El Alto é a cidade mais alta do mundo, com 700.000 habitantes que vivem a mais de 4.000 metros de altura, no frio e inóspito altiplano boliviano. Apesar de sua importância demográfica, continua desconhecida após meio século de seu nascimento espontâneo, quatro décadas depois de ser batizada como “Cidade Satélite” de La Paz e após 14 anos desde a oficialização de sua condição de cidade autônoma. Curiosamente, os alteños não figuram na maior parte dos mapas e apenas merecem um ou outro comentário tangencial na bibliografia (1). Apesar disso, nada impede que El Alto vá estabelecendo sua própria realidade urbana e arquitetônica, marcando diferenças com sua cidade mãe: La Paz, sede do governo boliviano.
O velho assentamento informal, com pouco mais de 10.000 habitantes em 1950, se consolidou graças às urbanizações construídas pelo CONAVI a partir de 1964. Os bairros para trabalhadores, próximos ao Aeroporto Internacional e às rodovias de La Paz a Oruro, Guaqui e Tiawanaku, motivaram o desenvolvimento da atividade comercial e industrial que começou a caracterizar a zona na década seguinte (2). Em 1976, a povoação do então maior bairro de La Paz era de 95.000 habitantes (3). O colapso da economia minera em 1985, com o subseqüente processo migratório que gera as cidades e o estabelecimento da nova política econômica contribuíram para o crescimento demográfico explosivo e para a consolidação de El Alto como assentamento urbano fundamentalmente aymara (4).
No final dos anos 80, a urbe alteña havia estabelecido diferenças notáveis em relação à sede de governo nos níveis social, étnico e econômico (5). Assim, enquanto La Paz se via como cidade de brancos e mestiços, tradição burocrática e arquitetura de inspiração internacional, El Alto era reconhecida como cidade indígena, com povoação de origem campesina e mineira, de comércio informal e arquitetura precária (6). Esse marco da diferenciação sócio-cultural, junto à nova escala demográfica do bairro, aliada à insatisfação crônica das aspirações alteñas, terminou gerando uma espécie de enfrentamento entre os dois centros urbanos, conflito ainda vigente. Por isso, a autonomia de El Alto era inevitável e, além de tudo, necessária. Assim, quando em setembro de 1988 obteve sua autonomia, El Alto nasceu como a quarta cidade mais populosa da Bolívia e com o mais elevado índice de crescimento demográfico (9,1% anual) (7). Ao iniciar o século, El Alto continua sendo uma das que mais cresce no país, junto com as cidades de Santa Cruz, Cochabamba e Cobija.
Atualmente, El Alto apresenta uma complexidade socioeconômica que vai muito além dos estereótipos mencionados previamente, mas em geral se pode reconhecer que por uma questão de sobrevivência, os alteños que não trabalham nas indústrias ou nas oficinas, empresas e habitações de La Paz, sobrevivem fundamentalmente do comércio informal, da produção artesanal, dos serviços e da indústria de porte médio (8).
Em termos sociais, El Alto tem uma vida similar às demais cidades bolivianas. Sem dúvida, por sua maioria indígena, o conflito entre o global e o atávico, entre o universal e o regional, parece ser mais intenso e dramático. Os jovens alteños alternam suas preferências entre o rock, a cumbia e a saya (9), entre artistas estrangeiros e nacionais. Os fenômenos de aculturação e adaptação alcançam uma dimensão particular, onde “os desejos de branquear-se culturalmente coexistem com desejos equivalentes de auto-afirmação e busca do autêntico. É a diversidade na diversidade”, mas em nenhum caso supõe um abandono da cultura aymara, pois esta condiciona fortemente as relações sociais urbanas fundamentais (10).
Cansados de promessas não cumpridas, os alteños não confiam no apoio estatal, como não confiaram anteriormente no apoio municipal de La Paz. Não é de estranhar, portanto, que boa parte deles prefiram enviar seus filhos para colégios privados e que tenham exigido sua própria universidade, recusando energicamente as ofertas – muito tardias, por certo – da universidade pública de La Paz. Uma vez mais se demonstra que a negligência tem seu preço e a paciência, seus limites. Firmemente, os alteños optaram por exercer pressão junto às autoridades governamentais através de diferentes mecanismos (passeatas, bloqueios, greves, invasão de oficinas, etc.) por causa das “... necessidades insatisfeitas, (d)a marginalização e (d)a exclusão social que sofrem...” (11)
Urbanismo
A metrópole do altiplano possui mais de 400 bairros, distribuídos em 7 distritos que caracterizam três grandes zonas: norte, central e sul. A zona central é a mais antiga e, portanto, se encontra mais consolidada arquitetônica e urbanisticamente, e nela se concentra a administração pública, comércio atacado e serviços. A zona norte é habitada por camponeses, agora convertidos em artesãos e comerciantes, e na zona sul, onde se encontra o setor industrial, prevalecem os mineiros realocados e camponeses provenientes de Oruro e Potosí (12).
De um ponto de vista rigoroso, é evidente que El Alto só é compreensível a partir de sua condição histórica da sede de governo e suas características topográficas. A esse respeito, Carlos Villagómez diz que “este crescimento [de La Paz] em diferentes fases de apropriação do espaço, conforma um conglomerado edilício que termina por saturar as áreas remanescentes da baixada e se prolonga até o altiplano alteño e os vales do Rio Abajo”. Por outro lado, Carlos Mesa observa que “nenhum conglomerado no mundo foi forçado a estender-se numa diferença de altitude de 900 metros. Dos 4.100 metros. de El Alto ... até os 3.200 do Valle de Aranjuez...” (13) Sem dúvida, a “origem paceña” de El Alto não impediu que a urbe altiplânica se divorciasse social, cultural, étnica, arquitetônica e urbanisticamente da cidade materna.
Além das diferenças sociais e da vocação econômica, o entorno físico alteño se construiu de maneira radicalmente distinta ao que acontece em La Paz, devido às fortes diferenças topográficas entre ambos os centros urbanos. Enquanto os paceños buscam com afã e como adaptar-se às limitações de seus vales, quebradas e ladeiras, os alteños tem a imensa planície do Altiplano a sua disposição. Enquanto uns se enraízam e se superpõem incomodamente, os outros se expandem livre e generosamente. Esta diferença por si só marca distintos caminhos no urbanismo e na arquitetura, além das diferenças culturais. Desta maneira, urbanisticamente, La Paz se dobrava em sua espinha central hipersaturada enquanto El Alto abria suas avenidas em todas direções. Enquanto as artérias de uma se bloqueiam e provocam sérios congestionamentos, o tráfego da outra flui sem obstáculos. Numa prevalecem as edificações de vários pisos e na outra a maior parte das edificações são térreas. Numa sempre falta terreno, na outra parece que sobra.
Mesmo que comece o terceiro milênio como uma das maiores cidades bolivianas, El Alto carece da maior parte da infraestrutura urbana necessária a seu porte e seus habitantes estão obrigados a resolver seus problemas por sua própria conta. Ao contrário de suas pares mais antigas (La Paz, Santa Cruz, Cochabamba e Oruro), a cidade não poderá beneficiar-se das obras públicas financiadas pelo Estado, como normalmente aconteceu antes de 1985, tendo que se limitar a investir o que lhe corresponde proporcionalmente nas participações tributária e popular (14). Neste novo contexto de investimentos públicos, é evidente a desvantagem dos moradores de El Alto, e por conseguinte, compreensíveis suas reclamações (15). Além da insuficiência de recursos financeiros, são evidentes a incapacidade técnica e a corrupção, institucionalizada ali como em todo o país.
Para muitos bolivianos El Alto é sinônimo das rodovias 6 de Marzo (La Paz-Oruro) e Juan Pablo II (La Paz-Tiawanaku) e do Aeroporto Internacional de mesmo nome. Compreensível, afinal a cidade cresceu e se estruturou no entorno do grande terreno ocupado pelo aeroporto e pelas rodovias mencionadas; existe hoje uma vasta rede de grandes estradas que penetram no altiplano como um gigantesco leque, conformando uma trama irregular de crescimento espontâneo muitas vezes baseado em loteamentos ilegais, caracterizado por uma baixa densidade populacional e edilícia, que só adquire certo nível de concentração nos limites das avenidas e nas praças dos sub-centros.
A carência de obras públicas, a escala das demandas sociais e o sentido de oportunidade têm sido devidamente aproveitados pela sociedade civil. O setor privado e as ONGs suprem, na medida de suas possibilidades, as urgentes necessidades da população majoritariamente pobre da cidade. Neste sentido, graças ao carisma e entusiasmo de personagens como o pároco Sebastián Obermaier, e a fundos internacionais, a Igreja Católica e centenas de ONGs, está em curso uma significativa quantidade de obras no âmbito da educação, da saúde e da recreação. É conhecido o Plano de Desenvolvimento Municipal de Obermaier, que contempla a construção de dois anéis viários e uma avenida Panorâmica de 11 quilômetros de extensão, que parte da Ceja e vai até a zona norte. Há quem propõe até três anéis, seguramente inspirados no modelo urbano cruceño (16).
A intensa atividade comercial e social que caracteriza os sub-centros alteños e que os distingue do resto da mesma cidade, demonstra categoricamente o grau de independência urbana em relação a La Paz. A Feira da Vila 16 de Julio atrai comerciantes de todo o altiplano paceño; e a praça da Vila Adela, com seu mercado, seus edifícios comerciais, seus institutos de computação e seus pontos da ENTEL, apresenta o mesmo grau de urbanidade que a Pérez Velasco de La Paz. As avenidas conectoras, que atravessam toda El Alto, estão pavimentadas e contam com comércio e serviços tão expressivos como os das avenidas radiais de Santa Cruz. Mesmo que os canteiros centrais de várias destas avenidas não poderiam competir com os jardins centrais do Prado de Cochabamba, ao menos se equivalem pela intenção. Da mesma maneira, nos bairros residenciais mais antigos de El Alto é possível encontrar jardins e árvores bem cuidados, assim como casas tipo chalet, apropriadamente rebocadas, pintadas e decoradas interiormente.
O crescimento da mancha urbana se fundamenta em loteamentos forçados (invasões) e loteamentos espontâneos, geralmente ilegais, sem infraestrutura de serviços básicos nem equipamento comunitário. Junto às baixas densidades demográficas, a mancha urbana adquire dimensões tão grandes que encarece cada vez mais os custos de implementação das infraestruturas e serviços faltantes. Quanto mais crescem as cidades, maiores as distâncias e os custos, e menores as possibilidades das carências serem resolvidas.
Arquitetura
Como na maior parte das cidades novas, os alteños não estão condicionados por um passado arquitetônico referencial e por isso seus esforços na construção de seu entorno urbano, apresentam duas facetas: ou um alto grau de pragmatismo utilitarista, ou um expressionismo experimental agressivo. Naturalmente, a primeira atitude predomina na maior parte da cidade e a segunda se limita a exercitações individuais.
O pragmatismo alteño apresenta algumas características comuns e, em geral, as zonas mais antigas apresentam um grau de consolidação maior que as mais recentes. Groseramente, é possível reconhecer um processo de consolidação baseado na expressividade dos materiais. Nos bairros recentemente instalados predomina o adobe, nos menos antigos apresentam um predomínio do tijolo cerâmico sem reboque e nas zonas consolidadas os muros estão rebocados, pintados e também revestidos com cerâmica. Os tetos começam de palha, seguem com telhas de zinco, e terminam com telhas de fibrocimento ou lajes de concreto armado.
Sem dúvida, é possível reconhecer superposições tecnológicas por toda a cidade. Em muitas edificações o cimento coexiste com o adobe. Dentro da estrutura de concreto armado, se levantam muros de tijolo cerâmico. Nos setores comerciais mais consolidados é notório o uso de revestimentos cerâmicos nos muros, particularmente no nível térreo. Em quase todos os bairros o adobe é aproveitado como fechamento de grandes superfícies de terreno e, em muitos casos, as peças de adobe, são construídas pelo mesmo proprietário.
Em geral, a arquitetura comercial e institucional da metrópole mais alta do mundo se apega à tradição moderna nacional, incluindo as intencionalidades pós-modernas que incorporam o autóctone. As volumetrias respondem à intencionalidade racionalista, sustentada pelas preocupações utilitaristas, focalizadas no aproveitamento máximo do terreno e economia extrema nos materiais. É possível reconhecer algumas características que podem ser qualificadas como alteñas, particularmente na expressividade formal dos materiais de construção, fortemente vinculada à atitude utilitarista que parece caracterizar os habitantes da cidade.
A atitude expressionista se manifesta no uso da policromia em alguns edifícios comerciais e em certas casas. Mas a manifestação mais clara desta atitude própria de quem busca demarcar sua individualidade, se encontra nas dezenas de novos templos com seus respectivos campanários que se destacam com sua potência vertical e exótica liberdade formal. Obermaier é acusado de intervir abusivamente no habitat altiplânico com campanários que interpretam arbitrariamente a tradição germânica e bizantina, articulando-a de forma rudimentar com arremedos do barroco mestiço, numa paradoxal repetição das críticas ferozes que recebeu Hans Roth ao iniciar em 1974 seu trabalho em Chiquitos.
Os questionamentos mais comuns sobre estas obras indicam que “poderiam ter sido construídos campanários melhores” e não “simples reproduções de arquiteturas estrangeiras”, “de mau gosto e detalhes infames”, mas estes perdem consistência quando torna-se impossível encontrar campanários caracteristicamente aymaras ou altiplânicos construídos depois de 1800. Os templos republicanos de nossas cidades possuem torres evidentemente inspiradas (copiadas em muitos casos) de tratados europeus. Sob tal perspectiva, as críticas adquirem inevitavelmente o tom de queixa corporativa pela oportunidade perdida ou, quem sabe, pela incapacidade reiterada de levar adiante – e financiar – nossos próprios projetos de intervenção comunitária, ficando a mercê da boa vontade, e por conseguinte, dos caprichos de quem pode fazê-lo.
Contudo, e deixando de lado as frustrações corporativas, é possível reconhecer no trabalho de Obermaier uma nova mestiçagem arquitetônica, inspirada nas tradições locais e nas dele mesmo, reproduzindo a sua maneira o espírito do barroco mestiço do Século XVIII. Só assim se pode compreender que o monumental conjunto paroquial da Virgem da Candelária, em Collpani, reproduz os arcos de triunfo e átrios cercados de almeias da arquitetura vice-real; que no Senhor da Exaltação do bairro Paraíso, dois condores protegem o ingresso, que uma portada que imita o barroco mestiço dá ingresso à planta em cruz latina da Virgem do Rosário e que as cúpulas em forma de cebola de corte bizantino, douradas e prateadas, se assentem sobre corpos de tijolo à vista e mísulas coloniais.
Não se pode negar que os campanários matizam a monotonia da paisagem urbana, além de converterem-se em pontos de referência obrigatórios para toda a cidade. De fato, este autor não teria sentido curiosidade por conhecer El Alto se a imaginação kitsch do polêmico pároco não fosse tão desbordante e monumental. Se o patrimônio da Chiquitanía foi resgatado pela agressividade de Roth e posta no mapa de novo, as caricaturas germânico-aymaras obermaierianas talvez contribuam para que El Alto exista para os bolivianos para além do “Aeroporto Internacional mais alto do mundo”.
A vontade megalômana de Obermaier alimenta a necessidade andina de restituir aquelas referências monumentais pré-colombinas, reintroduzidas habilmente pelos espanhóis com seus campanários renascentistas e barrocos. Os policromáticos campanários de El Alto gozam daquela monumentalidade que Briam B. Taylor reclamou para os centros comunitários de Miguel Angel Roca, carentes de escala cívica e, portanto, incapazes de adquirir o status de fatos urbanos (17). A claridade referencial das torres mestiças alteñas, puntuadoras do espaço altiplânico, não poderiam satisfazer melhor a necessidade atávica que construiu akapanas e chullpas durante milênios. Não se estranha então que, à margem das considerações acadêmicas e corporativas questionadoras, os habitantes de El Alto se identifiquem com elas. São, ao mesmo tempo e paradoxalmente, uma continuidade e uma ruptura.
Conclusões
Tudo indica que, ao começar o milênio, a autonomia alteña, mais que um documento formal, trata-se de uma realidade contundente. Finalmente, El Alto alcançou a escala urbana crítica necessária para desvincular-se urbanística e arquitetonicamente de sus cidade materna, e seu desenvolvimento já adquiriu dimensões e problemáticas particulares. Fica claro que a relação da cidade de El Alto com La Paz deixou para trás a histórica unidirecionalidade originária e que hoje, alteños e paceños, com suas similitudes e diferenças, devem construir um destino comum, no marco da complementaridade inevitável entre duas cidades interdependentes.
Em termos urbanísticos, é possível que o maior desafio dos alteños para o novo milênio seja o evitar o quanto antes possível a continuidade do modelo de crescimento físico de baixas densidades que caracteriza sua cidade. A respeito, é necessário advertir que as aspirações, legítimas por certo, de contar com mais habitantes para conseguir maior participação nos recursos estatais, podem distorcer as estratégias municipais e o enfoque do crescimento urbanístico, e determinar a inviabilidade estrutural da cidade no futuro mediato.
A pós-modernidade arquitetônica, com seus duplos códigos formais de forte conteúdo simbólico, vem de encontro a uma nova capital altiplânica ativa na construção de justaposições e superposições formais e tecnológicas, que alimentam e enriquecem os imaginários coletivos enquanto satisfazem as necessidades imediatas. Desta maneira, a agressividade da estruturação do espaço urbano, marcado pela ilegalidade e os contrastes, junto às aspirações simbólicas e o utilitarismo exacerbado da arquitetura comercial, vêm construindo um habitat cuja mestiçagem arquitetônica só poderia entender-se no marco das contradições e conflitos da pós-modernidade e a globalização. Possivelmente o barroco pós-moderno alteño marque o Século XXI no altiplano boliviano.
notas
1
Verificar “a inexistência de El Alto” no folheto La Paz-Bolivia (La Paz: Prefectura de La Paz, 1997) onde se menciona a Tumupasa, Ixiamas e até UllaUlla mas não El Alto, ou o plano Guía Panorámica de Turismo: La Paz-Tiwanacu-Lago Titicaca de Victor Ascarrunz Guzmán. Somente no ano 2000 se publicou um plano urbano, que rapidamente se esgotou.
2
Sobre a fundação de CONAVI e sus primeiras urbanizações em El Alto, ver o artigo de Gustavo Knaudt e J. Carlos Araníbar: “Arquitectos en Tarea Oficial” em 100 Años de Arquitectura Paceña 1879-1970 (La Paz: Colegio de Arquitectos de La Paz, 1989), p. 298.
3
Seus 95.434 habitantes superavam a Potosí (77.233), Sucre (63.259), Tarija (39..087), Trinidade (27.583) e Cobija (3.649) em 1976. Ver em Godofredo Sandoval e Fernanda Sostres: La ciudad prometida (La Paz: ILDIS-SYSTEMA, 1989) e em INE: Censo Nacional de Población y Vivienda 1976 (La Paz: INE, 1977)
4
O crescimento demográfico mais significativo se produziu depois de 1985. De feito, entre esse ano e 1987, a cidade cresceu em mais de 130.000 habitantes. Ver Rossell, Pablo: Diagnóstico socioeconómico de El Alto: Distritos 5 y 6 (La Paz: CEDLA, 1999), p. 8.. A população indígena de El Alto para 1997 era de 65%, só menor à de Potosí (70%) e bastante maior à de La Paz (47%), segundo Xavier Albó: “Etnias y pueblos originarios” en Bolivia en el Siglo XX: la formación de la Bolivia Contemporánea (La Paz: Harvard Club de Bolivia, 1999), p. 453.
5
Si bem em 1997, El Alto poseía a metade (20.352) de funcionários públicos que a sede de governo (40.519), em contrapartida, a economía familiar, estrechamente vinculada à informalidad, tinha em ambas cidades as mesmas cifras (119.797 e 118.898, respectivamente), o que proporcionalmente implica que os alteños duplicavam a os paceños em quanto a vocação de independência econômica. Com quase o doble de poblação, La Paz contava com uma povoação ativa de 304.083, enquanto que El Alto tinha 203.617, é decir, 50.000 mais do proporcionalmente esperado. Datos do INE em La Paz: 450 años (1548-1998) (La Paz: HAM, 1998) Tomo II, p. 297.
6
A respeito ver a Enciclopedia de Bolivia (Barcelona: Océano, 1998), p. 301-302.
7
Instituto Nacional de Estadística. Censo de Población y Vivienda 1992 (La Paz: INE, 1993) e os dados preliminares do Censo Nacional de População e Habitação de 5 de setembro de 2001. Se mantiver seu ritmo de crescimento, em fevereiro do ano 2007 El Alto se igualaria a La Paz em número de habitantes.
8
Rossell, op. cit. p. 7.
9
A “saya” é um ritmo e baile mestiço muito popular, que mescla a tradição negra com a altiplânica.
10
Ver o Prólogo de Rafael Archondo e o texto de Guaygua, Germán; Riveros, Angela e Quisbert, Máximo: Ser Joven en El Alto: rupturas y continuidades en la tradición cultural (La Paz: PIEB, 2000) p. 10-11 y p. 40-44.
11
Rossell, op. cit. p. 20.
12
Rossell, op. cit. p. 7.
13
Citações textuais dos artigos de Carlos Villagómez: “La experiencia urbana en Bolivia” en Encuentro Nro. 10 (La Paz: Julio, 1995) p. 72; y de Carlos Mesa Gisbert: “La Paz: la ciudad descolgada de los Andes” en La Paz: 450 años ... op. cit. Tomo I, p. 107.
14
Somente 6% de suas ruas apresenta algum tipo de pavimento e só 34% dos habitantes tem acesso a todos os serviços básicos. Há sérios problemas de contaminação em Vila Ingenio e outras zonas e os índices de criminalidade parecem ser mais elevados do que em outras cidades. Ver o documento Foro Urbano Ciudad de El Alto: por una ciudad para la vida, segura y equitativa (La Paz: diciembre de 1999). p. 35 y ss. y en Rossell, op. cit. p. 11.
15
Os alteños apresentam índices de acesso a os serviços básicos (principalmente água potável e alcantarillado sanitário) muito inferiores a os das outras grandes cidades do país (Santa Cruz, La Paz e Cochabamba). Ver Instituto Nacional de Estadística: Anuario Estadístico 1999 (La Paz: INE, Julio 2000), quadro 3.02.08, p. 144-45.
16
Foro Urbano... op. cit. p. 35 e 49.
17
Ver TAYLOR, Brian Brace. “Portfolio: on the slopes of La Paz”, In Progressive Architecture. Abr., 1993, p. 92-95. Taylor diz que os centros comunais “não se assemelham em nada monumentais quando alguém se aproxima deles”, ao contrário do que os desenhos de Miguel Angel Roca sugerem.
sobre o autor
Victor Hugo Limpias Ortiz é arquiteto, mestre em Arquitetura, professor de "Arquitetura Boliviana" e "Arquitetura Contemporânea", diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Privada de Santa Cruz de la Sierra, UPSA.