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architectourism ISSN 1982-9930

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O livro coordenado por Alexandre Falcão, "História da hotelaria no Brasil", editado pela Insight Engenharia de Comunicação, traz importante contribuição para a compreensão do fenômeno no país.


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SPOLON, Ana Paula. Entre chegar e partir. Arquiteturismo, São Paulo, ano 02, n. 019.07, Vitruvius, set. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/02.019/1461>.


FALCÃO, Alexandre (Coord.). História da hotelaria no Brasil. Insight Engenharia de Comunicação / ABIH Nacional, 2007
Foto divulgação

Houve poucas atitudes, no Brasil, que tenham merecido atenção, no que diz respeito à história da hotelaria. A indústria sempre teve sua evolução desprezada pelas editoras, salvo raríssimas exceções. Deu-se, sempre, prioridade às edições dedicadas à operação e à gestão de empreendimentos, de olho no mercado de estudantes e profissionais do setor, que cresceu notavelmente nas últimas décadas.

Entre as exceções, estão os livros Copacabana Palace – um hotel e sua história (DBA), Gastronomia e história dos hotéis escola Senac São Paulo (Senac SP) e os institucionais do Intercontinental São Paulo Hotel e do Grand Hotel Ca’d’Oro, estes últimos de circulação limitada e controlada.

Por isso mesmo, o lançamento do livro História da hotelaria no Brasil, em comemoração aos 70 anos da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), é louvável por vários motivos. O primeiro deles é porque nunca se fez, neste país, o mapeamento histórico dos meios de hospedagem, em âmbito nacional. E já havia passado da hora de alguém fazer.

O segundo motivo é o fato de a ABIH concentrar um nível de conhecimento da hotelaria nacional que a credencia para narrar, com propriedade, o caminho desta atividade que, se antes era negligenciada por muitos e defendida por uma minoria, hoje já caiu no gosto do país, de norte a sul.

E o terceiro e principal motivo é pelo livro em si – que antes de uma única história, reúne uma coletânea de histórias, em textos bem escritos e bem suportados pelo pouco que há sobre o assunto publicado em língua portuguesa, formato e encadernação que lhe conferem o status de livro de arte, fotos primorosas e uma seleção de empreendimentos que, se não é completa, é representativa da prática hoteleira nacional no século XX. No próprio livro, está escrito: “Os critérios de escolha dos 15 hotéis que representam os vários olhares da bem sucedida história da hotelaria brasileira estão longe de qualquer consenso possível. Muitas outras listas poderiam ser feitas, todas elas representativas. Bem, uma tinha que ser escolhida”. E foi.

Embora os meios de hospedagem sobre os quais se fala no livro estejam prioritariamente representados pela região sudeste – e somente em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, estão ou estiveram instalados nove dos 15 hotéis abordados na publicação – o conjunto em si foi bastante bem delineado. Talvez tenham faltado sim alguns exemplares, como o antigo São Paulo Hilton Hotel, o lendário Quitandinha, a (eternamente conhecida como) Pousada do Rio Quente, o Grande Hotel da Bahia, o Grand Hotel Ca’d’Oro, o (antigo) Tropical Manaus (ou Tambaú), esses na minha modesta opinião. E, claro, cada um de vocês teria uma indicação...

Fazer um livro que não fale de todos os meios de hospedagem, mas de um seleto grupo que seja representativo de uma totalidade, é por si só um risco e uma árdua tarefa. Que a ABIH assumiu com maestria, disponibilizando, como dito por Antonio Oliveira Santos em seu prefácio, um “simpático roteiro” para a história da hotelaria no Brasil. Tarefa (muito bem) cumprida.

O primeiro capítulo – Histórias da hotelaria no Brasil, do descobrimento ao século XXI – é um deleite. Nele são reunidas histórias e estórias, descrevem-se as práticas de outrora e sua evolução, desfila a parca biografia existente sobre hotelaria no Brasil – o livro de Belchior e Poyares, textos de Debret, anúncios dos almanaques, notícias e anúncios de jornais, relatos e correspondências pessoais e alguns estudos acadêmicos – e despontam os resultados de uma pesquisa responsável, abrangente e bem aparentemente muito bem conduzida.

Os capítulos seguintes compõem os chamados Estudos de caso (15 no total, descritos em dez páginas cada um), que descrevem a evolução e os causos de cada um dos empreendimentos selecionados, em prosa leve e bem humorada, ilustrada por imagens fotográficas de qualidade, bem enquadradas em ângulos inusitados e muita cor.

O primeiro desses estudos é (e talvez não pudesse deixar de ser!) o do Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro, construído em 1923, pela família Guinle, e até hoje um dos mais importantes ícones da hotelaria nacional. Mesmo sendo difícil falar da história do hotel depois de ela já ter sido contada em Copacabana Palace – um hotel e sua história, escrito em 2001 por Ricardo Boechat e publicado pela DBA Editora, a ABIH consegue fazer isso em um texto que é quase uma crônica ao “maior símbolo da ‘Princesinha do Mar’”.

Na seqüência, vem o também carioca “hotel dos presidentes”, o Glória, encrustado na Rua do Russel e talvez o melhor representante da hotelaria que se mistura com a própria história da cidade. De invulgar perspectiva e com uma situação de implantação bastante privilegiada, o Glória é como que um oásis em uma região que resiste aos efeitos do tempo.

O antigo Hotel Esplanada, de São Paulo, é descrito no terceiro estudo, que conta das festas aristocráticas nos corredores do hotel e de sua implantação no Vale do Anhangabaú, “que gozava de uma invulgar perspectiva” (TOLEDO, 1983) e que ajudou a compor o conjunto arquitetônico e urbanístico que certa vez o poeta Guilherme de Almeida chamou de “o cartão de visitas de São Paulo”.

O quarto estudo é o do Grande Hotel de Belém, anfitrião de luxo da época de ouro da borracha no norte do país e abrigo do vanguardista Palace Theatre, onde se apresentaram nomes como Vicente Celestino, Ítala Fausta e Glen Miller. Verdadeiramente, embora se diga que o primeiro hotel internacional do país tenha sido o antigo São Paulo Hilton Hotel, o Grande Hotel de Belém é que detém o título, por ter funcionado com a bandeira Intercontinental, do grupo International Hotels Corporation, entre 1948 e 1971.

Seguindo a saga dos “grandes hotéis” o quinto estudo do livro descreve o mineiro Grande Hotel e Termas de Araxá, na “mais bela estância hidromineral do continente”. O hotel (aberto em 1994, fechado em 1994 e reaberto em 2001 depois do trabalho de renovação coordenado pela Construtora Santa Bárbara, de Minas Gerais) foi um dos principais centros terapêuticos do Brasil, com acesso às termas do Complexo do Barreiro, em uma área de 17 mil metros quadrados.

Há ainda outros dez estudos, a saber, do Maksoud Plaza Hotel (São Paulo), do Brasília Palace Hotel (Brasília), do Sheraton Rio (Rio de Janeiro), do World Trade Center Hotel (São Paulo), do Rio Palace Hotel (atual Sofitel Rio Palace, no Rio de Janeiro), do Plaza São Rafael (em Porto Alegre), do Le Méridien Copacabana e do Rio Othon Palace (ambos no Rio de Janeiro), do Transamérica Comandatuba (em Una, na Bahia) e do Ariaú Amazon Towers (na Amazônia).

Seguir falando de cada um deles criaria aqui um ensaio e não uma resenha, além de estragar muitas das boas surpresas que todos podem ter a cada página deste livro que, oportunamente, nos coloca à disposição um retrato muito legal da hotelaria brasileira.

Deixo, portanto, essa pequena introdução e o reconhecimento, à ABIH, da importância de sua iniciativa. Entre o chegar e partir, há a necessidade de estar. E estar em uma dessas jóias descritas pela ABIH é, antes de tudo, um grande presente.

Livro resenhado: FALCÃO, Alexandre (Coord.). História da hotelaria no Brasil. Insight Engenharia de Comunicação / ABIH Nacional, 2007.

sobre o autor

Ana Paula Garcia Spolon é consultora hoteleira, tradutora e professora universitária. Formada em Hotelaria pelo SENAC, é doutoranda e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela USP, onde desenvolve pesquisas sobre turismo, estética arquitetônica e valorização imobiliária. Atua na área de planejamento e desenvolvimento de projetos turísticos e hoteleiros há 15 anos.

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