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architectourism ISSN 1982-9930

Mar da Galiléia, Israel. Foto Victor Hugo Mori

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As imagens trêmulas e desfocadas do passado – produzidas por aparelhos toscos – nos apresentam uma surpreendente surpresa: a passagem inexorável do tempo...


how to quote

GUERRA, Abilio; GUERRA, Helena. Memórias de um celular. Arquiteturismo, São Paulo, ano 05, n. 054.08, Vitruvius, ago. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.054/4041>.


“O futuro não é um tempo longo, porque ele não existe: o futuro longo é apenas a longa expectação do futuro. Nem é longo o tempo passado porque não existe, mas o pretérito longo outra coisa não é senão a longa lembrança do passado”.
Santo Agostinho, “O tempo e o espírito”, Confissões XI

O presente é uma ilusão da consciência, que se ampara na tensão entre a prospecção do futuro e a memória do passado, nos ensina Santo Agostinho. Nos milênios onde a experiência humana era fundada na árdua vivência rotineira, as lembranças que se cristalizavam resultavam da fusão de fatos extraordinários excepcionais e ocorrências corriqueiras cotidianas registradas pela retina e retidas pela memória humana. A expectativa de futuro oriunda desta experiência de vida oscilava entre os extremos da angústia diante do tempo que consome todas as coisas e a esperança de um tempo paradisíaco onde a fruição do tempo estaria suspensa.

No mundo contemporâneo, a rarefação da experiência não nos permite mais distinguir com clareza entre a banalidade e a excepcionalidade, que se tornaram intercambiáveis. A multiplicidade infinita de imagens incessantemente produzidas por equipamentos digitais – máquinas fotográficas, câmeras de vídeos, celulares etc. –, ao não dependerem mais da capacidade humana de registrar e perpetuar, embotam a consciência e borram a fixação de uma memória estável do vivido. Se a montagem cinematográfica tradicional, com suas câmeras fixas a partir de pontos de vista transcendentes, obliterava o ato de filmar em prol de uma objetividade da evolução do enredo, a profusão contemporânea de imagens “amadoras” nos coloca de forma crua e cruel diante do sujeito – o “documentarista” – e do objeto – a fruição irrecorrível do tempo. Com isso, as imagens trêmulas e desfocadas do passado – produzidas por aparelhos toscos – nos apresentam uma surpreendente surpresa: ao invés de nos emocionarmos com imagens que fixaram as ricas experiências passadas, ficamos desamparados com o retorno de uma verdade recalcada: a passagem inexorável do tempo.

sobre a autora

Helena Guerra é estudante de cinema na FAAP.


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054.08 eu estive lá!
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