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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Edifício moderno realizado em Havana é o orgulho da arquitetura e da engenharia cubana

english
A modern building in Havana is the pride of Cuban architecture and engineering

español
Un edificio moderno en la Habana es el orgullo de la arquitectura y ingeniería cubanas


how to quote

TORAYA, Juan de las Cuevas. Edificio FOCSA. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 024.05, Vitruvius, maio 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/783/pt>.

A idéia inicial foi a de construir moradias para os empregados da Cadeia de Rádio e Televisão CMQ, e para esse fim o primeiro local que se selecionou foi na repartição chamada Arroyo Arenas, que foi abandonado devido à distância do lugar. Em seu lugar foi escolhida a quadra situada entre as ruas 17, 19, M e N, na repartição El Vedado, a 200 metros do Radiocentro, sede dos estúdios da CMQ, e quase em frente ao famoso Dique havaneiro, na cidade de Havana (2).

O custo dos 10 mil m² da quadra construída foi de 700 mil pesos e se decidiu que o terreno deveria custar 10% do total investido no conjunto e foi determinado que para amortizá-lo seria necessário construir 400 apartamentos. O organismo Fomento de Hipotecas Asseguradas (FHA) financiou 80% do custo dos apartamentos e 60% dos pontos comerciais. Como foi considerado mínimo o risco por existir 400 mutuários (3) o Banco Continental Cubano concedeu um crédito de 6 milhões de pesos.

As plantas tipo tinham 13 apartamentos, 5 de três quartos e um quarto auxiliar e 8 de dois quartos com quarto auxiliar.

O custo básico dos apartamentos era de 21.500 para os primeiros e 17.500 para os mais pequenos. Se estipulou que por cada piso que se subia, eram cobrados 30 pesos adicionais, e sem dúvida os mais altos foram os primeiros que foram vendidos.

Para um investimento de tal magnitude foram necessárias pesquisas especiais, que incluíram desde entrevistas socioeconômicas na zona de influência do edifício até consultas com médicos especialistas sobre os efeitos que os inquilinos poderiam sofrer com as vibrações e oscilações do edifício.

Em contradição com as opiniões dominantes nos Estados Unidos, onde eram considerados antieconômicos os edifícios com estruturas de concreto armado além de 18 andares, no final se conseguiu nos pisos baixos uma economia de 5% sobre o previsto e nos mais altos cerca de 18%.

A grande organização da obra permitiu construir o edifício em 28 meses, com início em fevereiro de 1954 e término em junho de 1956, com o seguinte organograma de obra:

  • 1º andar: 14 dias de 12 horas, total de 168 horas
  • 2º andar: 12 dias de 12 horas, total de 144 horas
  • 3º andar: 10 dias de 10 horas, total de 100 horas
  • 4º a 15º andares: 7 dias de 10 horas, total de 70 horas
  • 15º a 30º andares: 5½ dias de 10 horas, total de 55 horas.

 

O edifício tem no total 30 andares de apartamentos e 9 de usos múltiplos, que deram ao edifício uma altura total de 121 metros sobre a rua, sendo naquele momento o segundo edifício de concreto armado mais alto do mundo (4).

A estrutura de concreto armado realizada com paredes de muros contínuos, que vão desde as fundações até o coroamento, foi calculado magistralmente pelos engenheiros e é facilmente identificada nas suas faces externas. A oposição entre os vãos das janelas e os vazios dos terraços, acentuada pela marcação horizontal dos peitoris, forma uma composição agradável, como se fosse uma enorme tela escocesa iluminada na noite, resultando numa poderosa atração de Havana, já que é uma das principais presenças urbanas que, ao chegar da tarde pelo lado do mar, se impõe aos moradores e visitantes.

Um sistema de corredores, localizados no fundo do edifício, separa a entrada de empregados e vendedores da entrada dos moradores. Vários apartamentos foram decorados pelas principais firmas especializadas e pelos mais destacados designers de móveis de Havana, resultando num colorido pleno de harmonia que aumentava a qualidade da composição. Também seus banheiros coloridos e os detalhes de bom gosto que previram os arquitetos para as cozinhas, realçavam o acabamento cuidadoso que se observava em cada um dos elementos.

Algumas curiosidades técnicas do processo construtivo:

  • Os calculistas Sáenz, Cancio e Martín, realizaram as análises do subsolo, fizeram brocas, estudos geológicos, poços, provas de compressão e de carga direta no terreno. O solo era de calcário, areias consolidadas e terra salina, com fraturas visíveis.
  • Foi construída uma maquete em escala de 1:100 e se testaram nela os efeitos das cargas verticais e horizontais exercidas pelo vento.
  • Foi construída uma grande cisterna de 300 mil galões de água, que recebe água de um cano de 8” de capacidade.
  • Para a energia elétrica foi solicitado à Empresa Elétrica um sistema de distribuição vertical de 13.200 volts, com câmaras de transformadores em três níveis, o que permitiu considerar o edifício como se fossem 3 com 10 pisos. Cada apartamento com cozinha e aquecedor elétrico, tem serviço de 110 e de 220 volts.
  • Foi instalada uma betoneira na obra, na área que depois foi ocupada pela piscina, por ser mais econômico e eliminar o transporte do concreto. A obra foi feita com concretos que não ultrapassavam os 420 kg/cm², exceto nos pórticos do piso térreo, onde foram usados concretos de 490 kg/cm². Foram consumidos no edifício 35 mil m³ de concreto.
  • Depois de realizar um estudo, foi comprada uma máquina da firma Rosa Cometa para produzir na obra os blocos de concreto.Para resolver os problemas de acústica, no enchimento dos pisos foi usada escória de carvão em pedra, com uma espessura de 7 cm.
  • As dimensões do edifício foram moduladas  para que fosse possível utilizar o mesmo tamanho de formas. Para isto, foram usadas caixas de madeira, construídas com tábuas de 2” x 6” e forradas com madeira compensada de 4 por 8 pés. Foram usadas escoras de madeira. As partes das formas em contato com o concreto foram pintadas para que não houvesse adesão, o que permitiu a utilização das caixões por mais de 30 vezes.
  • As instalações elétricas e hidráulicas foram realizadas independentes da estrutura, a canalização de esgoto foi colocada nos fossos, e os dutos foram instalados entre o teto falso de gesso e a laje.
  • O edifício conta com um quadro automático para 500 telefones, que permite 50 conversações simultâneas.
  • Foi instalado um sistema elétrico de emergência de 200 Kw. que mantém o serviço de elevadores, luzes em corredores, escadas, bombas de água, etc.
  • Foram instalados 120 Km de conduites plásticos para fiação elétrica e 300 Km de fios elétricos com isolamento termoplástico tipo TW.

Esta obra, orgulho da engenharia cubana, foi selecionada em fevereiro do ano de 1997, pela União Nacional de Arquitetos e Engenheiros da Construção de Cuba (UNAICC) como uma das Sete Maravilhas da Engenharia Civil Cubana. Foi projetada pelo arquiteto Ernesto Gómez Sampera e coube ao Engenheiro Bartolomé Bestard a organização da obra. O projeto elétrico foi do engenheiro Fernando Meneses, a solução sanitária do engenheiro Gustavo Becker e os cálculos estruturais foram realizados pela empresa dos engenheiros Sáenz, Cancio e Martín.

notas

1
FOCSA – Fomento de Construcciones e Obras Sociedad Anónima.

2
No original, Malecón habanero. Dique para defesa das águas. As ondas quebram ao largo do espigão do dique, uma das principais artérias da cidade de Havana. Se estende ao longo de 8 km, em paralelo à linha da costa. Além de sua beleza, a rodovia dispõe de seis pistas, permitindo que a circulação seja fluída.

3
Além disso, 20% dos compradores pagaram seus apartamentos à vista.

4
O Edifício Martinelli, o primeiro edifício de formigão, é em São Paulo, Brasil, com 144 metros.

sobre o autor

Juan de las Cuevas Toraya é historiador da construção em Cuba e também especializado em materiais de construção

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024.05
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