiros que não tinha, briguei com minhas duas muié para vir e dá nisso. É foda, irmão”.

Time do Cruzeiro em 1971. Em pé: Vanderlei, Fontana, Pedro Paulo, Piazza, Mario Tito e Raul; agachados: Nocaute Jack (massagista), Natal, Zé Carlos, Tostão, Dirceu Lopes e Rodrigues [Fonte MiltonNeves.com.br]

Incontinenti se põe de pé e solta o berro, gutural, do fundo d’alma: “É o Coringão, caralho”.

A solidariedade é geral, irrestrita.

Todo o ônibus assume o gesto e povoa a noite com o grito de guerra.

Mais. Em pleno Anhangabaú, ao raiar da segunda-feira paulistana, no coração da cidade que tinha seu campeão mais uma vez errado, a caravana entrava festiva, corintiana, para o pasmo dos passantes, incrédulos indo ao trabalho, como se uma delegação de marcianos acabasse de desembarcar.

A promessa foi feita naquele momento, enquanto o Corinthians não for campeão nunca mais para o Mineirão.

Deu para entrar na faculdade. Foi uma má troca.

[artigo retirado do livro "A emoção Corinthians", de Juca Kfouri, Editora Brasiliense, Coleção Tudo é História, esgotado]

sobre o autor

Juca Kfouri, graduado em Ciências Sociais (FFLCH-USP), dedica-se ao jornalismo desde o período de estudante, quando ingressou na Editora Abril, onde chegou a ocupar cargos diretivos nas revistas Placar e Playboy. Na tevê, foi diretor de esportes da Tupi, comentarista e apresentador no SBT, Globo, Cultura, Rede TV e ESPN Brasil, onde está desde 2005. Em jornais, trabalhou no O Globo e Folha de S. Paulo, onde tem atualmente uma coluna semanal

Juca Kfouri em estação de trem em Berlim, Alemanha
Foto Soninha


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